29/09/2012


Hoje não estou triste nem desesperançada. Pessimista nunca fui, apesar dos que me julgam acharem isso. Mas estou com preguiça. Daquelas preguiças bem mortais mesmo. Não apenas preguiça de fazer algo que haja dispêndio de esforço físico, mas também de esforço mental. Preguiça de pensar em tudo que já foi e do que pode vir a ser.

Não estou triste mas também não há alegria por aqui. Sou agradecida pelo muito que conquistei e também pelo que ultrapassou meu mérito. Mas isso não me torna uma pessoa alegre. Tá, eu finjo às vezes, mas por necessidade. Eu realmente não entendo o nível de carência das pessoas para que demonstrem tanta tristeza em suas vidas. Quantas vezes já perguntei: "Por que está triste? Aconteceu algo?" e ouvi como resposta: "Eu não sei o motivo, apenas estou triste e com vontade de chorar.". Foram inúmeras vezes. Se não existe um motivo aparente, não é melhor colocar um sorriso no rosto e deixar que pensem que você está bem? Ou ao menos formular uma resposta melhor? Ainda acredito que atraímos o que pensamos e verbalizamos. Demonstrar otimismo nunca é demais.

Retomo o assunto da preguiça. Não é só a preguiça mental que aportou hoje, mas também aquela que me desanima de sentir. Acho que, por sentir tanto, as forças se esvaem. E a falta de forças acarretam desânimo, que por sua vez, gera preguiça. Eu realmente não estou triste e sei que isso já é muito. Mas procuro por mais forças que me tirem dessa inércia de pensamentos e sentimentos. É como se ficasse esperando o tempo passar e ouvindo a voz do Raul dizendo que espera a morte chegar. Isso não me cabe. Espero mais da vida. Espero mais de mim.

Leca Castro - 30/09/12

Arrasto o dia como quem carrega toda uma vida nos ombros. Um peso de uma pedra gigante, que de tão grande, parece uma montanha. De problemas. O tempo não passa mais rápido, a hora do fim não chega e a pedra pesa cada vez mais. Os sonhos não são mais agradáveis quando são bons, remetem ao pós morte. De qualquer forma, eu transbordo. Eu amo, amo muito. Eu sinto, sinto muito. É tanta intensidade que é disso que tiro forças pra arrastar o dia. Carregar a pedra. Enquanto uns sentem de menos, eu sinto todas as dores do mundo, todas as dores de quem sente dor, as dores de quem chora, as dores de quem também não sabe sentir. Tudo isso aumenta a pedra.

Tem dias que arrastar não é suficiente. E caio. E digo que cair é muito pior que carregar a pedra. É pior porque preciso levantar pra continuar e pegar o peso. E erguer é mais complicado que sustentar. E a pedra pesa mais. Não há roupa que me estimule, não há falas que me alegrem, não há realidade que me convença. Gosto do mundo das máscaras, onde posso sorrir enquanto choro. Chorar é sorrir ao contrário. Engolir o choro é acumular lágrimas. Acumulando, a pedra pesa mais.

Tenho sede, mas a água não me sacia mais. Ela parece impura e sem gosto. Gosto do gosto da água. Toda água tem gosto quando bebida da fonte. E sacia a sede. Mas com uma pedra tão pesada, a sede aumenta. E não há poços. Há desertos. Ainda procuro o poço garantido pelo principezinho. E com sede a pedra pesa muito mais.

Já não arrasto mais os meus dias. Me arrasto com uma pedra gigante nas costas. Uma pedra que pesa. Uma vida que, de tão pesada, começa a me arrastar até um poço. Sem fundo.

Leca Castro - 29/09/12

28/09/2012



A falta de pessoas é definida por carência. Mas não sinto falta de pessoas comigo, sinto falta de sentimentos, de pensamentos comungados, de presenças. Sinto falta de palavras cheias, que enchem os ouvidos e olhos, e preenchem espaços e vazios. Sinto falta de olhos que sabem dizer e que sabem refletir. Sinto falta de mãos que sabem onde tocar e o momento certo da intensidade certa. Sinto falta da cumplicidade dos silêncios e dos silêncios após os gritos. Sinto falta dos passeios e viagens durante a contação dos sonhos (im)possíveis. Sinto falta do jeito certo de chamar à razão e da falta de jeito de levar à perdição. Sinto falta dos bons momentos compartilhados e dos momentos ruins poupados. Sinto falta dos sorrisos nas chegadas e dos choros nas partidas. Sinto falta de poder ser eu mesma, sem forçar esconderijos ou forjar desgastantes máscaras. Sinto falta de ouvir "sinto sua falta". Sinto falta de poucas pessoas e de muitas atitudes. Sinto muito.

"Se você se afastou de alguém, e esse alguém não correu atrás, saiba que você fez a escolha certa." (Renato Russo)

Leca Castro - 28/09/12

27/09/2012


Sinto falta de uma varanda em meu quarto.

Seria bom poder respirar o ar da noite com o corpo inteiro exposto a ela. Poder debruçar e olhar as pessoas que passam, ou os pássaros que procuram pouso, ou ainda apenas me sentir parte de tudo. Nos dias em que os braços pesam e as mãos parecem de chumbo apontando a cabeça para o chão, eu deitaria na varanda. E deixaria todo o corpo pesar na horizontal. Os pés apontariam pro céu e meus olhos só veriam estrelas. Onde mais eu poderia fazer isso? As janelas limitam a visão e meio céu não é mais o bastante. Quero o sereno acarinhando meu rosto e o orvalho me convidando a sonhar. E quando chovesse, eu estenderia minha mão e apanharia gotas da saudade dos tempos idos, onde tomar banho de chuva era permitido - quando escondido. Deixaria minha face se refrescar com os pingos e me permitiria chover junto.

Sinto falta de uma varanda em meu quarto. Janelas às vezes se tornam pequenas demais.

Leca Castro - 27/09/12

26/09/2012


Deixe estar. Dias chegam e dias vão. E sei que até da rotina dá pra se fazer coisas diferentes. Evitar o tédio. Então reclamar é meu direito mas não deveria ser minha opção. Se a vida não me traz acontecimentos novos, encontros marcantes, nem pessoas especiais, vou me virando com o que tenho. A mesmice pode um dia ir embora e meu corpo cansado vai implorar por ela novamente.

Meu quarto é o mesmo há anos, alguns móveis mudaram de lugar, mas o recheio ainda permanece. Os mesmos documentos guardados, os mesmos livros empilhados, as mesmas revistas amarelando, os mesmos remédios vencendo, as mesmas contas me aborrecendo, os mesmos vinis me sorrindo, os mesmos sapatos empoeirando. Colocar tudo isso em ordem de vez em quando faz o ar ficar rarefeito, faz a vida ganhar sentido e dá vontade de arrumar também por dentro.

Hoje será dia de faxina.

Leca Castro - 25/09/12

24/09/2012



Sensação do dia: ser diferente do resto da humanidade. Pode soar presunçoso, mas e quando não consigo encontrar alguém que pense e age como eu? Essa é a sensação, de ser sozinha no mundo. Claro que existem pessoas bem melhores que eu, não estou comparando nesse grau, apenas não encontro pessoas que me compreendam e me tratem da mesma forma que eu as trato. É cansativo se doar, se doar, se doar. E nada receber de forma espontânea. A alma cansa. E pesa. O peso é tanto que o dia se arrasta e a noite (ah, a noite...) acentua todo esse fardo. Olho pro negro do céu, vislumbro minha estrela preferida e faço o único desejo de encontrar nos meus dias alguém que me dê retorno. Alguém que demonstre preocupação, interesse. Alguém que entenda quando não é fácil e quando é fácil demais. Alguém que se deixe cuidar também. Alguém que esteja disposto a promover entregas. No meu mundo não há gente assim. Só vejo egoísmo, orgulho, vaidade. Preciso de seres mais humanos. Essas pessoas não existem e estou cansada de existir sozinha.

Leca Castro - 24/09/12
Não adianta tentar escrever sobre outra coisa se o sentimento que anda latejando por dentro é a perda. Uma necessidade absurda de esvaziar-me no papel, mas nada sai além disso. E continuo estarrecida com a facilidade que pessoas possuem em sair da vida da gente, como se não houvesse nenhuma responsabilidade nesse ato. Como se o que deixam para trás é algo que não diz mais respeito a elas. Como se quem fica para trás desse conta de processar tudo isso sozinha. Como se cativar fosse algo corriqueiro, banal e fácil de ser desfeito. Mas não é. Não funciona dessa forma. Talvez fosse melhor perder pessoas que aprendemos a amar para a morte, porque perder para a vida e em vida é sofrível demais. Gera um sentimento de incompetência, de incapacidade, de ter sido usada. Deixa um gosto estranho de que não foi engolida, que sua vida é desinteressante e que não possui conteúdo que valha a pena cultivar.

Mas me diz, que ser humano não é interessante e não possui algo de bom para oferecer? Será que o egoísmo é tão grande que a única coisa que importa é ir descartando pessoas pelo caminho? E as pessoas que foram descartadas, como ficam? Como eu fico? Fico aqui, sentindo que fui jogada para o cantinho do quarto e que ninguém nem vai reparar nisso. Que sou um detalhe no mundo todo e nos mundos das pessoas. Que não faço falta nem a diferença pra ninguém. Que sou um peso, mas que além de pesar, ainda sou um peso-morto.

Ninguém mais se preocupa em conviver e ir aparando arestas, sabem por quê? Dá muito trabalho. É desgastante. É mais fácil procurar pessoas com encaixes já prontos. Mas eu nunca estou pronta e acho magnifíca a convivência onde há atritos. E sim, desgastes são necessários e que burilam os lados ainda pontiagudos de cada um na relação. Não existe relação perfeita, não espere por isso. Entregue-se e aceite que uma relação exige construção, demanda tempo e possui dores. Não as evite. Não descarte pessoas. Acate-as.

Leca Castro - 24/09/12

23/09/2012

Não irei mais pedir que fique. Não mais. É sempre a mesma lenga-lenga, a mesma história, as mesmas desculpas. Eu cansei, sério. Se quer ir agora, de novo, então que vá. Encontre o que precisa encontrar, sinta falta do que precisa sentir, conheça novos universos e conquiste o que for preciso. Se nossos caminhos se cruzarem novamente, com certeza seremos pessoas mais seguras e com outra visão de tudo, visto que a todo instante sofremos mudanças. Talvez assim tenhamos algo mais maduro para doar ao outro. E também melhor capacidade de absorver o que o outro tem a oferecer. Não direi mais nada que lhe impeça de ir. Seu lugar sempre será seu.  Só cansei de lhe segurar. Quero que fique por querer ficar. Vá...

22/09/2012

Decisões precisam ser tomadas todos os dias, desde o que comer, o que vestir, até escolhas mais complexas. A vida jamais deixará de te apontar caminhos e, mesmo sem perceber, já terá feito escolhas. Até mesmo pra ler o que aqui está escrito você precisou optar por fazer a leitura, ninguém lhe obrigou. E concordar com o que está lendo também é sua opção. E se hoje eu escolho fazer apenas aquilo que me apetece, pronto. Farei. Mas se escolho fazer algo que me tire da famosa zona de conforto e que irá fazer bem a mais pessoas além de mim, pronto também. O que quero dizer é que todos os dias, a todo instante, podemos tomar decisões em prol do bem, comum ou próprio. Mas que seja para o bem. Decidir pelo mal precisa deixar de ser opção na nossa vida. E quando decidir por algo e outro algo vier e se colocar na frente, eis aí outra opção de escolha: encarar ou recuar. Entende como sempre há alternativas? Sempre! Então não cabe mais aquele discurso de que você agiu de um jeito ou deixou de agir de outro por falta de opção. Não jogue a culpa na vida e a desculpa no que não é real. Encare seu caminho e seja dono do seu caminhar.

Leca Castro - 21/09/12

21/09/2012


Existem pessoas especiais que preenchem espaços na nossa vida. Pessoas que chegam e ocupam vazios que já existiam por dentro. Uma falta que até então não havia explicação. Pessoas que, se algum dia se forem de você, deixam um espaço maior do que chegaram um dia a ocupar. E essas pessoas merecem saber que são especiais. Merecem receber flores em dias comuns e recados carinhosos em momentos inesperados. Pessoas assim precisam ser lembradas a todo instante que fazem um bem danado na gente. São pessoas assim que nos fazem sorrir quando estamos a sós e rodeados de gente, ao lembrar de uma besteirinha qualquer. Pessoas que não possuem uma palavra que esperamos naquele instante específico, mas que trazem essa palavra depois e elas aquecem e acalmam o coração. Pessoas que não estão presentes sempre, mas que se fazem presentes pelo pensamento e pela forma de pensar. Pessoas que sabem abraçar com palavras e colocar no colo com seu choro. Pessoas que não têm vergonha de chorar. Nem de sorrir com você e por você.

E hoje é o dia de uma pessoa assim pra mim. Eu a considero uma Pessoa Especial, e ela sabe o que isso significa. Quer dizer que é uma pessoa que não se deixou contaminar e ainda acredita na entrega. É uma pessoa que sabe que doar amor não deixa ninguém pobre. Sabe também que não há unguento melhor para a chaga do egoísmo do que Carinhos Quentes. E os doa sem pestanejar. Hoje é seu aniversário, meu querido, e sei que todas as homenagens que eu quiser lhe ofertar serão poucas para o tanto que merece. Tudo que mais quero é que seja feliz e encontre em seu caminho várias outras Pessoas Especiais, assim como você.

Parabéns! Com carinho e amor.

Leca Castro - 21/09/12


Enquanto falta umidade no ar,
sobra chuva aqui dentro.

Leca Castro - 21/09/12

20/09/2012

Quando nossas dificuldades são cutucadas por alguém é como se nosso orgulho ficasse extremamente ferido e ficamos tolos e cegos. Podem dizer o que quiserem, justificar, explicar,  mas nada conseguiremos ver além da nossa dor e do tanto que somos desrespeitados. Céus, isso é egoísmo demais! Ninguém tem o direito de apontar nossos defeitos, nossas limitações, mas não é por alguém ter feito isso que devemos sair do prumo, desviar da rota e agredir cegamente a quem passar pela nossa frente. Queremos apenas a afirmação externa de que estamos sendo vítimas no processo. Não vemos que a vitimização em si já é um outro processo e muito mais doloroso e difícil. Somos orgulhosos demais e egoístas ao extremo. Olhamos tanto para nosso próprio umbigo que por isso andamos de cabeça baixa. Dessa forma não enxergamos nada mesmo. Nem o que está adiante, nem o que já caminhamos, nem quem está conosco, ao nosso lado. Infelizmente. Não há justificativa pra errar porque o outro errou primeiro. Isso não é argumento válido, como se diz hoje em dia. Erros se combatem com acertos. Dificuldades estão aí para serem superadas. E imperfeições necessitam ser trabalhadas para se tornarem virtudes. E com tudo isso a ser feito dá tempo de ficar olhando pra baixo e encarando o tal do umbigo? Aham...

Leca Castro - 20/09/12

19/09/2012

O que vejo de belo e importante na escrita é que ela toma um pouco o papel da terapia que tanto reluto em voltar a fazer. Ao sentar e começar a digitar, sinto-me num divã, recostada, com as mãos entrelaçadas pelos dedos, postas em cima da barriga, como a rezar. Mas posso estar também como um defunto no caixão, depende do ponto de vista. Escrever, por mais bobo que possa parecer a quem lê, não deixa de ser uma morte. Às vezes sai tão do fundo que beira o suicídio. Morro várias vezes em vida. Pra quem escreve, esse momento é um prazer único. E dentre tantos prazeres existentes na vida, (cada um em seu momento próprio), o prazer de deixar sair o sentimento através de uma arte costuma ser indescritível. Como agora. E vendo escritores falando a respeito disso, compositores contando a história por detrás da letra, é que concordo que poesia está em tudo que é belo e faz a alma levitar. Não há limites. Nem o céu é mais limte. Nem a dor. Nem o amor. E pra quem ainda não experimentou esse prazer que eu relato, convido a fazer algumas tentativas. Escreva. Ouça uma canção cuja letra tem muito a dizer. Feche os olhos e tente voar. Namore a lua e mande recados por ela. Ria com as estrelas. Tenha tempo para si e o que você anda gritando por dentro, e você não pára pra ouvir. Deite no divã e faça uma oração. Ou, apenas por hoje, se deixe morrer.

Leca Castro - 19/09/12

18/09/2012


Não conseguir viver o amor é resposta para algo?
Ser correspondido é privilégio de alguns?
Quem nunca se questionou essas coisas?
Na verdade me intrigam essas pessoas que não pensam a respeito, que ainda não despertaram para esses questionamentos. Para elas o amor não faz falta ou vivem o amor tão em plenitude que essas perguntas são incabíveis em suas vidas?
Eu amo.
Sempre amei.
E quero continuar amando.
Já fui correspondida.
Não sou mais.
Frases curtas.
Assim como o amor.

Leca Castro - 18/09/12

17/09/2012

Tem dias que não sei o que fazer exatamente com a angústia que me abate. Seria bom se fosse algo palpável que eu pudesse pegar com as mãos e colocar embaixo da cama, ou em cima do guarda-roupas. Às vezes é tão grande que eu usaria minhas mãos pra arrancá-la do peito e atirá-la pra bem longe de mim, num rio de correnteza forte, pra que fosse embora bem rápido. Chega a ser insuportável sair à rua de braços dados com ela, ou mesmo ir até a janela espiar o céu e sentir as entranhas doerem. É aquele momento em que andar descalça pelas pedras do caminho provoca uma dor mais tragável. Ou até mesmo desejar a dor do momento do parto. Ou a maldita cólica que faz questão de aparecer pontualmente a cada mês. Qualquer dor física natural que me faça esquecer por um tempo essa outra dor que igualmente consome. Não quero críticas, aliás, desabafos não se criticam. Quero colo. Quero olhares. Quero que tudo aqui se aquiete. Quero mudez. Preciso de silêncios.

Leca Castro - 17/09/12

15/09/2012

Sinto a cabeça pesar como se martelos de aço ali estivessem, em tentativas (geralmente vãs) de fixarem idéias em minha mente. É como se nada ficasse, como se meu  cérebro nada retesse. Acontecimentos diversos extremamente dolorosos são incapazes de se fixarem na memória e por isso penso que, talvez, eu não seja tão normal quanto penso. Sofrimentos deveriam deixar marcas profundas e eternas como cicatrizes, que não são efêmeras. Mas em mim parece que acontece regeneração constantemente. Sei o quanto dói, sei onde o caminho vai levar, mas ao mesmo tempo é como se a caminhada acontecesse pela primeira vez. Sei também que parece teimosia mas é apenas minha alma desejando um recomeço. É meu coração almejando que agora tudo dê certo. É minha mente tentando raciocinar melhor dessa vez. Por isso quero que tudo aconteça de novo. Penso que, no dia em que deixar de acreditar que ainda resta uma oportunidade pra mim, nesse mesmo dia estarei pronta para ir embora. Não terei mais nada a fazer aqui, entre os vivos. Não terei mais esperanças na vida. Só me restará a morte. Por isso morro todos os dias quando a lua se despede junto com as estrelas e renasço a cada amanhecer.

Leca Castro - 15/09/12

14/09/2012


Procuro pela lua com avidez, mas dessa vez não a encontro. Precisava vê-la, admirá-la... precisava mandar um recado através dela! A noite está agradável e a brisa que me acaricia o rosto convida pra que eu permaneça por ali mais um pouco. Aquele céu... era ele que nos unia. As estrelas e a lua eram nossas cúmplices e nada mais nos tiraria isso. Tomamos pra nós aquele trecho que Saint-Exupery escreveu no livro do principezinho.

Deixo a janela aberta e volto para minha cama. Tento ler, mas só consigo pensar em falar com você. Não é um desejo carnal, sexual, mas um desejo de chegar aquele momento em que nossas conversas me preenchem, me satisfazem. Você diz coisas tão lindas que minha alma se alegra e sorri. Eu sinto que ela sorri! E só de pensar nisso, sorrio.

Meu celular acende e vibra, claro que deve ser você. Uma mensagem dizendo que me espera na net. Outro sorriso. Assim que conecto você já me chama e diz que as estrelas hoje estão sorrindo. Para mim. Eu te respondo dizendo que não, elas sorriem para nós. E você rebate afirmando que elas estarão sempre ali, sorrindo a cada instante em que você se lembrar de mim, mesmo que o sol apareça e ofusque o brilho delas.

Eu sabia que ele também havia olhado o céu naquele momento. Nossas conversas... agora sim. Depois de duas horas entre sorrisos e confissões vou deitar e tentar dormir. Faz tempo que não consigo sonhar, mas hoje gostaria de ter um sonho especial, que me levasse além daquelas nuvens que agora cobriam o céu. Queria um sonho onde as estrelas me sorrissem o tempo todo.

(devaneios embolorados dos 17 anos)

Leca Castro - 14/09/12

13/09/2012

Podemos passar o dia completamente ocupados e rodeados de gente, mas a verdade mesmo é que sempre estaremos com pouca ocupação por dentro. E esse "sempre" é no sentido de "o tempo todo" mesmo. Quem diz que já tem pessoas suficientes em sua vida, ou que não possui mais espaço pra novos momentos ou até mesmo para mais problemas, ou ainda não se descobriu ou anda mentindo, conscientemente ou não. O espaço que temos é infinito e não digo isso por ser detentora da verdade, mas por provar dessa experiência por vezes que perdi a conta.

Quem nunca achou que seria incapaz de amar novamente e já cometeu diversos suicídios no amor após isso? Quem nunca achou que a situação da vida não poderia complicar e sempre acontece algo um pouco pior pra fazer a boca calar? Quem nunca teve um incidente na família e logo após vieram outros pra engrossar a fila e fazer valer a frase que "desgraça pouca é bobagem"? Quem nunca estava levando a vida de leve e, de repente, como surpresa da vida mesmo, encontra uma pessoa encantadora que passa a ser um amigo pra vida toda? E é por isso que deu vontade de dizer somos pouco ocupados. De gente, de experiências, de sentimentos. Somos seres incompletos e sem fundo. Seres inacabados e sem fim.

Já se completou um pouco hoje?

Leca Castro - 13/09/12

12/09/2012




Por Brilho
Oswaldo Montenegro

Onde vá
Onde quer que vá
Leva o coração feliz
Toca a flauta da alegria
Como doce menestrel

Onda vá,
Onde quer que eu vá
Vou estar de olho atento
A tua menor tristeza
Por no teu sorriso o mel

Onde vá,
Vá para ser estrela
As coisas se transformam
E isso não é bom nem mal
e onde quer que eu esteja
O nosso amor tem brilho
vou ver o teu sinal

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Em todos os lugares que passamos, querendo ou não, deixamos uma marca. E como é essa marca que deixamos? Certa feita, li um texto de Rosana Braga onde ela discursava dizendo que a vida é exatamente aquilo que acreditamos que ela seja... Sendo assim, melhor pensar que nossa vida é feita de encantamentos, presentes, surpresas, acontecimentos bons, como se essa nossa vida fosse enredo de um filme bom.

Quero minha vida assim, interessante, romântica, empolgante, inspiradora! Sim... a despeito de qualquer tristeza, de todas as dores e eventuais problemas, continuo acreditando no amor!

E quero meu coração feliz, quero tocar a flauta da alegria, quero estar atenta à tristeza dos que me cercam, quero ser estrela!

Quero que você também acredite... Se a vida é o que acreditamos que ela seja, acreditemos no amor... e haverá amor! Ou acreditemos no amor e, mesmo que ele não aconteça para nós, que ao menos ele esteja em nós.

Leca Castro




11/09/2012


Penso que a beleza das mudanças está justamente no fator surpresa. Não que eu esteja nesse momento de mudança e nem que tenha sido surpreendida. Na verdade é tudo isso que eu mais quero agora: mudanças e surpresas.

Quero mudar pedaços da rotina para que o inteiro fique mais atraente. Quero mudar a cor dos cabelos para que o espelho me sorria. Quero mudar o cardápio do dia para que a saliva tenha novo sabor. Quero mudar a bolsa e o sapato para que a combinação se descombine. Quero mudar a música de toque do celular para que o coração dance a cada chamada. Quero mudar o motivo do choro para que as lágrimas se adocem. Quero mudar meu olhar para que a beleza das pessoas apareçam para mim.

É isso: quero e preciso de mudanças e surpresas. E que sejam boas!

Leca Castro - 11/09/12


10/09/2012


Incrível como sou menina em corpo de mulher. Pra algumas coisas eu não consigo (e não quero) crescer jamais. Fico encantada quando vejo a paixão em olhos adolescentes e a facilidade em achar que tudo é ao extremo. Aquele ser que corresponde ao amor é o parceiro de toda a vida; depois daquela briga com a melhor amiga nunca mais haverá uma amiga melhor; aquele beijo inesquecível assim será até o próximo que fizer melhor; ouvir uma negativa aos seus desejos será o maior trauma na vida; aquela dor da cólica é a pior experiência do mundo. São esses exageros que fazem essa fase ser tão importante, onde tudo é descoberta, onde tudo servirá de experiência. E antes que me perguntem, não, não estou deixando de viver a minha vida pra lá de adulta, nem vivendo na vida de alguém, apenas sou admiradora da adolescência e do que ela acarreta ao futuro adulto.

Mas vivo minha vida mesmo com um pé nas relações com esses queridos. Uns experimentando momentos mais difíceis que outros, outros com uma vivência mais leves que uns. Às vezes canso também, preciso conviver com os da minha altura em tempo. Ser pequena também para alguém. Chorar minhas dores e mágoas. Ser ouvida e ser lida nas entrelinhas. Coisas que só a vivência e o tempo proporcionam. Também preciso de quem se encante por mim. E comigo.

Leca Castro - 10/09/12


09/09/2012


Eu disse que era cíclico. E é. Quando comecei a escrever foi em um blog, esse mesmo por sinal, mas com outra url. E desse passei ao Crohnistas e então ao Tumblr e depois ao Recanto. Retornei ao Blog.

Nessa nova fase quero comigo os amigos dessa jornada que conquistei, os que me cativaram e os que caminharam comigo. Há tempos preciso de continuidade. Relações interrompidas acompanham meus passos desde sempre e só fazem buracos. Buracos que se transformam em vazios. Vazios que não dou conta de preencher. São espaços insubstituíveis que se acumulam e viram um grande nada.

O que sempre me sobra? Nada.

Leca Castro - 09/09/12

08/09/2012


Uma nova etapa, novo ciclo. Já iniciei tantos, finalizei outros e as experiências vão se repetindo sob novo aspecto. É cíclico. Será então bem vindo e espero que venha pro bem. Desafogando, sempre.

Minha despedida do Tumblr:

"E de tudo que ficou, restaram as palavras que foram ditas e principalmente as que foram escritas. 
As entrelinhas se perderam e o não dito virou mal feito.
Dos amores sobrou apenas a lembrança e dos amigos ficaram as lágrimas. 
Tudo isso vem comigo, em minhas mãos e dentro de mim. 
Foi bom e também foi ruim. 
Mas foi melhor que pior. 
Sou grata pela experiência e amaldiçoo as horas perdidas." 

Leca Castro - 08/09/12
O que me parece é que as provas da vida nunca têm fim. A cada etapa surpresas aparecem e a maioria não são boas. Sempre acho que não dou conta mais, que não tenho forças, mas aí o problema acontece pedindo atitude imediata e lá vou eu, com meus achismos, encarar mais um desgosto. Digo assim porque raramente a surpresa é agradável e faz bem. Mas são esses embates que fazem com que pessoas e conquistas sejam valorizadas e eu sei exatamente com quem posso contar. E creiam, os melhores são aqueles que erraram, mostraram fraquezas, mas souberem voltar e retomar. Nesses a confiança torna-se cega e digo que são raros. Mui. Alguns seres que me cativaram se foram e fico torcendo para que voltem. Marcaram de forma intensa, mas não consegui reter comigo. Mágoas? Não. E como estou em provação e sei que outras tantas virão, vou selecionando a forma de caminhar e com quem contar.

Leca Castro - 06/09/12


Quero um banquete de aventuras e uma orgia de sentimentos pra me tirar desse marasmo em que me encontro. Um torpor de vida. Somente algo extremo conseguirá me trazer de volta os sentidos, ora dormentes. E eu quero, sinto que é hora. Eu preciso. Não sei o que me aguarda, nem se é algo que renderá proveito, mas soa como necessário. Não tenho mais forças para continuar inerte. Não tenho mais forças pra não sentir com intensidade. Preciso de bagunça, de uma festa, um comício. Aqui dentro tudo jaz. Necessito renascer.

Leca Castro - 05/09/12


Onde te encontro fora de mim, além dos meus devaneios e sonhos? Como pode existir tamanha perfeição em uma imaginação a ponto de sentir meus dedos tocarem seu rosto? Eu sei que deveria estar desejando muito mais que esse toque mas te confesso que apenas isso me já me salva por hoje. Um carinho em seu rosto, nada mais. Agora sei que é no mínimo que vou alcançar algo muito maior. Não almejo mais o máximo, prefiro sentir o pouco com intensidade. A satisfação é imediata e a ansiedade inexiste. E te busco.

Leca Castro - 04/09/12


Ando com uma espécie de preguiça pra vida. Não é preguiça de viver, é apenas uma falta de estímulo pra encarar seja lá o que for que ainda está por vir. Preguiça de recomeços e de retornos. Preguiça de erros e perdões. Preguiça de respirar e espirrar. Preguiça de ouvir e de falar. É como deitar na grama, olhar para o céu e enxergar nada em volta, apenas o céu. Contemplativo isso. E sem vontade de levantar. Entende a inércia em que me encontro? Uma vida contemplativa não vai a lugar algum. Uns dirão ser fuga, mas já corri tanto, enfrentei um monte, aguentei mais um bocado que, se for fuga, será também bem vinda. Que seja então uma fuga preguiçosa e consciente.

Leca Castro - 03/09/12


A sua distância não é igual à minha. 
Pra você, eu estou longe. 
Já pra mim, você está dentro.


Leca Castro - 02/09/12


Meus dias de solidão preenchem esse espaço chamado de vida onde estão inseridos os seres viventes e suas co-criações. Mas como pode a solidão preencher algo se nada mais é que um vazio? Se falta amor, se falta carinho, se falta atençao, se falta gente, eis a solidão. E a vida é um intervalo entre o nascer e o morrer. O complicado é que as pessoas se acostumam a viver e não vivem, passam a sobreviver. Não amam, acostumam-se umas com as outras. Não arriscam e acabam não amealhando experiências. Não se cuidam e vivem em processo de adoecimento. E a solidão chega como o mal maior e que mais incomoda, sendo que todos se esquecem do tanto que o egoísmo preenche uma vida toda, não? A indiferença, o orgulho e a maledicência tornam-se viventes e ocupam tantos espaços que até isso faz falta e passa a ser melhor que ficar só. Pois afirmo que prefiro ser sozinha. Tolos são os que acham que a solidão é falta, não se conhecem e têm medo de ficar sós. A sós. A solidão preenche. Ela preenche alguém. Preenche a mim.

Leca Castro - 02/09/12




Todo ato errôneo gera consequências. Sei que errei com você, e também sei que as consequências ruins servirão de aprendizado. Mas dói. O que dói? Ter te magoado (justo você que tinha tanto medo de magoar), ter errado, não ter tido competência para te achar confiável desde o início, ter demorado tanto para justificar o injustificável. Sou egoísta. Admito que dói mais por ter errado. Por não ter sido capaz de ser uma pessoa boa. E por não ser boa o suficiente. Por não ser digna de confiança. Por não ser mais jovem. Por não ter mais saúde. Por não saber mais viver. Nem conviver. E me pergunto se vou continuar afastando as pessoas sempre, até o fim. Porque isso eu sei fazer com maestria. Tenho o dom. Ser só não é destino. Ser só é não ter capacidade de ser companheira. Ser só é afastar pessoas e atrair solidão. Ser só é ter que conviver consigo e seus defeitos. E se não sirvo pra ser companheira de alguém (quiçá amiga), como posso servir pra mim mesma? 
Pensando bem, melhor mesmo que se vá. Não tenho mais o que oferecer. Meu conteúdo se esgotou, minha bondade se desfez, meu coração murchou. Não há mais nada de bom aqui. Nem de útil. Tudo acabou, nada sobrou. Nem mesmo algum talento que um dia foi nato, agora é morto. O frio adentra, a tempestade castiga, o peito transborda. Não quero mais agasalhos, nem sombrinhas, nem marquises. Deixe que a chuva inunde pois nada mais resta para ser levado pela correnteza, tudo está tão velho, tão desgastado, que essa água fará apenas o que já era óbvio: levar embora. Meus olhos secaram, minha boca secou, só o nariz escorre. Não gosto de despedidas. Não gosto porque não sei me despedir. Não sei me desvencilhar. Não sei deixar ir. 
Mas quando eu desejo que se cuide, é porque realmente quero isso. Precisa investigar melhor sua dor de cabeça pois nada dói sem uma causa. E remédios só mascaram o problema, só aliviam a dor. E esforce-se por sentar direito, com postura adequada. Dor lombar é horrível e você não precisa dela. Não coma alimentos muito ácidos e cante uma música quando se aborrecer. Trate bem sua gastrite para que ela possa lhe retribuir. E não tome antialérgicos por conta própria. Eles te deixarão sonolento, diminuirão seus reflexos e sua concentração. E você precisa de ambos. E seu coração… ah, seu coração… Cuide dele, assim como está cuidando agora, sim? Proteja-o de pessoas mentirosas e falsas. Saiba escolher bem a quem entregá-lo. E se ele se ferir (também como agora), espere que cicatrize. Ele doerá menos. E quando ver a marca em sua superfície, lembre-se que foi uma experiência ruim, mas que serviu para ensinar muito. Assista A Lista de Schindler para que quando achar que está sofrendo, possa se lembrar das cenas do filme que mostram humanos serem tratados piores que ratos. E ouça sempre sua Flávia e o meu Paulinho. Vai conseguir alento em ambos. É isso que quero dizer quando peço para se cuidar. 
E já que sempre se despediu colocando em palavras muito carinho, deixo a você todo o carinho que ainda me resta. Inclusive o meu próprio. Meus Carinhos Quentes são seus. Mesmo que a história da bruxa esteja certa, te entrego todo o meu saquinho reserva. Sei que fará bom uso. Só não os transforme nem os comercialize por sentir algo oposto por mim. Carinhos confortam, aquecem. Apenas… use-os. Distribua-os. São seus. 
Você dizia: com carinho. Eu despeço: com amor.
P.S.: Deposito em suas mãos um ramo de Miosótis.

Leca Castro - 25/08/12


Pouco me importa se fico em frangalhos ou se esmoreço. Se faço o que considero ser o melhor, tanto faz se a consequência desse ato for um desgaste. Aprendi que a vida sempre me ofertará, no mínimo, duas opções. E qualquer uma delas me trará cansaço e fraqueza. Correr atrás da recuperação depois, faz parte. Receber críticas e olhares de desprezo começa a ser algo corriqueiro e venho aprendendo a não me importar realmente. O que peso são pontos cruciais que Sócrates ensinou a analisar: é verdadeiro, útil e bom? Havendo três afirmativas, não sobram dúvidas. Só me resta agir. Recupero o que perder pelo caminho. E essa busca em forma de caminhada só me fortalece. Minhas pernas se tornam mais resistentes e na próxima encruzilhada em que me encontrar, novamente decidirei pelo que considero ser o melhor. E sairei menos fragilizada e importando menos ainda com esse desgaste. É assim que funciona.

Leca Castro - 31/08/12

Após o erro, o que te sobra? 
O arrependimento? 
A dor na consciência?
A sensação de fracasso?
E após o pedido de perdão?
O arrependimento.
A dor na consciência.
A sensação de fracasso.
Mas me sobra também
O descaso.
O desprezo.
O seu adeus.





Leca Castro - 31/08/12








Nas tardes de sábado com chuva é que vejo o quanto a estadia nesse mundo pode ser esgotante e sem sentido. Quisera olhar para dentro e sentir que é apenas mais um dia e nada mais, o que não deixa de ser verdade. Mas a vontade absurda de que um tempo retorne não se afasta e, mesmo sabendo que passado não volta, que passado já era, que passado está morto, ele vive aqui dentro. E é latente ao extremo para que não o perceba. Meu saudosismo não é mera lembrança que carrego, torna-se muito além disso. É um combustível que me alimenta e inspira na esperança que o dia passe e eu passe pelo dia.
Quando olho aquela foto dentre tantas outras, já gasta pelo tempo, sinto vivo ainda aquele instante do flash da minha máquina com filme de rolo. Você olhou para a câmera e estava rindo de algo engraçado enquanto eu ria junto mas olhava para o chão. É assim que faço quando vejo a fotografia: olho para o chão. Se preciso abrir o armário para procurar por algum documento ou livro e vejo nossa caixa de recordações, sei que lá dentro existe um chumaço de cartas enroladas em fita, sequenciadas pela data em que recebi. São cartas de quando estávamos juntos, cartas da cidade em que foi morar, cartas de países que foi explorar. Cartas. Sua letra. Formosa e garbosa. Missivas terminadas com poesia e cores de giz de cera que você detalhava no final de cada uma delas.Lembra aquele quadro em que pintou uma rosa solitária e escreveu ao lado uma dedicatória? Esse não o tenho mais, foi queimado em um momento de loucura de você sabe quem, junto ao meu urso de pelúcia da minha infância. Mas podem atear fogo em tudo, podem destruir todas as lembranças que tenho, nada vai mudar. Trago tudo muito vivo na memória e em meu coração.
Lembro de cada traço de cada desenho seu. Lembro até do primeiro desenho dedicado naquele encontro em que fomos com dias de namoro, com a frase sobre as cordas do violino que nunca se encontram. Ah, lembranças… por que haveria eu de abrir mão delas? Não vivo no passado, mas esse passado me auxilia a dar passos no presente. O futuro? Completamente desconhecido para mim, nem foco muito nele, mas sei que continuarei lhe trazendo comigo. E em cada tarde de sábado chuvoso vou lembrar de nossos sábados, ensolarados ou não. Mas eram somente nossos.

Leca Castro- 30/08/12


Chorar é sinal de fraqueza ou depende da razão do choro? Eu choro e me sinto livre por isso. Ninguém sabe os motivos, nem meus desgostos. Ninguém nunca penetrou lá no fundo para ver como é escuro e vazio. Ninguém entende como as lágrimas me libertam. Por isso choro. Silenciosamente, sem que ninguém perceba, sem necessidade de dizer. Apenas deixo limpar a amargura, a angústia e a dor. Um pouco sai e escorre pelos olhos. Embaçam meus óculos. Mas ameniza. É fraqueza? Talvez seja no conceito daquele que não consegue verter uma gota sequer. Ao menos chore por você e também por aqueles que não choram. Chore por altruísmo ou até mesmo por egoísmo. Apenas… chore.

Leca Castro - 29/08/12


Quem já amou verdadeiramente vai entender o que venho dizer hoje: deixe que se vá. É isso, simples assim. Não há dor maior àquele que ama de verdade do que o desprezo do ser amado. A indiferença é pior que a negação e fere mais que palavras. E são essas palavras não ditas que bagunçam tudo por dentro. Quem aceita uma relação assim, não ama a outra pessoa mais que a si mesma. Reter o outro sabendo-se desprezado é orgulho ferido. É egoísmo latente. É amar mais a dor que o próprio amor em si. É não ter em si amor próprio. Agora eu pergunto: já amou verdadeiramente? Então deixe que o outro se vá e seja feliz por ele. Seja feliz por você.

Leca Castro - 29/08/12


Se eu disser que o frio que anda fazendo vem me gelando por dentro também, seria algo muito “lugar comum”? Seria, não? Mas é a verdade. Não sentir você ao meu lado, não poder tremer mais com o toque de suas mãos, tudo isso fez meu calor esfriar. Mas ainda sobra aquele foguinho, bem fraco, que dá rumo no escuro, sabe como? Às vezes sinto arrepios, mas eles se confundem com o vento da rua. Quisera eu ter a certeza de que é você a causa desse desassossego. Minha alma está inquieta, não sei se por não conseguir te deixar ir logo ou por ansear por outra alma afim. Quem consegue ficar tanto tempo só, não é mesmo? Saio de casa, desejando que o vento rasgue minha pele no rosto e minhas bochechas fiquem vermelhas. Deixo a garganta exposta para, quem sabe, uma dor de garganta venha superar a dor de não poder mais conversar com você. E me abraço. Para proteger do frio, mas não… Me abraço para ter algum consolo, um abrigo que perdi e não encontro mais em você e em ninguém. Só tenho a mim. E ao frio.

Leca Castro - 28/08/12


Faltam-me muitas coisas. Paciência é uma das principais, desenvolvi uma intolerância grande a pessoas que cometem sempre os mesmos erros. Sempre. Esperteza também não é meu forte visto que continuo mantendo as mesmas pessoas comigo e passando pelas mesmas tristezas sempre. Sempre. Mas de tudo que ainda me falta e que grita mais alto em mim é o silêncio. Gosto e preciso do silêncio. As vozes de fora e de dentro incomodam. Os ruídos atrapalham. Meus gritos me deixam insana. Prefiro buscar refúgio em mim que esperar algum abraço de alguém. Porque esperar cansa. E no silêncio me encontro. Sempre.

Leca Castro - 27/08/12


Eu me basto. Ou melhor, eu preciso me bastar. É uma experiência atrás de outra e a fila de decepções só aumenta. Claro que tenho mérito nisso também, inclusive algumas decepções são comigo mesma. Mas em uma coisa eu posso me gabar de ser boa: em ficar só. Não, não é drama. Gosto de ficar sozinha, no meu canto, com meus pensamentos. E vejo tanta gente que não consegue passar uma semana sem se envolver com alguém que isso me desperta pesar. São pessoas melancólicas que vivem com saudades de si próprios. Por isso preciso dar conta sozinha. Por isso preciso me bastar.

Leca Castro - 26/08/12


A melhor forma de fazer alguém se desencantar por você é deixando explícito seu desinteresse. Quando nos sentimos deixados de lado, o altar desmorona e a pessoa deixa de ser admirada. Vem ao chão. E não existe nada, nada que conserte isso. O tempo não volta e o que foi feito desfez toda veneração passada. Tente, demonstre desinteresse. Só tenha certeza de que é isso o certo a se fazer. Não há volta.

Leca Castro - 25/08/12


Penso tanto em você que em alguns momentos não diferencio o que é real do que é fantasia. Penso tanto em você que acordo desejando que aquele momento sim, seja o sonho e que meu sonho tenha sido a realidade da noite que passou. Penso tanto em você que meu corpo dói por te amar de forma tão intensa e tão presente, mesmo usufruindo apenas da minha própria companhia. Penso tanto em você que me abraço bem apertado na tentativa de que se sinta abraçado, pois você mora aqui dentro de mim. Penso tanto em você!… Penso tanto em nós…

Leca Castro - 24/08/12


Diz pra mim sua maior vontade? Qual seu desejo mais escondido (contido)? Conte no pé do ouvido, só para mim. Sabe que o meu é fazer parte do seu? Eu faço? Mas não queira saber dos meus desejos, minhas vontades, são todas muito loucas. Você me acharia igualmente louca. Talvez por isso guardo-as bem trancadas, inacessíveis. Se bem que é isso que se espera, não? Vontades e desejos pequenos demais são apenas caprichos. E esses, vou satisfazendo aos poucos, até mesmo sem você. Mas você (e com você) sempre será minha maior e mais louca vontade.

Leca Castro - 23/08/12


Amanheci pensando em nós, o que realmente foi estranho, já que amanheço sempre pensando em você. E chorei. Pensei em tudo que perdemos, em que deixamos de sentir, tudo que não vivemos juntos. Chorei mais. Por não ser mais otimista, por achar que não teremos mais tempo, por não acreditar em destino. Continuei chorando. Pela possibilidade de ter alimentado esse amor sozinha por tanto tempo, por talvez você ter me esquecido, por você não chorar mais por nós. Por mim. Senti pena de mim e permiti sentir isso dessa vez. Só dessa vez. Não tive a chance de me redimir, de ouvir você dizendo que me perdoa, de pedir por uma nova tentativa. Fracassei. E feio. Haveremos de nos ver novamente? Conseguiremos nos tocar mais uma vez? Poderei te ofertar um último abraço? A falta de respostas a tantas perguntas transforma em angústia todo o meu ser. Sei que perdi muito. Minha manhã também está perdida.

Leca Castro - 22/08/12


Não tenho certeza se quero ser despertada novamente. Não sei se quero continuar adormecida indefinidamente. E sempre terei essa dúvida. Ambas as situações possuem pros e contras, decidir nunca foi meu forte. Algumas decisões foram desastrosas e talvez até por isso vivo nessa dicotomia. Não tenho segurança alguma em saber para qual lado ir, ou quando devo dizer não ou permitir. Cheguei num ponto onde dói demais sofrer consequências pelo caminho que escolhi e não deveria. Arrependimento? Sinto. E é tolo aquele que afirma categoricamente que prefere sofrer pelo que fez do que pelo que deixou de fazer. Na prática, a teoria não é tão bela assim. Fazer machuca e pode ser mais letal que a inércia. E no fundo sabemos que jamais saberemos qual a melhor opção na hora de decisões, mas não saber é o desafio em viver. E mais uma vez vejo a bifurcação: desperto ou deixo dormir?

Leca Castro - 21/08/12


E daí que eu não consigo te deixar para trás? E daí que eu te carrego comigo a todo canto que vou? E daí que vou flertar com outro alguém te trazendo em meu coração? A questão é que você está impregnado em mim e sempre faz questão de me lembrar disso. Reaparece sutilmente saindo pelos poros de minha derme, ou pelos suspiros fora de hora, pelo frio que sobe pela coluna, pela quentura que me afeta de repente, pelas lágrimas que insistem em cair. E sempre que faz essa tentativa de se mostrar, acontece exatamente o contrário: você sai pelo suor, pelo murmúrio entre os lábios meus, pela eletricidade na espinha, pelo desejo que arde, pela chuva de saudade, mas tentando sair você acaba ficando ainda maior em mim. 

Leca Castro - 20/08/12


E me encontro e me perco. Rotina. Diária. Quando sobra tempo de pensar de forma mais profunda tudo fica menos complicado. É como recarregar uma bateria. Sinto-me renovada. Como agora. Em um jardim de inverno, embaixo de uma árvore, sobre um banco de madeira, um poste com luz fraca, e a lua observando. A lua… E todos os problemas perdem parte do peso, soam mais leves. Consigo até compreender alguns. Se o tempo e o corpo permitissem, passaria a noite aqui, pensando, escrevendo, respirando. Até lembrei que respirar faz parte da minha vida. Essa é a parte em que me encontro. E o ato de pensar, de relembrar, de planejar, de sonhar, chega a ser tão concreto, tão perto, que nessa hora me perco. Preciso entrar e me abrigar do frio e da garoa e isso faz com que eu saia. E eu saio desse estado de intimidade comigo para retornar ao cotidiano, ao necessário. À rotina. Diária.

Leca Castro - 20/08/12


O que dói mais: a unha encravada, o dedo sem ela ou a sensação da perda? São três estágios de um mesmo problema. São dores comparáveis? São dores específicas? Exclusivas? São dores. E nem quem já sentiu todas elas pode julgar quem as sente agora. Não são passíveis de julgamento porque dor é algo de foro íntimo. Sentimos de forma diferente pois temos limiares diferentes. Então respeitemos a dor do outro. Quando avistar um dedo sem unha, apenas lembre-se desse processo.

Leca Castro - 18/08/12


Mudar o foco pode ajudar. Mas tem vezes que serve apenas como desvio. Logo o problema retoma a direção e volta a ser o foco principal. Não me pergunte como fazer para seguir adiante, também busco respostas. Mas já descobri que preciso fazer um esforço maior que os que já fiz antes, sempre vai ser assim. É aquela história de vencer desafios, o seguinte será sempre maior que o anterior. Se for verdade que passar pelos problemas traz engrandecimento, talvez seja essa a fórmula. Se cresci, meu passo seguinte pode ser maior. 

Leca Castro - 17/08/12


E alguns trechos deveriam estar aqui, escritos e expostos. Talvez não expostos, como tantos outros, mas escritos. E por que eles não saem? Ficam aqui dentro fazendo cócegas nos dedos, apertando o coração e tampando bronquíolos. Muito mais fácil seria se saíssem e respirassem o mesmo ar de quem os lessem. Que tomassem forma de acordo com os olhos que neles caissem. Que sentissem conforme os corações que os carregassem. Mas escolhem ficar presos no escuro que em mim assola. Quem dera meus sentimentos também se controlassem por conta própria, que resolvessem se esconder e fazer escuridão. Quem dera eu fosse só razão.

Leca Castro - 17/08/12


Onde foi que o simples se perdeu? Lembro que durante minha adolescência fazíamos questão de conhecer novas pessoas pelos seus gostos mais básicos, como a comida preferida, o livro, a cor, o filme, a flor. Hoje esses quesitos se tornaram insignificantes, banais, e até mesmo ridículos para algumas pessoas. Mas são detalhes que dizem muito sobre quem somos e sinto falta de partilhar algo assim. Acho que as pessoas que convivo hoje não imaginam que a flor que mais gosto é a Miosótis e que ela é carregada de uma simbologia lendária, com um significado profundo que só quem busca entende o motivo de ofertá-la a alguém. Lembro que a última pessoa que teve interesse em saber qual perfume gosto de usar contou-me que foi até a perfumaria e comprou um pequeno frasco para que pudesse me sentir mais perto. E claro, fiz o mesmo com o perfume preferido dele. E quando nos encontramos fazemos questão de usar os perfumes respectivos. Olhem que fantástico! Para que então complicar tanto logo no início? Por que tanta urgência em descobrir o que é ainda obscuro no outro? E o prazer de conviver, de aprender, de revelar? De revelar-se. E é tão simples… Porque se relacionar é difícil, mas aprender a gostar é muito fácil.

Leca Castro - 15/08/12


O tempo é inútil quando as horas que vivo são igualmente inúteis. De nada adianta viver sem produzir. As células continuam se renovando, a Terra permanece sendo bailarina de si e do Sol e eu continuo respirando o ar da madrugada. E quando a lua se despede até o instante em que volta, nada muda. Só o tempo que passa. Ou permanece. Lembranças não se vão e esperança é o tempo se adiantando na memória. Sempre o tempo. Sempre inútil por não ficar presente, no presente.

Leca Castro - 15/08/12


Eu te vejo voltando, aos poucos. Mas não vou fazer com que apresse o passo. Dessa vez será no seu tempo e do seu jeito, já que todas as minhas tentativas anteriores foram frustrantes. E, além disso, tem a chance de que eu possa estar enganada e você não esteja realmente voltando para mim. Sempre li você me colocando como a personagem dos seus textos, lembra? E ainda faço isso, mesmo sentindo que é delírio de minha parte. Mas dessa vez não pretendo errar e dar passos em falso. Se realmente for pra mim, na intensidade que venho sentindo, você há de chegar. Eu espero.

Leca Castro - 13/08/12


Juro (detesto jurar!) que se você aparecesse hoje e se mostrasse arrependido, na mesma hora eu deixaria a mágoa escorrer e a raiva gelar. Fico mais sentida com você me machucando e não vendo isso, ou achando que está fazendo o que acha ser certo, do que com o erro em si e a dor que me causa. Você se arrepender é o sinal que tanto preciso para ter certeza de que seu coração é justo e consegue ver além do seu próprio. Essa saída de si é mais importante e meritória do que qualquer outra fala que possa vir a ter. E então olharei em seus olhos e estenderei minha mão. Palavras serão desnecessárias. Eu juro.

Leca Castro - 13/08/12


Será que sou capaz de ainda ouvir o barulho que o vento faz quando passa por mim e traz seu cheiro junto? Bom, se sou capaz de sentir seu cheiro mesmo depois de tanto tempo e mesmo com toda a imensidão de terras e águas que nos separam, então estou apta a ouvir o vento, sentir a maciez de um canto, enxergar a cor das águas. A distância nos deixou longe, mas trará consigo a saudade. E ela será forte a ponto de nos re-unir. Sei bem o que nos separou, mas sei que essas mesmas terras e águas também nos juntarão um dia.

Leca Castro - 12/08/12


Mais um dia vivendo com o seu silêncio. Para você tudo sempre foi com calma, lembro-me bem. E para mim, tudo precisava acontecer muito rápido. Essa pressa que nunca soube explicar, essa ânsia de que tudo acontecesse logo, ainda vive comigo. Talvez seja o presságio da morte iminente. Ou o temor de ficar incapaz de viver qualquer coisa mínima que seja, ainda em vida. Fato é que nossos tempos se desencontram apesar de nossa idade ser continuamente a mesma. 

Tem vezes que te sinto à frente, bastante até. Mas eu te chamo e você não ouve. Então eu grito e você não escuta. Não consigo te alcançar e deixo o corpo cair, exausto, com a carga de culpa que deposito nele. Sempre achei difícil acompanhar você. Mas também já me vi te ultrapassando, quando as forças assim permitem, só que nunca ouvi você chamando ou pedindo que o esperasse. Todavia permitiu que eu me fosse. Não clamou, não chorou, não disse absolutamente nada. E eu, caminhando e olhando para trás o tempo todo, na vã esperança de um gesto seu. Que diabos! Tudo que eu queria é que déssemos as mãos e caminhássemos no mesmo passo. Com cadência. No mesmo compasso. Éramos quase um, lembra? Hoje não somos nem metades afastadas. Apenas inteiros quebrados, colados e fajutos.


Leca Castro - 09/08/12


Existe aquele momento em que você não sabe se acredita nos dizeres de alguém ou se faz vista grossa. E sempre será assim. À medida que o tempo passa, nossa incredulidade vai aumentando. Encontramos tantas mentiras exaladas por outros que começamos a ser descrentes até em quem não merece. É a velha história do gato escaldado… Ter o bom senso, algumas vezes, extrapola nossa capacidade intuitiva e racional. Mesmo analisando com cautela, vem o sentimento e coloca tudo em uma dúvida arrasadora. E a vida vai adiante, vai seguindo, com nossas percepções afetadas ou não. As mentiras sempre serão mentiras. E algumas coisas sempre serão verdades, acreditando nelas ou não.

Leca Castro - 09/08/12


Não me dê asas, se não permite que alce voo com você. Prefiro caminhar e apreciar os pássaros junto a você, ao seu lado, praticando passos em chãos ainda desconhecidos a nós. Voar pode ser muito, nesse momento. Façamos de nossos sonhos instantes ainda palpáveis e deixemos que os sonhos comuns que tivermos de agora em diante sejam baseados em desejos reais. Não me dê asas se não posso sentir o vento a nos tocar.

Leca Castro - 08/08/12


E se tudo que sinto for apenas um exagero meu, um capricho, uma necessidade, uma carência? Seria menos verdadeiro por isso? Então não julgue nada disso porque nem eu mesma tenho essa capacidade. E se não tenho como saber, quem terá? Vou levando os dias e sentindo minhas intensidades sozinha enquanto espero. Sim, espero… Se for um exagero, vai passar. E se for mesmo, já espero em demasia. Como sei que é o limite e se já posso considerar como real? Perguntas, perguntas, perguntas. Onde há respostas? Até para a resposta, pergunto. Esse texto também é um exagero, inclusive por achar que devo publicá-lo. Ou não é? Sinto demais. Penso de menos.

Leca Castro - 07/08/12


Os seres mais “frios” chamam a minha atenção. É como se possuíssem uma casca, uma crosta de ferida por sobre a pele. Essa casca protege e encobre algo grande. Sim, uma casca encobre uma ferida muito grande, e em geral, absurdamente funda. Enquanto essa crosta for alimentada e mantida, a ferida também será. Por isso fico atenta e me permito mais. Faço minha entrega a fim de dar espaço para que a recíproca aconteça. Sei que quando for a hora de retirar a casca, a ferida precisará ser cuidada com esmero e curativo certo. Cada ferida tem uma história, a sua história. E eu gosto disso. Acho interessante. Gosto de pessoas com cascas.

Leca Castro - 06/08/12


Faça de seu corpo um templo vivo onde habita sua plenitude. Pois é apenas para isso que ele tem serventia. Todos os prazeres advindos apenas dele, seu corpo, serão passageiros. Prazeres momentâneos. Daqueles que te preenchem rapidamente e vão embora numa velocidade maior ainda. E o que é pior: saem deixando um buraco. Por isso estamos sempre insaciáveis, buscando por mais e mais prazeres. Até o instante em que os buracos serão tantos que nada mais possa satisfazê-lo. Cuida da sua plenitude, ela sim te preencherá. Ela sim, permanecerá.

Leca Castro - 05/08/12


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