21/08/2013

Hoje, pedi pra morrer.  

É assim sempre que sinto dor, quando percebo que essa dor não tem como dividir, nem aliviar.  Só posso passar por ela sozinha. E como falar de dor? Como fazer entender o sentir, a ardência, a angústia,  a falta de ar, o desgosto, e enfim, o desânimo? Falar não transmite a dor. Nem faz ela ser menor. E na escala de um a dez, quando chega a oito eu peço pra morrer.  

Quando remédios não resolvem, quando as preces são insanas, quando o choro virou vício, quando o desespero é a única companhia, eu peço pra morrer.  

Quando penso nas causas, quando penso nas consequências,  quando vejo minha culpa e prevejo meu futuro, eu peço pra morrer.  

Todo dia, eu morro um pouco. E todo dia eu renasço.  

Leca Castro - 21/08/13

15/08/2013

O encontro da subjetividade íntima que existe em mim, em cada um de nós, é algo que inicialmente assusta. Ao menos pra mim, que sempre fui mais objetiva em algumas questões, bastante prática em outras, e muito emocional no restante, ver que tenho um canto dentro de mim em que as minhas opiniões são só minhas e que a forma de encarar as adversidades da vida são peculiares em relação aos outros, me torna frágil. É como se, de repente, eu estivesse sozinha. E na verdade, estou. Por mais pessoas que possam existir ao meu redor, sempre estarei só aqui dentro. E sim, isso me assusta.

Gosto da solidão. Gosto de ficar a sós. Gosto de me isolar. Gosto do silêncio. Só assim consigo me ocupar com atividades que fazem esquecer, momentaneamente, a minha vida. Consigo ler, escrever, ver filmes, trabalhar. Com gente por perto faço tudo isso, mas não faço bem feito a ponto de me satisfazer.

Conviver dói... Relacionamentos me remetem ao que sou, à minha condição atual e tudo que abomino. Não que eu não me ame, não é isso, mas não gosto da fase atual da minha vida. Uma fase repleta de desafios e que coloca à tona o que de pior trago em mim. E esse desafio de aceitação do que me tornei e do que sou é desgastante demais pra mim. Essa luta diária vem me minando... não me sinto mais forte. Em comparação ao que já fui, me sinto fraca e uma fraude. Sim, uma fraude. Ninguém enxerga que saí da posição de alguém que serve de exemplo pra alguém que precisa de ajuda em campos diversos.

E não sei se deixar os outros perceberem isso é a melhor solução. A única coisa que realmente sei é que não vou suportar essa situação por muito mais tempo. Eu sinto isso. Algo precisa acontecer porque não falta muito pra que esse cordão se rompa. E aí a queda será inevitável.

Por isso a subjetividade assusta... é como esse texto que acabei de digitar. Subjetivo. Só eu mesma entendo o que quis dizer. Complexo. Como a vida...

Leca Castro - 15/08/13

12/08/2013


Hoje é seu aniversário, Sarah…

São 29 anos de uma vida pacata, de alegrias contidas, dores caladas, conquistas tímidas, amores vãos, altruísmo alto. Assim você viveu e ainda vive em mim e pra mim. 

Eu preciso muito ter esse momento egoísta e dizer a falta absurda que sinto de você. De nossas conversas diárias, de sua voz calma e firme, de seus argumentos ponderados, das suas palavras otimistas, do seu sorriso tímido. Isso tudo me traz equilíbrio pois contrasta com o que sou. 

Você sabe que meu conceito sobre morte nada tem a ver com a morte do corpo, e isso me mostra o quão viva você está pra mim. Mas sua ausência dói. Me faz encolher na cama, agarrar meus joelhos e voltar àquela posição de quando eu estava protegida dentro de minha mãe. Sua falta é tanta que meu choro não é suficiente. 

O que me acalma é a notícia de que está bem… é saber que nosso encontro é inevitável. E é nisso que me agarro. 

Que seu aniversário seja tranquilo e que você possa receber toda a paz e carinho que merece e precisa. Você é muito especial pra mim. Fique tranquila com os seus, eles estão tentando ficar de pé de forma bem corajosa. Converso todos os dias com pelo menos um deles. Vou cuidar deles como cuido de você, são minha família também. 

Se recupera logo e mantenha seu coração em paz. Te amo muito e tanto, que hoje não consigo escrever, mas tudo que sinto estou te enviando em forma de vibrações boas. Fica bem e se cuida.

Feliz aniversário, amiga… s2

Leca - 12/08/13

07/08/2013

Eu queria ser forte... Eu queria ao menos conseguir fingir que sou forte. Deixar algumas pessoas perceberem minhas fraquezas é ficar vulnerável. É achar que farão uso disso em momentos críticos, até que esse uso vire abuso. E no fim, o que sobra? Eu. E um vazio.  

E é esse vazio que me enfraquece. É saber que não existe alguém capaz de se doar a mim. Capaz de se anular por mim. Capaz de perceber o vazio e ter vontade de preenchê-lo.

E só dá pra saber que esse vazio existe porque um dia ele não existiu. Ele nunca me fez falta. Nunca foi companhia. E apesar de hoje ser ele que me acompanha, sua presença não me preenche. Porque ele é um vazio...  

Cada pessoa que entra ocupa um espaço, mas cada uma que sai deixa o espaço que ocupou mais um buraco. E é esse buraco que dói, que me faz cair, que me segura em seu leito. Se não é fácil levantar dele, quanto mais sair. E quando finalmente levanto pra tentar enxergar adiante, vejo mais buracos. Então me olho e vejo vazios imensos. Tantos vazios quanto as pessoas que já passaram.

E sei que cada um que hoje permanece, bem poucos, vão deixar buracos maiores. Eu já sinto a falta por antecipação. E não, não é pessimismo. É apenas experiência. Quem dera eu me surpreendesse... Mas faltam-me forças. Não sei mais como é ser forte. Não quero mais ser forte. Quero desabar. Quero ficar nos buracos em mim. Quero me soterrar.

Leca Castro - 07/08/13

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