22/08/2014


Era uma vez uma menina. Não vamos perguntar a idade dela, porque isso não a representa. Aliás, ela deve ter a síndrome do Peter Pan no quesito idade porque se recusava a envelhecer. Mas mesmo assim, ela era crescida. Tinha um coração enorme e sua alma ultrapassava a mais alta das árvores de sua cidade.

Essa menina, que apesar de gostar de ficar na faixa etária mais baixa que a sua real, tinha vivência e maturidade suficiente pra desenvolver qualquer assunto. Não por ter conhecimento sobrando, ela não tinha, mas tinha valores morais que permitiam que seu entendimento fosse satisfatório em qualquer área.

Mas mesmo assim ela gostava era de brincar, passar o dia com os amigos, ver as horas passarem e dormir aquele sono gostoso dos justos e dos inocentes. Gostava também de ajudar os colegas e os colegas dos colegas. E sempre aparecia alguém também pedindo ajuda porque ouviu falar dela.

E todos diziam que ela tinha uma luz que não se podia ver, mas que tinham certeza que estava lá. Ela sorria. Achava aquela estória de luz engraçada. Se via como uma garota normal e que fazia o que deveria ser o normal de ser feito. A ela, aos colegas, aos colegas dos colegas, a todos.

Até que um dia chegou um rapaz de nome curto e estranho, difícil de escrever, e se encantou por ela. Tomou-a para si. Obrigou-a a largar aquela vida, vestiu-lhe de roupas descoloridas, tirou-lhe o sorriso do rosto e tornou-a repugnante a todos que se aproximavam.

Foi então que ela percebeu que durante todo esse tempo não fez amigos. Só tinha colegas de brincadeiras e aventuras. Não ficou ninguém por perto pra relembrar os bons tempos. Ela se vou só com aquele rapaz que era sombrio, triste e amargo. E não mais conseguiu dormir uma noite inteira de sono.

Mas essa menina tinha algo que o rapaz não conseguiu enxergar quando se aproximou dela: a luz que a menina tinha. Tá certo que a roupa, a falta de alegrias e a repugnância abafavam essa luz, mas ela estava lá. Sempre esteve. Mas agora, praticamente ninguém conseguia mais vê-la. Falo da luz e falo da garota.

Essa estória não tem um final feliz. Aliás, essa estória não tem um final. E essa garota representa muitas pessoas do mundo. Em alguns momentos somos os colegas, ou os colegas dos colegas. Em outros somos a menina, que independente da idade, se mantinha jovem e alegre para a vida. E cuidado... sempre vai chegar alguém obscuro pra entristecer seus dias. Pode ser uma pessoa, uma situação, uma perda, uma doença. Só não deixe que sua luz apague. Mas o que fazer com a luz, depende apenas de cada um. Seja luz.

Leca Castro - 22/08/14

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