Eu tenho tentado.
Dentro de mim tenho feito um esforço enorme, tanto que em alguns momentos me sinto violentada, agredida. Por mim mesma, claro. É que tenho que lutar contra o desânimo, a tristeza, a desesperança, a falta de vontade, a dor moral e a dor física. Luto também contra o orgulho, o egoísmo, o apego, a procrastinação. E cada uma dessas lutas, acontecendo simultaneamente ou não, são muito, muito desgastantes. Tem noites que vou dormir e não consigo raciocinar direito, de tanto que já pelejei aqui dentro.
Quem me vê, consegue enxergar apenas o retrato de uma mulher na casa dos quarenta, com um corpo em recuperação de uma doença (que não recupera nunca), e que tem boa conversa e um sorriso frouxo. E que não curte muita maquiagem, cremes, roupas da moda, sair, beber e etc. Essa sou eu por fora.
Tudo que eu queria era ser transparente uma única vez, pra alguém especial, que pudesse me ver por um dia apenas. Que enxergasse todos esses conflitos que me assolam. Que visse que por dentro, sou uma tempestade de lágrimas, de arrependimento, culpa e que não sabe ainda abrir mão do orgulho pra se auto perdoar. Que notasse como sofro ao ver outros sofrendo e como tenho consciência de tudo que já provoquei e que sofro a consequência atualmente. De como não consigo simplesmente respirar e encarar tudo isso com mais tranquilidade. Com menos passionalidade.
Essas são minhas dificuldades. Dinheiro? Conta pra pagar? Isso é passageiro, vou atrás e consigo. Não me tira o sono. Mas tentar tudo isso que descrevi, travar diariamente essa guerra íntima, e só eu saber o quanto eu tenho tentado, isso sim me consome. E quando tomo resolução de algo e começo a colocar em prática, vem a vida e me força a voltar. E isso tem minado minhas forças de um jeito que não sei o que fazer. Olho em volta e não vejo ninguém que enxergue minha transparência. Ninguém que tenha olhos de ver.
Mas eu juro... tenho tentado.
Leca Castro - 13/02/14
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Já já eu libero ;-)