28/07/2013

Um choro de dor se transforma em choro de desespero numa rapidez tão grande que você mal sabe onde um começa e o outro termina. É aquela sensação quando você chora porque alguém te feriu ou até mesmo pelo sofrimento de alguém que ama, e essa pessoa não sabe nem de meia lágrima derramada. Ou não se importa. E você chora sozinho sempre.

Quantas vezes choramos dores sozinhos? Quantas vezes temos receio em dizer o motivo do choro e sermos tachados de bobos, mesmo que por pensamento? Quantas vezes nos doemos solitariamente? E chorar, cansa. Se doar, cansa. Viver, cansa. E cansados vamos vivendo as dores. E revivendo.

Quando pequena achava que dentro de mim existia uma fábrica de lágrimas, um lugar onde elas são fabricadas. Claro que existe, mas na minha cabeça infantil era uma máquina que criava a parte molhada do choro. Desde pequena eu chorava muito. E sempre sozinha.

E minha própria história se repete desde então. Na infância, na adolescência, no casamento, na vida adulta, materna, feminina, profissional. E sei que será assim também na velhice. E na morte. E ninguém saberá um décimo dos meus choros. Choros esses que nunca fiz questão de esconder muito, mas quase nunca apareceu alguém pra perguntar algo sobre. Então a sensação de chorar sozinha é por isso. E o choro de dor vira desespero porque sei que a vida vai continuar e ninguém saberá que chorei um dia. Que chorei vários dias. Que choro hoje.

Leca Castro - 28/07/13

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