Belas, não apenas pelas pérolas que produzem, mas pela esperteza de viverem fechadas para o mundo, as ostras só abrem suas conchas para se alimentarem. E só nesse momento é que algum elemento estranho pode entrar e ser coberto por uma camada de madrepérola, depositado pela ostra, como forma de defesa. E depois de três anos, temos uma pérola.
Assim sou eu e assim são muitas pessoas. Sou ostra. Vivo meus dias fechada e quando me permito absorver algum alimento que venha de fora de mim,o faço por necessidade.
Não sou concha, sou ostra. Vou alimentando meu ser aos poucos e, raramente, algo estranho me toca e destilo minha proteção. Quantas pérolas já produzi? Não sei dizer, mas sei que esse "algo" estranho que me penetra, dali não sai mais.
Coleciono grãos... sou fechada. Preciso ser fechada. O externo me dói e manter defesa sempre armada é cansativo. Por isso vivo apenas dentro. Se abro, é apenas para sobreviver.
Leca Castro - 15/04/2016