25/06/2013

Sentir ausências não é estar só. Não é ter falta de pessoas ao seu redor. É mais que isso. E menos também. Sentir ausências tem relação direta com perdas.

Pessoas passam por nós e isso é normal e corriqueiro. De vez em quando alguma fica. Fica e finca raízes, às vezes profundas. E quando partem deixam a marca, um espaço, um buraco. É a falta. É a ausência.

Umas partem por opção, e você sofre por ter investido, acreditado. Outras partem por falta de opção. Aí o sofrimento fica inconformado. E assim você vai vivendo, entre perdas e alguns poucos ganhos.

Quando se perde alguém para a morte, há a dor e o luto. E nada pode ser feito, portanto, nada de esperanças. Só a dor do buraco das raízes que um dia estiveram ali, sólidas. Mas quando se perde alguém para a vida e em vida... não há luto. Há revolta, raiva, rancor, mágoa, tristeza, arrependimento, e mais uma infinidade de sentimentos que se confundem e se misturam.

Hoje não sei exatamente quais sentimentos me tomam e em quais intensidades. Alguns me domam, como a carência misturada com a ausência. Quem dará conta de mim agora? Quem me ajudará a ser eu mesma quando escorregar do caminho sem perceber? Quem me dará um colo? Quero dormir, mas dormir muito. Talvez por dias e acordar com os fatos já diferentes. Quero atenção e quero que me esqueçam. Quero abraços mas também quero um tapa. Quero sentir. Quero me sentir. Sinto frio...

Leca Castro - 25/06/13

20/06/2013


Tudo me dói, amiga... tudo. A cabeça fica latejando, sem parar. Não sei se é por ainda não ter trocado as lentes dos óculos (deve ser), mas pode ser também por pensar demais. Eu sei que falo muito, mas você sabe que penso muito mais do que falo, mesmo às vezes falando sem pensar. Parece contraditório mas você me entende, não é? É a única que sabe que quanto mais eu me expresso e falo, mais estou deixando de dizer. E eu não sei mudar isso. Quer dizer... eu não sabia. Você me ensinou um jeito. Você se disponibilizou pra mim de tal forma que, pensar alto com você se tornou fácil. E isso é ótimo porque assim posso ir colocando minhas confusões no pensamento em ordem. Mas minha cabeça dói e acho que é por já fazer muito tempo que não penso alto. Mas como eu poderia, amiga? Eu não consegui ser egoísta e deixar de lado tudo que tem passado nos últimos meses. Eu não consegui me expor mais... E o único motivo foi querendo te poupar. E eu te disse isso, não disse? Você me xingou e tivemos uma discussão. E minha cabeça continua a doer...

Eu também tenho dor nas costas e nos ombros. Podem ser as hérnias... ou a sacroileíte. Minha anja diz que o lipoma e o cisto que tirei são apenas reflexos físicos dos pesos que ando carregando e que me recuso a dividir. Mas você sabe que não é isso. Você sabe que são coisas que não tenho como dividir. Eu só conseguia fazer isso com você. Das outras vezes que tentei, só consegui receber descaso, desprezo e nãos. E acho que fiquei tão frágil que ao menor indício de mais uma dessas negativas, eu já me sinto bamba e indo ao chão. Então não, amiga... deixa que eu continuo levando os pesos.

Também tem o abdomen. Ele dói, e às vezes acho que é pra me lembrar que não posso me descuidar. De outras vezes é pra me sinalizar que tem algo errado e devo buscar ajuda. O pouco que me resta por dentro me avisa: "ei, estamos aqui ainda!" 

E você passou por tantas dores nos últimos tempos, e sentiu cada uma delas em silêncio, sem que ninguém percebesse. Eu sabia que elas eram fortes, pelo menos tecnicamente. Mas nem comigo você quis dividir essa parte, só me contava depois dos sufocos. Você é forte e sei que (quando eu digo que sei, é porque sei mesmo) está tendo apoio do ser que mais amou nesse mundo de cá e que continuou a amar daí. Você tem aparo, amiga. Você, finalmente, está bem. 

Nós, que aqui ficamos, é que não estamos. E aí é a parte onde me sinto egoísta e mesquinha demais... por sentir sua ausência, por te querer perto, por não saber como te amar de longe. Me perdoa? Acho que desde sempre você sabia da minha necessidade de você. E sua falta me dói, me aperta, me retorce. E eu choro. Sem parar.

Eu nunca consigo sentir minhas dores de forma plena, lembra que te disse isso uma vez? Sempre preciso me abafar pra cuidar da dor de outro alguém. E dessa vez não está sendo diferente... Talvez isso seja bom. Você mesma me disse que era Deus me dando a chance de sofrer menos e quando ajudamos o outro estamos nos ajudando. Mas eu queria sentir a dor da sua falta, amiga. Eu queria sofrer até o último fio de cabelo. A impressão que tenho é que só quando eu conseguir fazer isso é que me livrarei do peso da sua perda. Eu não quero ser egoísta, mas estou sendo...

Eu sei que a gente continua juntas... sei que a gente se ama e esse amor nos unirá pra sempre. Sei que esse sofrimento meu vai passar e vai restar a dor. E sei que a doer vai fazer parte de mim. Mas vou escrever, vou chorar, vou lembrar, vou sorrir. E assim ela vai amenizando quando ficar forte demais. Você é a irmã que eu escolhi ter. E vou te trazer sempre comigo, bem dentro. 

Eu me arrependo de muitas coisas que te disse, e me arrependo também de outras tantas que deixei de te dizer. E não tenho vergonha disso, porque te dizer que estou arrependida é meu modo desesperado de te pedir perdão. E se eu não fizer isso agora, será mais um arrependimento acumulado. 

Você foi forte nos últimos dois anos e foi mais forte ainda nos últimos quatro meses. Te tenho como exemplo de força e fé. Agora preciso me reerguer porque não dá tempo de ficar lamentando a morte ainda em vida. E nem posso morrer em vida. Prometo cuidar dos seus, prometo cuidar de mim. E prometo cuidar de você, todos os dias, como sempre fiz. E sei que fará o mesmo por mim. 

Se cuida, amiga... me cuida. Fica com Deus. Te amo.

Leca Castro - 20/06/13

16/06/2013

O dia é seu. Apenas seu. Todo seu.

Você é uma criatura linda que a vida me trouxe. Te sinto como um presente. Um presente que se ajustou às minhas necessidades, carências e desejos. Porque você é uma pessoa especial. Ímpar. E a sua especialidade é ser você mesma.

Você usa máscaras,  como todo mundo. Vejo você vestindo a máscara com um sorriso, quando esconde sua dor pra aliviar a dor do outro. A máscara da seriedade profissional quando tudo que quer é sorrir por estar fazendo o que gosta. A máscara sem rugas quando esconde a dor no estômago pra não preocupar sua mãe. Suas máscaras são verdadeiras.

E por falar em verdade, você é verdadeira. Transparente. Não se esconde e se expõe quando acha necessário,  sem medo das opiniões alheias. Você se entrega. Se atira. Não tem medo de abismos. E quando tem, se atira assim mesmo se achar que deve. Porque você é maior que seu medo. Você sabe que tentar e cair é mais importante que não tentar.

Você personifica o amor. Você ama. Ama tanto que se anula. Ama tanto que seus atos são amor. Suas palavras são amor. Você exala amor.

Esse não é um texto longo mas um texto carregado. Cada frase tem um peso pra mim. Cada palavra eu puxei cá do fundo. Cada entrelinha tem meu amor por você.

Parabéns por mais um ano. Obrigada por mais um ano.

Leca Castro - 16/06/13

12/06/2013

Querer nem sempre é o problema, mas o que queremos e a forma que queremos sim. O mais complicado sempre foi o "saber desejar". Somos voluptuosos, vorazes e ávidos quando se trata da nossa vontade. Atropelamos a vontade do outro e nos sentimos no direito de satisfazer a nossa, sempre. Se ao menos soubéssemos o poder que nossa vontade tem... É ela que comanda nossos passos e ações. E sem ela ficamos reduzidos ao nosso instinto. Animalesco. Burlesco. Por isso tenho vontade de mudar, tenho vontade de crescer. E também por isso falta vontade de tentar, porque nada disso é fácil. E nessa dicotomia vou dormindo e acordando, mais acordando que dormindo. Mais uma noite se vai, mais um dia chega e mais uma vida foi escrita. Saber o que querer vai além de desejos, mas tem relação profunda com a vontade. Eu desejo, eu quero, eu tenho vontade. Apenas por hoje.

Leca Castro - 12/06/13
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