30/10/2012


Vou me descobrindo quando aparecem adversidades no caminho. Recebo a notícia que um amigo faleceu e imediatamente faço uma oração por ele. Só então deixo o coração pesar e doer um pouco. Sempre dói. Por mais que eu tenha lidado com a morte na minha profissão, por mais que eu tivesse consciência que seu desenlace estava bem próximo, dói. Mesmo sabendo que ele está bem.

Então por que dói? E é aí que me descubro. O motivo de ficar desse jeito é o egoísmo que carrego. Não querer que ele se vá é pensar em mim, na minha perda, na minha saudade. Enxerguei também traços em mim de inveja. Sim, inveja. Não que eu deseje morrer ou apressar minha morte. Não. Mas invejo sim quem já está indo por estar realmente na hora de ir. Quem passou por essa etapa e chegou na reta final, triunfante por ter ultrapassado as barreiras das dificuldades e das dores. Eu não peço para que minha morte se apresse, mas confesso que desejo que esse momento não demore muito. Não tenho mais vontade desse mundo nem de gente. Só vejo sofrimento, gente má, dores, incompreensão. Isso tira todo meu tesão pra continuar. Se não fosse minha crença, aí sim eu acho que estaria afundando em depressão e entregando os pontos. Sinto que não consigo me explicar e que estou me perdendo na lógica desse texto, mas não importa. Quem não entender desejo apenas que respeite.

Está aí a prova do meu egoísmo. Peguei a dor da perda do amigo e desfiei um rosário sobre mim. Sei que ele está bem e que será muito bem recebido. E que me espere. Junto com meu avô querido. Um dia vamos nos abraçar e respirar com alívio pelas expiações vividas. Essa é a minha crença. E é nela que me baseio. Fique bem, amigo.

Leca Castro - 30/10/12

29/10/2012

Peço desculpas, mas irei repostar um texto que escrevi ano passado, frente ao falecimento de uma pessoa importante para mim. E acho que irei repostá-lo sempre que precisar lembrar de seu conteúdo. Espero que seja útil de alguma forma a quem vir a (re)ler.
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Enquanto estava na faculdade precisei aprender a lidar com a morte pois precisaria passar por esse enfrentamento na profissão que escolhi. No momento que essa matéria foi se descortinando pra mim entendi sua importância. Até então achava impossível ensinar teoricamente o que fazer com a dor da perda, mas depois pude entender a relevância de se estudar a respeito. E exatamente hoje vivencio dois tipos de perda em mim: a morte física, pois acabo de perder um amigo, e a morte em vida, pois também acabo de perder mais pessoas e preciso lidar com isso.

E é exatamente agora que tento relembrar minha teoria da graduação e acabo recordando da psiquiatra Elisabeth Kubler-Ross que classificou a experiência com a morte em cinco estágios e creio que sejam válidos quando sabemos da nossa morte em breve, quando é morte física de um ente querido e por que não quando acontece a morte de uma relação em vida, analisem comigo se não há um perfeito encaixe.
O primeiro estágio é chamado de negação e isolamento e são mecanismos de defesa do nosso consciente diante da dor. A duração e intensidade são variáveis mas não costumam durar muito tempo. (Ao perder um amigo/amor nossa primeira reação não é essa de imediato?)

Mais rápido do que imaginamos, entramos no segundo. É o estágio da raiva. O consciente não consegue manter a negação e o isolamento e então brigamos com todos e tudo, hostilizamos, somos agressivos, nos revoltamos. "Por que eu/ele?". Momento em que a angústia vira raiva pela interrupção da vida. (Num rompimento de relação também sentimos essa raiva por dentro. Ou ela existe pelo outro, por ter gerado sofrimento em nós ou existe por nós mesmos. Sentimos raiva por termos permitido a entrega, incondicional.)

E chegamos no terceiro momento: a Barganha. Essa fase acontece quando entendemos que, mesmo deixando de lado a negação e o isolamento, mesmo a raiva não ter sido solução, precisamos fazer algo. E começamos a barganhar com Deus. Mas fazemos isso em segredo. Mas vejam, o que temos de valioso a oferecer a Deus, para o "sacrifício", já que não temos mais a vida para ser negociada? E essa barganha vira súplica e promessa. Uma tentativa de adiamento. E para barganhar com Deus é necessário estar sereno e dócil, sem hostilizar ninguém. (Na prática é quando pedimos ajuda a Deus ou a algo que acreditamos como Superior a nós. Queremos sair do processo, deixar a dor, respirar. E aqui, bem no meio dos estágios, muita gente pára. As pessoas gostam desse tipo de dor e não percebem que se adiantam rumo ao precipício do sofrimento. Descobrem que não adianta negociar e entram no próximo nível).

Após descobrir que nada funcionou, nem mesmo a barganha, nos encontramos no penúltimo estágio, que é o da Depressão. Não há como negar a perspectiva de morte nem mesmo a morte em si. A debilidade toma conta, a falta de perspectiva é dolorosamente sentida. Negar não adiantou, agredir e se revoltar também não, fazer barganhas não resolveu. E então chega o sentimento da perda trazendo em si a dor psíquica da realidade dura, a consciência de que nascemos e morremos sozinhos. Somos puro desânimo, desinteresse, apatia, tristeza, choro. (E aqui faço um adendo. O ser humano parece gostar de sofrer. A maioria entra na fase depressiva e não sai dela. Não porque não consiga, mas por achar que assim conseguirá atenção e carinho. Esquecem que carência é algo mais sério e transformam um processo em vitrine de sentimentos. Essa exposição torna-se caótica e a falta de respeito e amor-próprio domina. Sim, algumas pessoas não saem dessa fase porque não querem).

Chegamos ao último estágio: Aceitação. Não existe mais o desespero, nem fuga da realidade. Chegou a hora de repousar, descansar. Sentimos conforto por quem vai/foi. (Entendemos, nesse ponto, que uma relação se finda independente do que sentimos. Se uma pessoa se vai não tem como continuar convivendo. Deixe-a ir. Apenas envie pensamentos e sentimentos de amor, carinho, compreensão.)

E foi muito bom escrever sobre isso e relembrar cada passo. Foi a forma que consegui para passar correndo pela depressão e chegar no nível de aceitação. Eu aceito a morte do meu amigo e agora, aceito também as mortes que vão acontecendo em mim. Meu achismo não trará ninguém de volta por mais que eu não consiga ver a culpa em mim. Isso também não importa mais. Quem eu amo se foi de mim. Ponto.

Leca Castro - 14/12/11 
Venho sentindo falta de silêncios ao meu redor. Todos os dias é muita movimentação, muita gente falando, telefone tocando sem parar e interfone que adora gritar. Coisas mil acontecendo aqui dentro, mas não consigo me ouvir. Não é algo fácil de ser feito e os ouvidos da alma são sensíveis demais. Qualquer distração e puf! E pra piorar não há como recomeçar de onde parou, sempre preciso recomeçar do começo. E tenho a sensação de que estou gritando por dentro e precisando ser ouvida. Quero voltar a ter madrugadas insones. Isolamento de gentes. Ficar a sós. Ficar só. Ando queimando e não consigo um refresco. Não há vento que me amenize. Preciso me resfriar por fora e tentar esfriar por dentro. Dormir de concha comigo mesma. Abraçar meus joelhos e chamar a tempestade. Não chove aqui há muito tempo e a aridez me agoniza. Meus olhos doem tamanha secura. Não vejo a hora de voltar a transbordar.

Leca Castro - 29/10/12

28/10/2012


O dilema de sempre, sempre volta. Falta ainda muito entendimento para saber se é hora de deixar ir ou se ainda vale a pena tentar. E por egoísmo eu tento. Quisera conseguir ser altruísta e deixar ir. Quisera ter perspicácia e saber que, se houve conquista, o que se vai acaba voltando.

E por orgulho não há volta. Mesmo havendo conquista. E por orgulho não se aceita de volta, quando volta. E por tudo ser sempre maior que o amor, acontecem os desencontros. Enganamos os outros e a nós mesmos quando afirmamos amar mais que tudo. Só amamos muito quando tudo está bem, quando tudo está estável. Mas quando as divergências vão aparecendo o amor simplesmente se desgasta. E de tanto se desgastar o amor que era grande vai esmorecendo. Diminui e fica tão pouco que não dá mais pra dividir. Passamos a amar sozinhos. Dedicamos o pouco que temos a nós mesmos. O outro deixa de ser "nós" e nós passamos a ser "eu". E meu umbigo vai bem, obrigada.

Leca Castro - 27/10/12

26/10/2012

Clique para ampliar. Tirinha do Fábio Coala. http://mentirinhas.com.br

25/10/2012


O tempo vai passando e sua presença se torna mais distante. É como se sua imagem recebesse pinceladas de cal e fosse ficando, aos poucos, opaco em minha retina. Sei que vai achar estranho, mas eu conseguia te ver, nitidamente, ao meu lado. E fazia isso com meus olhos abertos. Olhava para o sofá e revia nossos momentos juntos, nosso amor contido, nossas mãos entrelaçadas. E eu sorria sozinha quando enxergava você ali comigo. Algumas vezes em que passo pela portaria do prédio consigo ver nosso abraço de despedida das noites de sábado. Durava minutos, lembra? E depois eu ficava só, vendo você se distanciando até dobrar a esquina. Mas a cal vem te encobrindo. E tenho muito medo que essas lembranças vivas fiquem cimentadas ao longo do resto do meu tempo.

Mas quando penso em você com meus olhos fechados, ah! É como se o tempo não houvesse passado. Nem cal e nem distância fazem sua imagem esmorecer em mim. Consigo enxergar cada detalhe seu: os olhos, seus dedos (lindos!), sua boca, sua pinta, seu sorriso (inesquecível), sua cicatriz. É tão nítido que até assusto. Faz um bem danado rever cada detalhe. Um bem que dói. Mas não consigo me livrar desse lado masoquista quando se trata de você. Aprendi a lidar com dores diversas em minha vida e em mim, mas a dor de você não encontro o melhor jeito. Ou talvez eu não queira. Se a única forma de ainda te ter comigo for através de dores, e se para reviver você comigo e em mim eu precisar senti-las, eu aceito. Aceitei há tempos. Aprendi a não extrapolar e deixar cair em sofrimento. Já sofri demais por mim e por nós. Agora deixo apenas que doa. É como um estímulo, um choque. Me mantém viva. E nessa minha visão da memória, cal nenhuma vai te ofuscar. Que meus olhos abertos virem cimento com a sua visão, mas os olhos de minha alma sempre te verão aqui comigo. Sempre presente e transparente.

Leca Castro - 25/10/12

24/10/2012


Acordei desanimada e sem motivação alguma pra sair da cama. Aliás, o que me tirou de lá foi o calor que nem o ventilador deu conta de amenizar. Tem dias que amanheço assim: querendo que continue noite. Motivo nenhum específico, apenas falta de vontade. E acho que todo mundo deve se sentir assim às vezes, principalmente quem tem suas atividades bem limitadas, como eu.

Daí que me esforço, levanto e começo a resolver pequenas pendências. E aos poucos o dia vai engrenando. Eu sei a fórmula pra que tudo funcione, mas quem diz que é fácil colocá-la em prática? Certo, não é. Mas justo hoje, que queria ficar morgando na preguiça, a vida - pra variar - dá um jeito de me dizer que não dá pra ficar quieta. Logo aparece alguém com alguma tarefa inadiável ou algo importante pra ser feito. E lá vou eu resolver pequenos pepinos. Falando nisso, por que problemas levam a alcunha de pepino?

Estou chegando na metade do dia e já foi bem produtivo. À tarde quero ficar só espreguiçando. Ando muito cansada de não fazer nada de muito útil. Ficar à toa cansa. Minha mente precisa de ocupação, meu corpo também apesar de me frear bastante, e minha vida anda precisando de uma chacoalhada. Pra melhor, claro. E termino aqui, uma sessão desabafinho. Hoje não quero escrever. (risos)

Leca Castro - 24/10/12

23/10/2012



Pode ser que tudo não passe de ilusão minha, sabe como funciona o coração, não? A gente sente e acha que o outro sente também, porque assim nos convém. E por eu ainda te amar tanto vou continuar achando que você também me ama, tal qual a última vez que falamos sobre amor. E acreditarei até o dia em que ouvir de forma clara e direta que amo sozinha. Só quando me disser que não sente mais amor por mim. Até lá, ficarei com sua última fala.

Então por que não invisto mais? Por que não luto por você, pelo nosso amor, pela gente? Seria o óbvio a se fazer, pois nunca acreditei que as boas coisas caíssem do céu. Sempre acreditei que deveria me esforçar, mesmo que você não fizesse o mesmo. Mas eu desisti. De te amar, não. Nem sei como isso seria possível. Mas desisti de lutar. Desisti de tentar fazer dar certo. Por isso que na sua última tentativa de aproximação eu coloquei uma máscara fria e procurei transparecer uma certa distância.

É que não tenho mais estrutura para esse nosso jogo. Esgotei todas as minhas artimanhas e não possuo mais armas. Sim, resolvi me desarmar e agora uso apenas um escudo. Não dou conta mais de viver alimentando minha imaginação e já me esburaquei tanto por dentro que não há mais chão. Por dentro virei um abismo. Cada pensamento dirigido a você, cada lágrima que deixei rolar, cada frase dita e escrita, tudo isso foram pedaços de mim direcionados a você. Tem dias que me sinto oca.

E por isso não dou conta mais de jogar. Hoje estou tão sem norte que preciso de colocações e frases diretas. Preciso de direção. Preciso de caminho certo com placa indicativa contendo setas. Sinto que não dou conta mais de atalhos nem bifurcações. Só conseguirei ir adiante se souber meu destino final. E no fundo, uma coisa continuará a mesma de sempre: permanecerei esperando.

Leca Castro - 23/10/12

22/10/2012


Assistindo a um episódio de seriado ouvi uma frase lindíssima: Quando alguém solta da sua mão, você a tem de volta. E é verdade. Enquanto estamos junto de pessoas a quem ajudamos, nos sentimos bem. Isso é o amor em ação. Mas quando alguém recusa ou dispensa nossa ajuda, isso no fere. Dói. Mas é apenas nosso orgulho tentando ser maior que tudo e tampando nossa visão. Raramente teremos alguém que fique conosco sempre e para sempre.

Quando uma pessoa solta de nossa mão significa que ela está pronta para andar sozinha. Fizemos a nossa parte e é necessário deixar que se vá. Assim é o amor. Ele não aprisiona, não dá nó apertado. Precisa ser laço. E quando alguém solta nossa mão, temos ela de volta. Temos nossa mão liberada para que possamos voltar a cuidar melhor de nós mesmos, ditar novos rumos, seguir adiante. Assim é a vida.

Não queria que pessoas se fossem, mas elas vão. Nunca me sinto pronta pra isso e sempre vou ao chão. Na maioria das vezes levanto sozinha, mas em algumas preciso de ajuda. É a hora em que minha mão está disponível e à espera de outra mão estendida.

Leca Castro - 22/10/12

21/10/2012


Ando com preguiça de gente.

As pessoas andam tão apressadas que não dá ânimo acompanhar seus passos. Falta tempo pra fazer coisas importantes, mas não abrem mão de algumas futilidades, que às vezes até são importantes, mas não todo dia e o dia todo. Andam com tanta pressa que acabam esquecendo o que realmente importa e pessoas de valor são deixadas pra trás.

As pessoas andam tão preocupadas com seu próprio bem estar que não há mais espaço para o cultivo de coisas externas. O trabalho do outro sempre é menos importante e os problemas também. Ninguém sofre mais do que elas próprias. Ninguém ama mais que seus próprios corações. São tão preocupadas consigo mesmas que todo mundo é bem menos que qualquer coisa.

Claro que também me enquadro nessa multidão. Seria hipocrisia dizer que não. E acho que por saber disso é que estou tão cansada de conviver e ver no outro o reflexo daquilo que sou. É por saber disso que ando com preguiça de gente. Ou melhor, não ando mais, por pura preguiça. Tenho preguiça de mim.

Leca Castro - 21/10/12

19/10/2012


Eu tenho medo da velhice. Sempre tento acumular algum crédito na vida para ter direito a um desejo poderoso. E esse desejo sempre é o mesmo: não quero perder minha sanidade. Prefiro me ausentar do mundo aos sessenta (no máximo) do que aguentar até oitenta, sem saúde e sem consciência. O maior dom que possuo é a capacidade de pensar e sentir. E toda minha peleja até hoje é a tentativa de equilibrar os dois. Ficar sem a razão seria por demais doloroso, mais ainda que minhas dores que já fazem morada nesse corpo quarentão.

Não é da solidão que tenho medo. Não. É da dependência. Tenho medo de não dar conta de terminar minha garrafa de vinho. Tenho medo de não lembrar mais das músicas que conseguia tocar no violão, por não precisar mais dele. Tenho medo de assistir a um filme muito bom e não mais chorar com seu personagem. Tenho medo de que toda lembrança guardada na caixa se torne apenas matéria bruta. Tenho medo de não dar conta de fazer meus próprios curativos. Tenho medo de não conseguir sair de meus abismos. Tenho medo de me perder em mim.

Não quero que meu sentimento caminhe sozinho, sem rumo e sem companhia. Ser pouco racional já é difícil, imagine não ter razão alguma! Tenho medo da velhice. Que a vida já me traga todos os problemas que ainda preciso enfrentar e me salve dessa loucura. Continuarei acumulando meus créditos para garantir meu pedido único. Não me tire a sanidade.

Leca Castro - 19/10/12

18/10/2012


Minha maior conquista acho que foi conviver com a espera. Ou a expectativa. Sempre me mantive em posição de esperar uma resposta. Ou até mesmo uma pergunta. Mas sempre esperando. Desde que dei meu primeiro grande passo errado nessa vida, deixei de ter autonomia sobre mim e sobre a destinação da vida de qualquer pessoa que seja. Perdi esse direito. Apenas esse passo fez com que todas as ações decorrentes dele fossem desastrosas. E por mais que eu me arrependesse ou tentasse corrigir, o estrago estava feito. Inúmeros pedidos de perdão se perderam no tempo e no vento. A voz chegou a falhar e a caneta secou a tinta. Por isso o auto perdão é algo pra lá de difícil. Chega a ser complicado de entender.

Mas viver na expectativa e com ela é algo que dilacera até hoje. Coração vive aos saltos e a esperança depositada nas pessoas é alta demais. Não consigo fazer com que seja menos que isso. Ainda busco aquele momento em que a vida irá me sorrir, ou quando se diz que 'tudo passa'. Mas o momento ruim não passou ainda. Não tive mais sossego, não tive mais paz e só vivo aos sobressaltos. Como ser menos? Como exigir-se menos? Como precisar menos? É tudo muito "mais" ou tudo muito "menos". Só sei que é intenso, sempre. Qualquer demonstração de carinho é como se sentisse uma oferta de colo. Assim como qualquer demonstração de afeto negativa, vou ao fundo do poço. Extremos e exagerados. Por isso estou aprendendo a conviver com a espera. E sigo esperando que alguém (ou a vida) me aquiete de vez.

Leca Castro - 18/10/12

17/10/2012


Acredito que tudo que nos aconteceu durante esse tempo em que estamos afastados, aconteceria independente do rumo dos nossos caminhos. Você teria seu emprego e eu teria minhas doenças. Seus cabelos sumiriam e eu deixaria de tocar o violão. Acho que a única coisa que mudaria seria meu sentimento de ser só. E claro, só posso falar por mim. E na solidão a gente arruma mil coisas a se agarrar, a se prender. Eu me segurei em tantas artimanhas que em algumas eu me perdi. Quem pode me culpar de fugir da realidade nas vezes em que sua não presença doía forte? Ainda não aprendi a manusear minha vida com sua ausência e nem sei se um dia aprenderei. Aliás, não sei se quero aprender. Até a sua falta é melhor que nada, me entende? Tudo, tudo, sempre será melhor que nada. Seu desprezo, sua raiva, minha insignificância, sua escassez, sua pouquidade. Consegue enxergar que qualquer uma dessas coisas ou todas elas sempre serão algo? E sim, me agarro a todos esses algos nessa minha solidão de você. Porque nada soube preencher seu lugar, seu espaço. Tudo está aqui, intacto. Até as estrelas ainda levam meu riso e, caso não mais as perceba, elas também balançam os guizos. E caso ainda assim não as ouça, tudo bem. Continuará a ser doce olhar o céu. Assim como continuarei a me sentir só. Sentir tão forte a sua falta me fez cometer erros e escorregões, mas hoje vejo que foi por causa da visão embaçada. Não há como enxergar direito e com clareza em meio a tempestades, por mais que tente se proteger. Mas eu nunca quis. Sempre me deixei molhar até os ossos. Queria me sentir alagada, por dentro e por fora. Ainda faço isso. O que mudou? É que hoje eu aprendi a trazer a solidão para junto de mim. Em tudo o que faço a levo junto. Fiz dela minha companheira e é com ela que converso. Ela sabe tudo de nós, mas principalmente de mim. Talvez um dia você precise dela e então saberá todas as confidências que eu fiz. Ela te dirá tudo que eu nunca consegui. A solidão anda abraçada com quem ama sem par.

Leca Castro - 17/10/12

16/10/2012

Hoje deixarei com vocês um texto de Vinícius de Moraes, que se encontra no livro Para Viver um Grande Amor. Vinícius exprime com maestria o que pensa sobre a solidão e eu sempre pensei dessa mesma forma. Nada mais justo que eu o traga aqui para que fale por mim. Espero que se deliciem comigo.


Da Solidão

Sequioso de escrever um poema que exprimisse a maior dor do mundo, Poe chegou, por exclusão, à idéia da morte da mulher amada. Nada lhe pareceu mais definitivamente doloroso. Assim nasceu "O corvo": o pássaro agoureiro a repetir ao homem sozinho em sua saudade a pungente litania do "nunca mais".

Será esta a maior das solidões? Realmente, o que pode existir de pior que a impossibilidade de arrancar à morte o ser amado, que fez Orfeu descer aos Infernos em busca de Eurídice e acabou por lhe calar a lira mágica? Distante, separado, prisioneiro, ainda pode aquele que ama alimentar sua paixão com o sentimento de que o objeto amado está vivo. Morto este, só lhe restam dois caminhos: o suicídio, físico ou moral, ou uma fé qualquer. E como tal fé constitui uma possibilidade - que outra coisa é a Divina comédia para Dante senão a morte de Beatriz? - cabe uma consideração também dolorosa: a solidão que a morte da mulher amada deixa não é, porquanto absoluta, a maior solidão.

Qual será maior então? Os grandes momentos de solidão, a de Jó, a de Cristo no Horto, tinham a exaltá-la uma fé. A solidão de Carlitos, naquela incrível imagem em que ele aparece na eterna esquina no final de Luzes da cidade, tinha a justificá-la o sacrifício feito pela mulher amada. Penso com mais frio n'alma na solidão dos últimos dias do pintor Toulouse-Lautrec, em seu leito de moribundo, lúcido, fechado em si mesmo, e no duro olhar de ódio que deitou ao pai, segundos antes de morrer, como a culpá-lo de o ter gerado um monstro. Penso com mais frio n'alma ainda na solidão total dos poucos minutos que terão restado ao poeta Hart Crane, quando, no auge da neurastenia, depois de se ter jogado ao mar, numa viagem de regresso do México para os Estados Unidos, viu sobre si mesmo a imensa noite do oceano
imenso à sua volta, e ao longe as luzes do navio que se afastava. O que se terão dito o poeta e a eternidade nesses poucos instantes em que ele, quem sabe banhado de poesia total, boiou a esmo sobre a negra massa líquida, à espera do abandono?

Solidão inenarrável, quem sabe povoada de beleza... Mas será ela, também, a maior solidão? A solidão do poeta Rilke, quando, na alta escarpa sobre o Adriático, ouviu no vento a música do primeiro verso que desencadeou as Elegias de Duino, será ela a maior solidão?

Não, a maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, e que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro. O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e de ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes da emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto da sua fria e desolada torre.

(Vinícius de Moraes)


Aquele momento que você lê um trecho de um livro e se perde. A mente vai até algum momento vivido de sua vida que foi marcante em algum ponto. Eu li um parágrafo do capítulo "Desejo Não é Carência" do último livro do Carpinejar (Ai meu Deus, Ai meu Jesus) e admito que fui longe. Não na fala dele em si, mas nas lembranças que elas me fizeram despertar. E é por isso que incentivo a leitura. Os benefícios são imensos, entre eles: a melhoria do vocabulário, o aprendizado da gramática, o desenvolvimento do raciocínio e da sensibilidade, as viagens. Principalmente as viagens. Abrir um livro é como abrir uma janela, que te possibilita enxergar mundos além dos seus. Mas degustar a alma do autor é abrir portas. E transpô-las até onde sua mente e seu coração assim o permitirem. E é aqui que digo: permita! Não há sensação igual, não há momento parecido. Cada viagem é única. E então você volta e consegue ver o seu mundo com outra cor, com outro (ou algum) brilho. Permita! É como se o cérebro fosse exercitado. E é como se o coração fosse ressuscitado. A energia se renova, o ânimo melhora, a cabeça se levanta. Alguns dirão que exagero. E eu confirmo, exagero sim. Mas alguns também irão concordar. E sentirão meu exagero como algo natural. Quem concorda é porque já abriu janelas e não se contentou. Precisou abrir portas e sair. Sair de si, viver por dentro e pra dentro. E voltar. Voltou e se sentiu exagerado, como eu. Quer uma dica? Permita.

Leca Castro - 16/10/12

14/10/2012


E a dificuldade em abrir mão dos momentos de prazer em prol de momentos de crescimento? Investimos nosso tempo e nosso coração em pessoas, acreditamos que elas saberão fazer as escolhas corretas. Cultivamos e vamos nos abrindo. Há abertura da outra parte também. Então, confiamos. Quando chega aquela hora em que precisamos do testemunho do outro, da prova de que toda a teoria vale na prática, somos trocados por efemeridades. Quem nunca?

E é assim que vamos colecionando as decepções na vida. Mas esse raciocínio só vale para quem consegue fazer o que cobra do outro. Só vale para quem sabe se doar de verdade, se entregar. Trocar seu tempo em prol da necessidade do amigo. Se você realmente consegue abrir mão da diversão para ajudar quem lhe é caro ao coração, você descobriu o caminho da consciência leve. E se o outro não consegue lhe retribuir, não esmoreça. Em algum instante aparecerá um outro como você, que saberá se disponibilizar, saberá se entregar. E então contradiga o começo desse texto e faça momentos de prazer serem também momentos de crescimento.

Leca Castro - 14/10/12

13/10/2012



Nada que sai da nossa vida sem que seja da nossa vontade, sai à toa. Muito menos pessoas. Mas como somos imediatistas - e egoístas - não conseguimos perceber que por detrás dessa situação pode estar escondido algum propósito. Usualmente as lágrimas embaçam a visão. A verdade é que sempre encaramos como perda algo que pode vir a ser um ganho.

Perdeu um trabalho mesmo sendo um bom funcionário? Olhe em volta e procure. Pode ser que alguma oportunidade melhor apareça. Perdeu um parente para a morte? Entes queridos costumam virar nossos melhores amigos após o desenlace. Passamos a conversar e nos expor muito mais com eles. Perdeu, em vida, alguém que considera muito? Oportunidade de repensar: é alguém que realmente te impulsiona para frente? Espere uns dias e volte a medir o tamanho da dor.

Todo nó que damos nos amarra. Todo laço que fazemos nos abraça. Necessário desatar amarras e promover abraços. Permita que os nós se desfaçam e traga para si apenas o que por si só aceita ser laço. Enlace coisas boas. Enlace corações.

Leca Castro - 13/10/12

12/10/2012

Quando minha avó dizia que é de pequenino que se torce o pepino, eu imaginava mil significados para essa expressão. Hoje sei que algumas atitudes quando novo em idade só demonstram o tipo de indivíduo que você será no futuro. Se quando criança tiver uma índole má, deve ser ensinado que não se pode fazer algo de ruim ao outro. Mas se na adolescência essa índole ainda existe, e pisar e desprezar a fala e o sentimento alheio for algo fácil de ser feito, então torna-se preocupante os reais valores de tal criatura. Achar-se soberano na verdade e desprezar a verdade do outro pode ser uma coisa desastrosa. E como sempre digo no que escrevo, para mim, a base de toda relação não é o amor, mas o respeito. Amor é consequência. Sem essa base, amor nenhum sobrevive. Cultivar bons momentos, enriquecer encontros e bendizer desencontros são processos do crescer que não tem idade limítrofe. Saber dizer adeus na hora certa também é sinal de crescimento. Deixe ir quem não sabe permanecer. Depois que cresce, só com muito esforço para enxergar o espaço do outro, suas motivações e seus problemas. Quem não cresce fazendo isso, será um solitário. Não de pessoas, mas de si mesmo.

Leca Castro - 12/10/12

11/10/2012



Vidas se entrelaçando em outras vidas.
E nesses entrelaços vidas comuns vão surgindo,
além da minha, além da sua.
Agora existe uma vida nossa.

Leca Castro - 11/10/12

10/10/2012


Quem se importa com a cor da blusa que escolhi para hoje? Na verdade preferia que se importasse comigo, com a cor que acordei, com a cor que meus olhos estão refletindo, com a cor que amanheceu pintado o meu coração. A blusa só serve para cobrir o corpo, esse objeto condutor de prazer e que serve para transportar minha alma de um canto a outro. Mas você não percebe que o único lugar que queria deixar minha alma é em você. E que hoje ela amanheceu desbotada, suplicando por vida. Tanto faz a cor da minha blusa, se minh'alma desbotou.

Leca Castro - 25/04/12
(repostagem, mas sou eu hoje)

09/10/2012

Somos como cartas vivas. Escrevemos nossa história com o papel da alma e a caneta de nossas ações. E nessas missivas pouco adiantam as palavras bonitas, as rimas bem feitas ou a teoria literária. O que conta mesmo são as frases ditas que apedrejam ou levantam, as mãos que estapeiam ou as que sabem enlaçar, as pernas que aumentam a distância ou as que aproximam, os olhos que faíscam ódio ou os que suplicam carinho, o seio que desperta apenas prazer ou que sabe acolher, a genitália que distribui sexo ou que convida ao amor, o coração que se endurece mais que pedra ou o que se machuca por tanto amar. Cabe a mim, cabe a você, escolher o tipo de carta que quer continuar lendo e o tipo que pretende continuar sendo. Vamos aperfeiçoando nossa letra, nossa escrita, nosso conteúdo ou vamos decaindo em tudo até que sejamos dignos de ir ao lixo? Somos cartas que transparecem realmente nossos valores e, o mais bonito disso é que, para essa escrita, não existe borracha.

Leca Castro - 09/10/12

08/10/2012

A vida não dá tréguas. E é quando menos se espera, que as coisas acontecem. Boas ou não.

Respirar fundo nos intervalos dos acontecimentos é o mais viável. Sugar todo o ar possível para que o pulmão se reabasteça. Na maioria das vezes ficamos sem ar perante as surpresas impostas.

Deixar o coração bater ritmicamente nas pausas. No acelerar dos embates mal notamos a taquicardia emocional que nos acomete. E bate tão fora do compasso que costuma sangrar pelos olhos.

Descansar a mente entre um dia e outro faz-se necessário até. Nunca sabemos o quanto será preciso desprender de energia para se pensar no que já foi e no que está sendo. A cabeça lateja quando precisamos entender o que virá a ser.

É lindo teorizar sobre passado, presente e futuro. Mas na prática não há como não se basear no que foi feito para que se faça de uma forma melhor. Confuso, não? Para quê? Para que seja diferente e sem tanta dor. Se não isso, por quê viver? A concepção de errar e que se dane o resto não cabe mais. Só justifica-se o erro se for para tentar diferente na oportunidade seguinte. Tolos egoístas somos em achar que sempre temos razão e querer que os outros concordem com nosso ponto de vista. Tolos! Sem objetivos, sem pensarmos além do que hoje é o presente, seremos sempre tolos e inconsequentes.

Viver é mais que respirar, mais que deixar bater o coração, mais que pensar. É urgente a necessidade de tomar fôlego, de sentir sem exasperar, de pensar com foco. Urgente. A vida nunca espera a gente achar que está pronto.

Leca Castro - 08/10/12

07/10/2012


Sinto meus braços do tamanho da minha disposição: pequenos. Falta-me ânimo para estender mãos. Faltam motivos para abraços.

Sinto minhas pernas de acordo com os laços que me unem a outros: bambas. Não consigo saber a intensidade certa de uma relação. Ou aperto muito e perco, ou afrouxo demais e perco da mesma forma. Minhas pernas não me sustentam.

Sinto meus ombros da mesma forma que sinto minha consciência: pesados. Manter uma postura ereta frente a tantas dores só desperta mais dor. E a razão lateja tanto que a cabeça enverga. Cabeça e ombros apontam ao chão.

Sinto em meus olhos a mesma sensação que bate em meu peito: ardência. Enquanto os olhos ardem  por constantes tempestades, o coração arde por intenso fogo eterno. Queimaduras extensas em ambos. Cicatrizes e remendos.

Muitos sentires que não cabem mais guardados. Intensidades que andam juntas, em conjunto. Nada mais costuma bastar. Nem uma mesa no bar, nem cigarros entulhando no pulmão, nem o uísque que descia manso, nem o vinil do Chico, nem as fotos daquela caixa. Em tudo tem muito, mas em tudo sobrou nada. E no nada permaneço.

Leca Castro - 06/10/12

05/10/2012

Em qual noite a gente se perdeu? Qual dessas madrugadas insones marcou nossa partida? Ainda vou até a janela esperando que você mande um recado pela lua e que diga que está voltando. Bem sei que voltas são complicadas, há que se renunciar muita coisa. Mas ainda tenho esperanças de que ache que valha a pena. Que a gente é algo que vale a pena reviver. Que vale a pena sentir de novo sem ressentimentos. Que vale a pena recomeçar e fazer que dê certo. Crescemos. Não somos os mesmos de outrora. Vivemos. Sentimos (até demais). Tivemos momentos felizes. E de tristezas. Sorrimos. Sofremos. Claro que não somos os mesmos. Que isso sirva de estímulo para que me procure novamente. Porque eu não mais baterei por aí. Foram tantos "nãos" que mais um e sou capaz de não conseguir me erguer novamente. Já não é mais o orgulho. É desesperança. Sei que cresci e muito aprendi. Até me conheço melhor e descobri os valores que tenho. As imperfeições? Continuam, algumas de forma mais branda. Mas não mais abrirei mão de saber do meu lugar no mundo, no seu mundo, no meu mundo. Quero apenas que "mais uma chance" se aplique a nós. E que seja em breve, pois o tempo não é mais aliado, virou vilão. E só você para ser o mocinho da nossa história e encerrar esse duelo de vez. Chega de postergar. Esse é mais um texto que sai rasgando. Sangrando. Volte?

Leca Castro - 05/10/12

04/10/2012

Minha cachorra andou aprontando enquanto eu labutava na cozinha. Tá, nem labutei tanto porque saiu apenas um macarrão com molho de salsichas, mas não vem ao caso esse detalhe. Terminado meu feito, voltei ao quarto e vejo minha cama toda suja, com três manchas de vômito. E adivinhem meu primeiro sentimento? Não me julguem, mas foi de raiva. Sim, raiva porque eu teria que trocar toda a roupa de cama. Raiva porque provavelmente meu colchão também havia ficado sujo. Raiva porque ela não vomitou por ter tido algum problema sério, mas por ter lambido bastante o chão e ingerido o que não devia. E ela, olhando para a minha cara de raiva, e adivinhem! Sim, o rabo voltado para o chão. Sabe aqueles olhinhos do Gato de Botas? Ela consegue fazer igual. Disse a ela umas verdades, retirei a roupa toda e fui buscar uma limpa. Fiz todo o trabalho com ela aos meus pés, me rodeando. Após o almoço entrei para o quarto e fechei a porta, não queria ela na cama novamente. E agora, final do dia, adivinhem de novo... Estou na cama com o notebook. E ela? Ao meu lado com a melhor cara do mundo. Não tem como resistir. Amo demais essa cachorra!


03/10/2012


Eu queria ficar um tempo sem escrever para você. Ou sobre você. Tolice minha, não?

E hoje sinto que se for tentar colocar algo aqui, será meloso e bastante clichê. Deixarei então essas poucas palavras por agora e um vídeo com uma canção maravilhosa. Para você.



Leca Castro - 03/10/12

02/10/2012


Quando eu digo que preciso de muito pouco para ficar bem, eu quero dizer muito pouco mesmo. Uma palavra, um gesto, um carinho. Não mais que isso. Coisas que custam o mínimo, na verdade. É que gosto de valorizar os pequenos detalhes, aqueles que as pessoas andam se esquecendo e que podem fazer a diferença no dia de alguém. Só passando bem por esses itens pequenos é que eu vejo valia nos grandes, como um pedido de desculpas, ou até mesmo um choro sincero. Mas por hoje estou bem apenas por ter conseguido sorrir novamente. Apenas por saber que faço falta de alguma forma no mundo, ou no mundo de alguém. Então, por um instante do seu dia, alegre o dia de alguém com algo que não te fará falta. Troque as palavras duras, sarcásticas ou frívolas, por palavras doces e de afeto. Com certeza você se tornará um pouco maior que ontem. Queira ser grande.

01/10/2012


Será que alguém ainda acredita que vai sobreviver no mundo, sendo egoísta? O corpo pode até viver por 80 anos, mas que alma sobrexistirá nele? Como a alma caminha, senão quando segura nas mãos de outras almas?

Se meu corpo se algema a outros corpos, a caminhada torna-se insuportável. São amarras que me impedem de ir além, de ter liberdade de atitudes, de tomar os rumos que acredito serem melhores. Dar as mãos é um gesto muito mais leve e com efeito muito maior, possibilitando um avanço na marcha da vida de maiores proporções. O segredo é ficar livre desses laços da matéria que nos prende a outros que se iludem também com essas amarras, erguer os braços em direção ao espaço celeste e sentir a liberdade no rosto. A partir daí, voltar a ter os pés no chão e olhar adiante, procurando por parcerias ao longo da estrada. Na estrada que escolho, encontrarei corações afins, com a mesma escolha que eu. Boa ou não. Basta me despir do orgulho e promover a aproximação. Segurar na mão do outro não é fácil. Nem quando a iniciativa é minha e nem quando a iniciativa é dele. É necessário que eu abdique de valores ultrapassados, que não me cabem mais, que não cabem mais nessa caminhada em conjunto.

As pessoas podem se unir a outras através de algemas, como o trabalho, as convicções, as convenções, a vida social, e mais inúmeras formas. Mas as almas só se unem pelos ideais. Se estes forem nobres, melhor. As almas se unem pelos corações.
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