26/11/2012


É muito difícil acostumar a receber notícias boas. Exemplo maior é que nem sempre sabemos como reagir quando elas nos chegam. Não sabemos se podemos partilhá-las com algumas pessoas para não atrapalhar a tristeza delas. Ou para não atropelar a tristeza delas. Certo que umas nem se incomodam com isso e já saem gritando, correndo e balançando os braços enquanto alardeiam ao mundo sua felicidade, parecem bonecos de posto.

Mas me diz uma coisa... por que é tão fácil acostumar com notícias que são ruins? Até as reações fluem de forma mais solta: "ai, tô doente!", "bateram no meu carro!", "fui assaltada!", "fulano morreu!". E sempre com esse ponto de exclamação no final, como se as intempéries fossem sempre uma grande notícia. E não são. O certo seria falar baixinho, levar o ouvido de alguém até um canto escuro e sussurrar: "tenho um problema...". Com reticências. É o espaço que o outro tem pra te dizer se quer saber do seu problema ou se quer te contar da tragédia dele primeiro.

Mas toda notícia sufoca. A boa a gente quer logo dividir, mas a ruim, também. Tá, nem sempre, mas vai me dizer que se existe a pessoa certa pra te ouvir a vontade não surge? Alguém que não absorva a dose negativa para si e consiga ficar em equilíbrio pra que possa te ajudar a ficar de pé. Alguém que saiba te dar um colo sem frases clichês e necessidade de ficar falando sem parar. Alguém que até chore junto, mas que tenha o abraço mais aconchegante do mundo. Alguém que saiba ouvir o silêncio e enxergar as lágrimas secas. Daí tudo se descomplica. O problema continua igual, mas seu peso diminui. E isso é fundamental pra continuar a andar.

O negócio é aprender a selecionar quem tem condição de permanecer inteiro com nossas notícias ruins. Com certeza esses servirão para as boas também. E merecem. É importante não procurar milhares de pessoas pra caminhar junto, deixa de ser caminhada e vira passeata da sua vida. Mas é importante também não fazer esse trajeto sozinho. Ninguém nasceu pra ser assim. Só é só quem assim o deseja. Sempre tem alguém que se encaixa ao seu lado. Procure mais, nem sempre quebra-cabeças são fáceis. Dê a mão a alguém e continue.

Leca Castro - 26/11/12

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