28/09/2022

 A efemeridade se mostra presente todas as vezes que revisitas acontecem em mim. Aquele momento importante, que tanto me machucou, que chorei por muito tempo, que fiquei ansiosa e agoniada... passou. E depois que passa fica a sensação de "nossa... será que não exacerbei aquele instante?". E nunca sei a resposta a essa pergunta.

Talvez viver intensamente cada momento seja um erro. Talvez não seja. E na dúvida, resolvo experimentar cada instante importante da forma mais natural possível e deixar a análise para depois. E isso é o processo de se conhecer, sabe? Você pensa e sente, depois você analisa como isso aconteceu por dentro. E sempre que novas situações aparecerem e esse processo se repetir, as reações vão ficando mais claras, até que algumas se tornam óbvias, e chega um instante em que você percebe que tal reação não condiz com o que acredita e confia ser o melhor. 

Então... nesse momento começa outro processo, o que você vai se auto-transformando, se lapidando. E você cresce. Se torna maior do que antes, com uma visão mais ampla do todo, num contexto maior que antes. E você enxerga melhor... e esse crescimento é conquista, ou seja, não se perde. É você. Essas transformações são os impulsos que precisamos pra continuar, pra permanecer. E não são efêmeras, são perenes.

Leca Castro - 28/09/22

27/09/2022

E me pergunto, várias vezes ao dia, já por vários dias, se revisitar algo tão antigo vale à pena. Porque não são apenas "lembranças" no pensamento, há a revisita de sentimentos também. E qual a consequência de despertar o que já dormia? Consigo arcar? Preciso?

A verdade é que, se desperta, é porque está vivo. É um passado meio Lázaro, que parecia morto e foi sepultado, mas que acorda, levanta, anda e ainda questiona. 

Quando aprendi a me perdoar, joguei fora e rasguei várias lembranças em forma de cartas, retratos, desenhos. Não foi um ato ilusório, achando que assim também descartaria meu passado, mas um ato bem consciente de que aquela energia impregnada em cada item também seria descartada. Era uma energia pesada, que me prendia em lembranças e não me deixava dar passos adiante. Guardei um pouco, bem pouco, o suficiente pra lembrar da importância daquela marca em mim, mas que ficou, não é mais. 

E vida que segue... Cada dia de cada vez, e alguma vida nos dias. Revitalizar sentimentos é reviver, voltar à vida, reviver. Dá um novo gás e desperta!

Leca Castro - 27/09/2022

24/09/2022

Ela voltou... A vontade de escrever voltou forte, mas dessa vez não é por dor, apenas... vontade mesmo. Como se algo preso quisesse sair, mas sem gritar, apenas sair e ser livre. Deixar o vento levar palavras e serem lidas por pessoas aleatórias. Palavras sem destino certo, sem intenções ou direções. Apenas palavras.

Os dias dirão se a vontade veio pra ficar e morar, ou se está apenas de passagem, visitando a mim, velha companheira de vida. Sem expectativas.

Enquanto isso, satisfaço a vontade... e escrevo.

Leca Castro - 24/09/22

23/09/2022




Eu até tentei... mas a vida não quis assim.

Tentei de várias formas, por várias vezes. Resisti, cheguei mesmo a me "agredir", mas a danada nos coloca onde temos que estar.

Então, eu celebro. Encontros e reencontros. Destino ou desatino? O tempo...

(É uma ironia, mas publico hoje e não tenho a data de quando foi escrito)


Palavras me derrubam. E quando estou no chão por causa delas é como se um caminhão de outras palavras fossem insuficientes para me levantar.

Palavras me ferem. E pra essa ferida, o único remédio é o tempo. E mesmo assim elas ainda doerão. Mas ficarão mais suportáveis.

Palavras destroem fortalezas que demorei a construir. Uma simples combinação delas em uma frase faz ruir toda a auto confiança que levei tempo considerável para estabelecer. É quando atinge a base de tudo.

Não preciso mais de palavras dizendo que tudo vai ficar bem, que as pessoas são assim mesmo, que a vida se encarrega de fazer justiça. Todo esse óbvio se esvaziou. E tudo que é vazio não preenche mais. E não tenho mais certeza de que as palavras certas virão um dia. Mas já estou cansada de depender apenas de mim. Das minhas palavras mentais. Da força que elas precisam exercer em mim. Estou cansada sim. E fraca. Tentando entender por onde minha força se esvaiu. Tentando aceitar que palavras, além das minhas, aparecerão. Tentando não levar meus dias iludida. Mas é triste. É triste ser sozinha quando se está rodeada de pessoas. É triste estar carente ao extremo. É triste ir se afundando nessa tristeza. E é triste precisar ser salva de si mesmo.  

Leca Castro - 11/01/13

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