31/12/2012


Eu sei que poucos que realmente me conhecem, lerão esse texto. Eu não o divulgarei. E também, a grande maioria das pessoas têm preguiça de textos grandes e esse com certeza ficará. Mas se não escrever e publicar, ele não sai de mim. E eu preciso que saia. Eu preciso me livrar desse peso. Mesmo que não seja compreendida através dele. Mesmo que ele seja uma bagunça tão grande quanto eu mesma. Mesmo que só eu o entenda.

Não sei o que desejar para 2013. Eu não sei o que posso realmente desejar pra hoje. Eu não sei se desejo chegar em 2014. Venho dando tempo à vida para que ela se ajeite e eu possa voltar a vivê-la, mas tudo que começo preciso interromper. Cada dois passos que dou, sou obrigada a parar. Cada planejamento que faço, sou obrigada a interromper. E ser obrigada a não viver é o mesmo que morrer. Todo dia. A cada oportunidade perdida. A cada adeus não dado.

Não farei hoje um texto de votos de feliz ano novo. Há 4 anos não sei o que é ter um ano bom. Há 4 anos venho tentando ter um ano bom. Há 4 anos venho morrendo mais rápido. Parece paradoxal, mas há 4 anos a vida vem me matando. E viver sentindo a morte não é algo que me dê prazer. E disso eu realmente sinto falta: de prazer. Assim como sinto muitas outras coisas.

Não sou de dividir minhas inseguranças, meus medos, os traumas que sofri, as saudades que sinto ou meus dramas pessoais. As pessoas sempre me enxergam por aí sorrindo, falando bobagens ou coisas sérias, mas sempre com otimismo. Não sei falar de mim porque acho que esse é um tema que incomoda. E quando falo, já saio logo pedindo desculpas. É como se quem se dispusesse a me ouvir fizesse isso apenas por mim, como se fizesse um favor ou seu ato de caridade do dia. Ouvem mas não escutam. E por isso me fecho sempre mais. Crio ao meu redor barreiras como em represas. Muito pouca água consegue passar. Quando falo algo, pode saber... nesse momento libero as águas represadas, mesmo que sorrindo por fora.

Como sei que não irão me julgar por algo que não leram, posso escrever sem esperar retorno. Não quero retorno. Não quero que me digam que tenho valor, que sou importante. Não é assim que me sinto. Sei que tenho muito pouco a oferecer hoje, tão pouco que o termo nem seria pobre. Chego a ser miserável. Ninguém perto de mim consegue algo bom ultimamente, nem mesmo minhas palavras. E se ao invés de deixar escrito em algum canto que te amo eu disser isso a você em tempo real, na cara, essas são as únicas palavras sinceras que consigo dizer ultimamente. Sei que é amor por dizer e correr o risco de não receber de volta. É amor de verdade quando não preciso desse retorno. É doação.

Carpinejar postou agorinha um texto com isso no conteúdo: "Aprendo a amar amando, para entender que a maior declaração ainda não é o “eu te amo”. É quando alguém confessa: “Não consigo mais viver sem você." É isso que faz falta. A gente ama mas vive bem sem a pessoa. Mas o amor de fazer falta, esse é pra poucos. E eu faço parte dos muitos.

Por todo esse mundo de coisas que trago em mim e que não consegui expressar nem um décimo do que precisava, vou terminando. Ainda tenho muita coisa guardada, sufocada, que não consigo externar. Tudo que escrevi foi pouco, mas um pouco que saiu como a faca do Rambo... rasgando por dentro. Eu preciso fechar etapas da minha vida e não sei como. O passado sempre se faz presente e costuma ser meu mais fiel companheiro no cotidiano. Não sei encerrar ciclos. Por isso ultimamente tenho ficado sem argumentos, sem vontade de discutir, sem necessidade de mostrar meu ponto de vista, sem capacidade de achar que serei entendida. O desânimo toma conta e sinto desejo grande de encerrar o grande ciclo de uma vez só. Mas jamais teria coragem de fazer algo pra apressar meu fim. Por mais triste e desanimada que esteja. Por mais falta de perspectiva que tenha. Mas é um desejo.

Cansada de ler livros e ver filmes onde, por instantes, viajo pra outras vidas que não vou viver, sofro dores além das minhas, tenho esperanças de um futuro que não me pertence. Vontade absurda de continuar minha história, pôr os pés na rua, usar minhas mãos naquilo que sei fazer de melhor. E assim vou me sentindo encarcerada em mim mesma cada vez mais. Claro que não quero ninguém aqui comigo. Jamais traria companhia das pessoas que amo para se prenderem nesse meu mundo sem atrativos e inerte. Por isso sou assim. Distante. Não deixo que entrem.

Eu sinceramente não sei o que desejar pra 2013. Talvez a liberdade pra mim.

Leca Castro - 31/12/12

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12 comentários:

  1. Eu te amo com todas as minhas forças. A minha dor é tão grande qto a sua. E a saudade me rasga todos os dias.

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  2. não acredito que estou lendo isso...

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    1. Não achei que iria ler. Mas se lesse, achei que seria uma das poucas pessoas a entender. Já que leu, tem uma parte que escrevi pensando em você.

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  3. Talvez eu tenha entendido....mas não do jeito q esperava...n sei

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  4. A morte nos dá as mãos desde o nosso nascimento, você sabe disso muito bem, e já disse um sábio uma vez que pra morrer basta estar vivo. A gente morre a cada segundo, Leca, todos nós. A diferença é que cada um morre da sua forma, cada um vê a vida da sua forma. Eu não vim falar nada demais porque eu acho que tudo que eu disser vai ser como se eu repetisse o que você já ouviu (até de si própria) boas vezes, vim te contar uma novidade. Vou fazer uma tatuagem nova, ê! E é a seguinte frase: "A vida é da cor que você pinta.". Engraçado é que me perguntaram uma vez o que a gente faz quando não tem cores suficientes pra fazer um arco-íris, quando os lápis estão desapontados, quando você não os tem... Bem, há beleza no preto e branco também. E acho que é isso que eu vou te falar hoje: há beleza no preto e branco também. Eu sei que é difícil e eu te emprestaria meus olhos se pudesse para que você visse a vida da forma que eu gostaria que visse, mas não posso. Então vou lhe dar minha mão, pra andarmos juntas, e meu ombro, procê apoiar esse cansaço todo. De todos o meu coração, um novo ano de muita luz e muitos sorrisos verdadeiros pra ti! Muito amor, muito amor, muito amor. E paz. Muita paz. Cê não precisa publicar se não quiser. Um beijo enorme!

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  5. Rasga, Leca. Dilacera o esôfago, a garganta sangra e a cabeça literalmente. Mas não passa de uma dor boa.

    "Ouvem mas não escutam. E por isso me fecho sempre mais."
    "Por isso sou assim. Distante. Não deixo que entrem."

    Café, pão de queijo e conversa.

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    1. E é por isso que deixo a porta sempre aberta. Porque sinto falta...

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    2. Sentimos. Mas é sempre difícil de te encontrar. A sua casa é grande e eu estou perdido, oras! Apesar dos pesares, eu não sei por onde começar... E agora?

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    3. Ah, moço... seu lugar sempre será onde se aconchegar melhor. Não precisa me encontrar. Se você entrar, te acho em instantes.

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    4. Rs... Bem, fico feliz. Darei um jeitinho Leca. ><

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Já já eu libero ;-)

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