31/12/2013

Não é que o ano em si tenha sido um desastre (apesar de ter sido). Mas foi bastante desequilibrado. Fisicamente. Emocionalmente. Financeiramente. Mentalmente.

Um ano cheio de decisões e indecisões também. Um ano de mudanças de valores e de atitudes também. E de não-atitudes. Um ano de algumas coragens e grandes covardias. Um ano de apostas e perdas. Pouquíssimos ganhos.

Não sou ingrata por não celebrar a vida, a vida não me deu motivos pra isso. Estar viva? Isso ser algo bom é relativo, não? Pra mim e pra outros. Alguns dirão ser egoísmo, até vou concordar, mas as dores que senti foram só minhas, ninguém as sentiu pra mim ou comigo. A desesperança cresceu de forma absurda e ninguém me mostrou nada verde.

Tenho família, colegas, amigos e nunca me senti tão só. Meus maiores momentos de não-solidão foram as madrugadas em que ficava comigo mesma, me ouvindo, deixando chover.

Isso não é um pedido de ajuda.

Isso não é um texto de auto-piedade.

Isso não é pra chamar a atenção.

Isso não é apelação.

Isso é apenas carência. Apenas um desabafo.

O virtual não me preenche hoje.


Leca Castro - 31/12/2013

11/12/2013

Foi a quinta experiência invasiva desde o ano de 2000. E dessa vez foi bastante diferente das outras, porque senti medo. Porque estava frágil. Porque estava sozinha. Tinha pelo menos dez pessoas comigo que eu podia contar em aspectos variados, mas ainda assim eu estava só. E quero muito deixar claro que isso é opção minha, nunca foi condição da vida. 

Tive um ano puxado emocionalmente, onde vivi a vida e a morte de umas pessoas e vivi na vida e morte de outras. Claro que sei que experiências são válidas em todos os níveis, e pretendo chegar naquele dia em que começo a entender tudo de bom que conquistei com tudo de ruim que aconteceu. É um processo e esse entendimento, apesar de fazer parte, só depende de mim. Mas antes de entender eu preciso aceitar algumas coisas, algumas situações que a vida me impôs. Aceitação passiva é o mesmo que fé cega. E gosto de enxergar a razão, independente de quem tem a razão.

A morte rodeou meu espaço por diversas vezes, e aqui incluo o espaço de pessoas que amo também, porque não é só a dor do outro que a gente sente, mas a vivência do luto também. E no luto.... chorar não diminui a dor, falar não diminui a dor, dormir não faz o tempo passar e a passagem do tempo não diminui a dor.

Enquanto estudava pra me graduar, fui ficando fascinada com a parte da Enfermagem que trata do cuidado. Do cuidado com o outro. E que apenas recebendo esse cuidado o paciente consegue melhorar muito sua própria situação física. E não é algo que é necessário conquistar diploma pra se ver, aliás, é muito simples até. Mas demanda esforço, dedicação, e não há pessoas disponíveis para tanto. Hoje a desospitalização rápida é necessária para a redução das infecções hospitalares. Mas isso não significa que o paciente não precisa mais de cuidados. O banho que ele precisou de ajuda na parte da manhã enquanto estava no hospital, ele continuará precisando na parte da tarde quando já estiver em casa.

A minha cirurgia passou, o objetivo foi almejado, mas a recuperação foi de surpresas. Ou melhor, a não recuperação. Vários episódios de reflexo vasovagal acompanhados de vômito intenso me deixaram fraca, sem ânimo e rendeu uma deiscência que vai afetar meus próximos dois meses, pelo menos. 

E eu preciso contar pra alguém como foi a cirurgia, mas ninguém que é da área da saúde me perguntou. Farei isso nesse parágrafo. Ficará embolado, mas se não quiser ler esses detalhes, pule para o próximo. É meu jeito de desabafar. Então... estava agendada para o dia 02/12/13 (segunda-feira), às 14h. Me levaram para o bloco às 13h30 e me lembro de olhar no relógio da parede quando a anestesita disse que ia me apagar. Eram 14h10. Eu iria tomar anestesia geral e peridural e então ser intubada. Minha própria médica passou a sonda vesical e o plano era retirar o estoma e a parte do intestino grosso que estava doente. Esse seria o primeiro momento. Deu certo. O pedaço estava bem ruim, com muitas aderências, media uns 15cm e pesava uns 500g. Então, pela incisão já existente, foi feita a correção da hérnia com a colocação de tela. Fez outra incisão do lado oposto do abdomem onde se confeccionou nova colostomia. A cirurgia começou por volta de 15h00 e terminou às 19h00. Ainda no bloco, a anestesista me extubou e me acordou pra saber se tava tudo bem. Tive meu primeiro episódio de desmaio seguido de vômito. Fui para o CTI e minha madrugada foi bem desgastante com a paciente vizinha que estava com confusão mental e gritava o tempo todo e retirava os acessos. Tiveram que sedá-la e amarrá-la na cama. Pela manhã da terça-feira, tive novo episódio de desmaio e vômito, mas disseram que não fechei os olhos e que parecia mais uma convulsão que um desmaio. Minha médica achou que poderia ser reação de um dos antibióticos com o restante da anestesia que ainda tinha pelo organismo. À tarde fui para o apartamento. E lá, novo episódio de vômito. Não desmaiei, mas foi quase. Mas estava apenas com Ludi e ela meio que baqueou com isso. E na manhã do dia seguinte (quarta-feira), mesma coisa. Com isso tudo acontecendo eu estava só no soro, sem alimentar desde o domingo. Nem água direito eu podia tomar com medo de vomitar. Dores abdominais fortes por causa dos movimentos involuntários do episódios de vômito e também por causa da própria cirurgia, onde todo meu abdomem foi mexido e remexido. Fraca. Com uma cicatriz com curativo e um estoma novo, em lugar novo do abdomem pra adaptar. E juntando tudo isso, eu estava com uma dor de cabeça desde a madrugada pós cirurgia. Mas uma dor muito mais forte que costumo sentir. Tão forte que me tirava o fôlego para qualquer tipo de conversa, mesmo com os médicos e parentes. Uma dor de cabeça que incomodava mais que a dor do abdomem. Uma dor de cabeça que me fez chorar. E então, na quarta-feira à noite, uma das médicas me deu uma dose dupla de um analgésico que não posso citar o nome publicamente que fez a dor sumir completamente. Foi o primeiro alívio que senti após a cirurgia, já que voltei da anestesia vomitando e nem deu tempo de agradecer o fato de estar viva. Na quinta-feira, pela manhã, tive alta.

A minha alta não foi por estar em excelente estado, mas por ter condições de recuperar em casa e, assim, evitar uma infecção hospitalar. Mas quem disse que as pessoas sabem disso? Por isso preferia ficar no hospital... poderia ter todos os cuidados que não conseguia fazer sozinha e me recuperava melhor antes de voltar pra minha cama. O resultado disso foi que na sexta-feira, a incisão começou a drenar seroma. No sábado eu estava com uma abertura de uns 3cm na incisão, e então evoluiu pra uma deiscência que hoje, 11/12, está com quase 15cm e com exsudato. Aí olha que legal: eu, que deveria estar de repouso, estou cuidando da minha própria ferida pós-operatória. Dor? Ah, é... ainda tem a dor. 

Então é isso... hoje fazem 10 dias da cirurgia e a sensação que tenho é que foi pra pior. Claro que tenho consciência que não, pois a cirurgia deu certo. Mas estou pior emocionalmente, estou com mais dores, estou mais chateada com todo mundo, estou com mais pressa que tudo termine logo. E por "tudo", só alguns entenderão. Sei que o fardo não seria mais pesado do que eu daria conta de carregar. Sei que tudo passa. Sei de muita coisa. Mas coisa alguma consegue servir de consolo. Eu não me sinto mais capaz de cuidar dos outros. Nem fisicamente, nem emocionalmente. Tenho medo de deixar quem precisa de um ombro pior. A verdade é que o cansaço me domina e o esforço de manter o otimismo é difícil demais pra mim. Sinto que a cada dia vou falhando...

Ninguém nunca me verá reclamar verbalmente, por isso escrevo. Antes, quando nem isso fazia, eclodiu a doença. Eu sinto dor calada, tomo banho e me enxugo calada, cuido do meu estoma calada, faço os curativos calada, aceito o sumiço de alguns calada. Permito a ausência de outros calada. Vejo minhas poucas perspectivas de um futuro produtivo calada. Só meus dedos falam. E só alguns olhos sabem me ler. E escrevo pra mim mesma. Se alguém leu até aqui, você sim é guerreiro(a). Só aceito dizerem que sou forte quando isso remete ao fato de eu não pedir pra morrer. Mas eu morro. Eu peço. Calada.

Leca Castro - 11/12/13

18/11/2013

Eu tenho um medo absurdo de não fazer tudo que preciso, de não dizer tudo que sinto, de não perceber o que é necessário. Medo que um novo dia comece e eu não comece com ele. É tão difícil lidar com sentimentos e expressá-los que acabo não dizendo às pessoas que me importam, que me importo com elas, que elas me são importantes, que significam algo grande pra mim. Não faço o meu melhor, costumo ser 50% ou menos porque quando passo da metade, distancio pessoas. É que os outros também tem medo, mas o medo deles é outro, é de viver...

Penso em como seria a vida das pessoas que amo se eu não mais estivesse presente, e sinceramente não consigo enxergar vazio em quase ninguém. Sem drama. É que não falo do vazio imediato, que dura duas centenas de dias. Falo daquele vazio constante, daquela falta  diária, daquele carinho peculiar e insubstituível. Falo de ser especial e única. Depois de um tempo a rotina engole, a dor adormece e a saudade sai a passeio. Então serei lembrada em datas comemorativas...

Eu não vivo o dia de hoje como se fosse o último, porque se assim fosse, eu sairia desembestada embaixo da chuva, eu pegaria o avião só pra abraçar um amigo, eu diria o que sinto sem freios e medos de não ser compreendida. E se eu vivesse nessa intensidade, eu seria enclausurada em algum canto pois me rotulariam como louca e prejudicial à saúde física e mental de todos. Por isso não existem muitas pessoas especiais e nem pessoas muito especiais por aí...

E é ruim demais viver arrependida por ter perdido oportunidades raras e conviver com os "e se..." no início de cada pensamento saudoso. Eu queria ter feito mais por algumas pessoas, eu queria ter dito mais pra outras, eu queria ter percebido melhor o que o outro não conseguia me dizer. Mas a verdade é que eu me estrepei demais, eu esperei demais e por isso vivi decepções. Não soube amar sem apego. Não soube amar sem egoísmo. Não soube entender o não-amor do outro. Eu me arreganhava e me desdobrava pra fazer a diferença no mundo de alguém e não aceitava que esse alguém nem sequer se interessava em perceber isso. E isso me doía porque era uma paulada no meu orgulho, que sempre ficava ferido. Era por não ser reconhecida. Era por não ser valorizada. Era por não ser retribuída.

E então hoje vejo que o tempo passou e que pouco dele sobrou. Não almejo, não planejo. Na verdade, nem mais me vejo. Me sinto sumindo. Não me acho em ninguém e também ninguém me procura.  E quando me acham, me julgam. Então hoje peguei todas as cartas que escrevi e que desejava que fossem entregues para algumas pessoas depois que eu deixasse meu corpo aos vermes. Peguei uma por uma, reli e rasguei todas. Ou eu faço, falo e percebo o que preciso enquanto ainda respiro, ou então não terá mais importância. Ou eu preencho em vida, ou serei menos que um vazio na morte. E ser menos que vazio é ser nada. E de nada, já basta a própria vida em si.

Leca Castro - 18/11/13

“Se hoje fosse o último dia de minha vida, estaria eu fazendo o que estou prestes a fazer? Sempre que a resposta for ‘não’ para muitos dias em sequência, eu sei que preciso mudar alguma coisa.” – Steve Jobs

13/10/2013

Não gosto de me generalizar porque sei que sou única, como todos também o são. Mas sou daquelas que morre por quem ama. Não suporto ver amigo (e falo de amigos, não colegas) sofrendo, independente do motivo. Sou daquelas também que quando alguém que amo faz algo que me magoa, me transformo em cacos. Vou ao chão. O tempo apenas tem me ensinado a ser caco sem pontas. Não quero machucar quem me fere. Mas eu me reconstruo, sempre me colo, mesmo sem ter um simples colo pra me aconchegar.

Sou dessas que não gosta de chorar na frente de ninguém, pra que não sintam piedade ou achem que sou tola demais. E o pior é chorar e ver que a outra pessoa não sabe o que fazer com você. É horrível. Bendito chuveiro que me acolhe nesses momentos. Bendita madrugada que esconde minhas chuvas.

Sou dessas que não sabe raciocinar quando é pega de surpresa por sentimentos divergentes. Apenas fico... muda. Sem reação. Se eu não souber o que te dizer em algum momento, pode ter certeza que é porque meus sentimentos gritam tão alto que não consigo ouvir meus pensamentos.

Sou dessas que fica magoada, chateada e com raiva. Mas isso dura tão pouco tempo que numa próxima discussão não tenho defunto pra desenterrar porque já esqueci e deixei pra trás tudo que me machucou. Sou assim. Não sei se ser assim é bom ou ruim, ainda tenho momentos em que acho cada hora uma coisa diferente. Só tenho medo de ficar fria, de não mais conseguir sentir, de desacreditar na capacidade dos outros, de não ser capaz de abrir novas portas, de não querer mais continuar a ser assim.

Sou daquelas que morre a cada decepção. Sou daquelas que ainda não sabe morrer e se enterrar.

Leca Castro - 13/10/13

08/10/2013

Eu vejo o quanto ainda sou imperfeita quando preciso ser altruísta e não consigo.
Difícil demais doar e não desejar alguém que doe a mim também.
Difícil perder o sono por alguém que nem de longe pensa em me dar alguma satisfação.
Difícil achar que importam tanto quanto me importo.
Difícil encontrar alguém que se equilibra comigo.
Fácil é ser só.
Apenas...

Leca - 08/10/13

26/09/2013

Depositar expectativas é o que mais me faz sofrer. Expectativas em mim ou nas outras pessoas, tanto faz. No final, as decepções é que fazem o estrago, independente da culpa, independente de quem. A verdade é que ninguém nos basta e nunca nos bastará. Nem nós mesmos. Somos projetos inacabados que vão se construindo ao longo do tempo. E por não sermos robotizados é que fazemos escolhas, que nem sempre coincide com as escolhas de quem está conosco. Esses caminhos diferentes, esses afastamentos é que fazem a gente ir aprendendo a caminhar só. E a acreditar cada vez menos que podemos ter companhia nesse caminhar. Que podemos ser companhia...

Hoje eu aceito as pessoas-presentes que a vida me dá. Não questiono muito o por quê de ganhar esse "brinde", já que não me sinto merecedora. Já afastei muita gente, já abandonei muita gente, já me fiz sozinha por opção. Já errei bastante. Já me decepcionei o suficiente. Comigo e com outros. Afinal... colocar expectativa é puramente responsabilidade minha. É preciso desapegar mais e questionar menos. As pessoas me decepcionam ou eu que me decepciono com elas?

Leca Castro - 26/09/13

08/09/2013

Momento em que descubro, sem querer, que a única pessoa do mundo que achava idônea é uma farsa. Uma grande farsa. Sim, foi sem querer, mas não foi por acaso, já que não acredito nele. Tudo tem um propósito pra acontecer na vida. Minha cabeça tá girando, não sei se quero pensar ou parar de vez de pensar. Não sei se é decepção ou desprezo. Não sei se é dor ou aflição. Que confusão!

Por isso vivo dizendo e repetindo que amor não é físico. Isso é paixão, coisa de pele, tesão. Amor ultrapassa o tempo, a idade, as rugas. E pra desamar... ah... é tão fácil! Difícil é manter aceso o amor. Pra que ele se apague, basta que o outro tome um caminho diferente, que ande por chãos nunca antes imaginados e que levam, com certeza, a um precipício. Claro que fica o sentimento de ter amado, mas o amor? Não... esse vai embora, esfria, diminui. Acaba. O que é mais legal é que não deixa rastro de raiva, apenas um pouco de mágoa por não ter sido o que poderia ser. Mas nada de raiva. Decepção talvez. Pensar que te tinha dentro de mim como exemplo a ser seguido, uma pessoa ainda inatingível pra mim. Sempre te achei mais alto que eu.

Hoje eu te liberto. Hoje eu vi realmente o que faltava descobrir. E sem procurar. Risos. Se cuida e seja feliz da forma que puder, dentro das escolhas que abraçou. Que seu livre-arbítrio te leve além e você possa sempre voar. Mas para o alto. Sê feliz. Sem mim.

Leca Castro - 08/09/13

07/09/2013

Fim

Dias se findam, quase sempre inúteis. As horas passam arrastadas e nada fora do comum acontece. Só eu continuo acontecendo. Dentro de mim parece oco, vazio, sem nada. Não consigo me preencher e me esforço tanto pra aparentar que a vida é boa que a noite acorda e eu sou só cansaço. Um cansaço de um dia inútil. Assim como eu. Mais um dia chegou ao fim.

Leca Castro - 07/09/13

03/09/2013

Acho que é a hora de aceitar certas coisas. Pode até ser que seja cedo ou que seja tarde pela idade, mas é o que meu coração sente. E a parte mais difícil é exatamente essa: aceitar.

Significa que é algo que não vou poder ou conseguir mudar. Significa que foge do meu controle. Significa que não depende de mim acontecer. E preciso aceitar.

Aceitar implica mudanças. E mudar exige esforço.

Olho pro mar da minha vida e vejo o tanto que já naveguei, mas não consigo olhar adiante ainda. Não vejo um porto à minha espera. Mas sei também que não estou à deriva. Existe um plano, uma rota, mesmo que eu não saiba o destino.

E eu aceito. Ou pelo menos quero tentar aceitar. Eu preciso pra que a realidade não me machuque tanto. Eu preciso pra que eu possa continuar. Eu preciso aceitar pra sair da inércia, do poço, da lama.

Todas as conquistas são feitas de iniciativas, certo? Eu comecei a tentar.

Leca Castro - 03/09/13

21/08/2013

Hoje, pedi pra morrer.  

É assim sempre que sinto dor, quando percebo que essa dor não tem como dividir, nem aliviar.  Só posso passar por ela sozinha. E como falar de dor? Como fazer entender o sentir, a ardência, a angústia,  a falta de ar, o desgosto, e enfim, o desânimo? Falar não transmite a dor. Nem faz ela ser menor. E na escala de um a dez, quando chega a oito eu peço pra morrer.  

Quando remédios não resolvem, quando as preces são insanas, quando o choro virou vício, quando o desespero é a única companhia, eu peço pra morrer.  

Quando penso nas causas, quando penso nas consequências,  quando vejo minha culpa e prevejo meu futuro, eu peço pra morrer.  

Todo dia, eu morro um pouco. E todo dia eu renasço.  

Leca Castro - 21/08/13

15/08/2013

O encontro da subjetividade íntima que existe em mim, em cada um de nós, é algo que inicialmente assusta. Ao menos pra mim, que sempre fui mais objetiva em algumas questões, bastante prática em outras, e muito emocional no restante, ver que tenho um canto dentro de mim em que as minhas opiniões são só minhas e que a forma de encarar as adversidades da vida são peculiares em relação aos outros, me torna frágil. É como se, de repente, eu estivesse sozinha. E na verdade, estou. Por mais pessoas que possam existir ao meu redor, sempre estarei só aqui dentro. E sim, isso me assusta.

Gosto da solidão. Gosto de ficar a sós. Gosto de me isolar. Gosto do silêncio. Só assim consigo me ocupar com atividades que fazem esquecer, momentaneamente, a minha vida. Consigo ler, escrever, ver filmes, trabalhar. Com gente por perto faço tudo isso, mas não faço bem feito a ponto de me satisfazer.

Conviver dói... Relacionamentos me remetem ao que sou, à minha condição atual e tudo que abomino. Não que eu não me ame, não é isso, mas não gosto da fase atual da minha vida. Uma fase repleta de desafios e que coloca à tona o que de pior trago em mim. E esse desafio de aceitação do que me tornei e do que sou é desgastante demais pra mim. Essa luta diária vem me minando... não me sinto mais forte. Em comparação ao que já fui, me sinto fraca e uma fraude. Sim, uma fraude. Ninguém enxerga que saí da posição de alguém que serve de exemplo pra alguém que precisa de ajuda em campos diversos.

E não sei se deixar os outros perceberem isso é a melhor solução. A única coisa que realmente sei é que não vou suportar essa situação por muito mais tempo. Eu sinto isso. Algo precisa acontecer porque não falta muito pra que esse cordão se rompa. E aí a queda será inevitável.

Por isso a subjetividade assusta... é como esse texto que acabei de digitar. Subjetivo. Só eu mesma entendo o que quis dizer. Complexo. Como a vida...

Leca Castro - 15/08/13

12/08/2013


Hoje é seu aniversário, Sarah…

São 29 anos de uma vida pacata, de alegrias contidas, dores caladas, conquistas tímidas, amores vãos, altruísmo alto. Assim você viveu e ainda vive em mim e pra mim. 

Eu preciso muito ter esse momento egoísta e dizer a falta absurda que sinto de você. De nossas conversas diárias, de sua voz calma e firme, de seus argumentos ponderados, das suas palavras otimistas, do seu sorriso tímido. Isso tudo me traz equilíbrio pois contrasta com o que sou. 

Você sabe que meu conceito sobre morte nada tem a ver com a morte do corpo, e isso me mostra o quão viva você está pra mim. Mas sua ausência dói. Me faz encolher na cama, agarrar meus joelhos e voltar àquela posição de quando eu estava protegida dentro de minha mãe. Sua falta é tanta que meu choro não é suficiente. 

O que me acalma é a notícia de que está bem… é saber que nosso encontro é inevitável. E é nisso que me agarro. 

Que seu aniversário seja tranquilo e que você possa receber toda a paz e carinho que merece e precisa. Você é muito especial pra mim. Fique tranquila com os seus, eles estão tentando ficar de pé de forma bem corajosa. Converso todos os dias com pelo menos um deles. Vou cuidar deles como cuido de você, são minha família também. 

Se recupera logo e mantenha seu coração em paz. Te amo muito e tanto, que hoje não consigo escrever, mas tudo que sinto estou te enviando em forma de vibrações boas. Fica bem e se cuida.

Feliz aniversário, amiga… s2

Leca - 12/08/13

07/08/2013

Eu queria ser forte... Eu queria ao menos conseguir fingir que sou forte. Deixar algumas pessoas perceberem minhas fraquezas é ficar vulnerável. É achar que farão uso disso em momentos críticos, até que esse uso vire abuso. E no fim, o que sobra? Eu. E um vazio.  

E é esse vazio que me enfraquece. É saber que não existe alguém capaz de se doar a mim. Capaz de se anular por mim. Capaz de perceber o vazio e ter vontade de preenchê-lo.

E só dá pra saber que esse vazio existe porque um dia ele não existiu. Ele nunca me fez falta. Nunca foi companhia. E apesar de hoje ser ele que me acompanha, sua presença não me preenche. Porque ele é um vazio...  

Cada pessoa que entra ocupa um espaço, mas cada uma que sai deixa o espaço que ocupou mais um buraco. E é esse buraco que dói, que me faz cair, que me segura em seu leito. Se não é fácil levantar dele, quanto mais sair. E quando finalmente levanto pra tentar enxergar adiante, vejo mais buracos. Então me olho e vejo vazios imensos. Tantos vazios quanto as pessoas que já passaram.

E sei que cada um que hoje permanece, bem poucos, vão deixar buracos maiores. Eu já sinto a falta por antecipação. E não, não é pessimismo. É apenas experiência. Quem dera eu me surpreendesse... Mas faltam-me forças. Não sei mais como é ser forte. Não quero mais ser forte. Quero desabar. Quero ficar nos buracos em mim. Quero me soterrar.

Leca Castro - 07/08/13

28/07/2013

Se você quer ser alguém de bem com a vida, pense em si mesmo. Mas se quer ser alguém bom, pense nos outros.

Leca Castro - 28/07/13
Um choro de dor se transforma em choro de desespero numa rapidez tão grande que você mal sabe onde um começa e o outro termina. É aquela sensação quando você chora porque alguém te feriu ou até mesmo pelo sofrimento de alguém que ama, e essa pessoa não sabe nem de meia lágrima derramada. Ou não se importa. E você chora sozinho sempre.

Quantas vezes choramos dores sozinhos? Quantas vezes temos receio em dizer o motivo do choro e sermos tachados de bobos, mesmo que por pensamento? Quantas vezes nos doemos solitariamente? E chorar, cansa. Se doar, cansa. Viver, cansa. E cansados vamos vivendo as dores. E revivendo.

Quando pequena achava que dentro de mim existia uma fábrica de lágrimas, um lugar onde elas são fabricadas. Claro que existe, mas na minha cabeça infantil era uma máquina que criava a parte molhada do choro. Desde pequena eu chorava muito. E sempre sozinha.

E minha própria história se repete desde então. Na infância, na adolescência, no casamento, na vida adulta, materna, feminina, profissional. E sei que será assim também na velhice. E na morte. E ninguém saberá um décimo dos meus choros. Choros esses que nunca fiz questão de esconder muito, mas quase nunca apareceu alguém pra perguntar algo sobre. Então a sensação de chorar sozinha é por isso. E o choro de dor vira desespero porque sei que a vida vai continuar e ninguém saberá que chorei um dia. Que chorei vários dias. Que choro hoje.

Leca Castro - 28/07/13

10/07/2013

A vida tira, mas a gente costuma deixar ir. Costumo perder forças quando vejo que perco pra alguma força maior que a minha. E me sinto fraca pra lutar, impotente até. E deixo ir...  

E depois que a tempestade passa percebo que deixar ir dói mais que perder. É uma culpa assinada. É um remorso que consome. Mas eu nunca sei exatamente o que fazer pra manter e talvez esse seja meu maior desafio: não saber manter.  

Às vezes vou além do permitido ou então deixo de dar um passo fundamental. Seria esse equilíbrio a conquista e o objetivo? Mas se não sei discernir nem quando é melhor deixar ir, como saberei se devo manter? E mesmo se soubesse, como faria isso?  

Sendo como sou, agindo apenas por meus impulsos, já vi que não é o caminho, pois não me sinto querida apenas pelo que sou. Como se fosse pouco. Como se eu fosse comum. E preciso me esforçar pra mudar pra melhor. Pra ser alguém melhor. Eu preciso ter prazer em me sentir bem comigo mesma. Daí pode ser que alguém também sinta o mesmo prazer. Talvez até alguém me procure por sentir minha falta e não perceba a falta que faço apenas quando me encontra por aí... Não faço falta... Se fizesse, saberia, não?

Leca Castro - 10/07/13

04/07/2013

As pessoas vão se acomodando em suas próprias vontades e nem percebem quando atropelam a vontade dos outros. Cada um de nós tem um jeito peculiar de ser e de viver, isso é fato. Mas por quê nos achamos imutáveis? Por que os outros devem respeitar o nosso jeito se, para isso, eles precisam mudar o jeito deles? Não serei eu que faltarei com o respeito ao jeito deles?

A melhor jogada, pra se conviver bem com o outro é equilibrando as concessões. Cada vez é a hora de um ceder um espaço no seu jeito pro outro se ajeitar. Sempre um vai precisar mais do outro vez em quando. Normal. Mas é que somos tão orgulhosos que não admitimos isso. E nos chateamos quando alguém não respeita nosso jeito. Olha a confusão...

E aí, quando mais precisamos de pessoas que confiamos, onde estão? Vivendo seus momentos, suas dores, suas alegrias, seus jeitos. Falta tempo. Sempre falta tempo do outro e pro outro. Falta tempo e sobram desculpas. Justificativas. E será que existe explicação pra falta de tempo em ajudar a quem se diz amar?

Só sei que das vezes que mais precisei foram as vezes que menos tive. Talvez por (falta de) mérito, não descarto. E foram nessas vezes que mais vezes precisaram de mim. E me dei. E me doei. E assim passou a doer menos. Mas os buracos vão aumentando e com eles, um vazio cada vez maior. E continuo a sentir frio...

Leca Castro - 04/07/13

25/06/2013

Sentir ausências não é estar só. Não é ter falta de pessoas ao seu redor. É mais que isso. E menos também. Sentir ausências tem relação direta com perdas.

Pessoas passam por nós e isso é normal e corriqueiro. De vez em quando alguma fica. Fica e finca raízes, às vezes profundas. E quando partem deixam a marca, um espaço, um buraco. É a falta. É a ausência.

Umas partem por opção, e você sofre por ter investido, acreditado. Outras partem por falta de opção. Aí o sofrimento fica inconformado. E assim você vai vivendo, entre perdas e alguns poucos ganhos.

Quando se perde alguém para a morte, há a dor e o luto. E nada pode ser feito, portanto, nada de esperanças. Só a dor do buraco das raízes que um dia estiveram ali, sólidas. Mas quando se perde alguém para a vida e em vida... não há luto. Há revolta, raiva, rancor, mágoa, tristeza, arrependimento, e mais uma infinidade de sentimentos que se confundem e se misturam.

Hoje não sei exatamente quais sentimentos me tomam e em quais intensidades. Alguns me domam, como a carência misturada com a ausência. Quem dará conta de mim agora? Quem me ajudará a ser eu mesma quando escorregar do caminho sem perceber? Quem me dará um colo? Quero dormir, mas dormir muito. Talvez por dias e acordar com os fatos já diferentes. Quero atenção e quero que me esqueçam. Quero abraços mas também quero um tapa. Quero sentir. Quero me sentir. Sinto frio...

Leca Castro - 25/06/13

20/06/2013


Tudo me dói, amiga... tudo. A cabeça fica latejando, sem parar. Não sei se é por ainda não ter trocado as lentes dos óculos (deve ser), mas pode ser também por pensar demais. Eu sei que falo muito, mas você sabe que penso muito mais do que falo, mesmo às vezes falando sem pensar. Parece contraditório mas você me entende, não é? É a única que sabe que quanto mais eu me expresso e falo, mais estou deixando de dizer. E eu não sei mudar isso. Quer dizer... eu não sabia. Você me ensinou um jeito. Você se disponibilizou pra mim de tal forma que, pensar alto com você se tornou fácil. E isso é ótimo porque assim posso ir colocando minhas confusões no pensamento em ordem. Mas minha cabeça dói e acho que é por já fazer muito tempo que não penso alto. Mas como eu poderia, amiga? Eu não consegui ser egoísta e deixar de lado tudo que tem passado nos últimos meses. Eu não consegui me expor mais... E o único motivo foi querendo te poupar. E eu te disse isso, não disse? Você me xingou e tivemos uma discussão. E minha cabeça continua a doer...

Eu também tenho dor nas costas e nos ombros. Podem ser as hérnias... ou a sacroileíte. Minha anja diz que o lipoma e o cisto que tirei são apenas reflexos físicos dos pesos que ando carregando e que me recuso a dividir. Mas você sabe que não é isso. Você sabe que são coisas que não tenho como dividir. Eu só conseguia fazer isso com você. Das outras vezes que tentei, só consegui receber descaso, desprezo e nãos. E acho que fiquei tão frágil que ao menor indício de mais uma dessas negativas, eu já me sinto bamba e indo ao chão. Então não, amiga... deixa que eu continuo levando os pesos.

Também tem o abdomen. Ele dói, e às vezes acho que é pra me lembrar que não posso me descuidar. De outras vezes é pra me sinalizar que tem algo errado e devo buscar ajuda. O pouco que me resta por dentro me avisa: "ei, estamos aqui ainda!" 

E você passou por tantas dores nos últimos tempos, e sentiu cada uma delas em silêncio, sem que ninguém percebesse. Eu sabia que elas eram fortes, pelo menos tecnicamente. Mas nem comigo você quis dividir essa parte, só me contava depois dos sufocos. Você é forte e sei que (quando eu digo que sei, é porque sei mesmo) está tendo apoio do ser que mais amou nesse mundo de cá e que continuou a amar daí. Você tem aparo, amiga. Você, finalmente, está bem. 

Nós, que aqui ficamos, é que não estamos. E aí é a parte onde me sinto egoísta e mesquinha demais... por sentir sua ausência, por te querer perto, por não saber como te amar de longe. Me perdoa? Acho que desde sempre você sabia da minha necessidade de você. E sua falta me dói, me aperta, me retorce. E eu choro. Sem parar.

Eu nunca consigo sentir minhas dores de forma plena, lembra que te disse isso uma vez? Sempre preciso me abafar pra cuidar da dor de outro alguém. E dessa vez não está sendo diferente... Talvez isso seja bom. Você mesma me disse que era Deus me dando a chance de sofrer menos e quando ajudamos o outro estamos nos ajudando. Mas eu queria sentir a dor da sua falta, amiga. Eu queria sofrer até o último fio de cabelo. A impressão que tenho é que só quando eu conseguir fazer isso é que me livrarei do peso da sua perda. Eu não quero ser egoísta, mas estou sendo...

Eu sei que a gente continua juntas... sei que a gente se ama e esse amor nos unirá pra sempre. Sei que esse sofrimento meu vai passar e vai restar a dor. E sei que a doer vai fazer parte de mim. Mas vou escrever, vou chorar, vou lembrar, vou sorrir. E assim ela vai amenizando quando ficar forte demais. Você é a irmã que eu escolhi ter. E vou te trazer sempre comigo, bem dentro. 

Eu me arrependo de muitas coisas que te disse, e me arrependo também de outras tantas que deixei de te dizer. E não tenho vergonha disso, porque te dizer que estou arrependida é meu modo desesperado de te pedir perdão. E se eu não fizer isso agora, será mais um arrependimento acumulado. 

Você foi forte nos últimos dois anos e foi mais forte ainda nos últimos quatro meses. Te tenho como exemplo de força e fé. Agora preciso me reerguer porque não dá tempo de ficar lamentando a morte ainda em vida. E nem posso morrer em vida. Prometo cuidar dos seus, prometo cuidar de mim. E prometo cuidar de você, todos os dias, como sempre fiz. E sei que fará o mesmo por mim. 

Se cuida, amiga... me cuida. Fica com Deus. Te amo.

Leca Castro - 20/06/13

16/06/2013

O dia é seu. Apenas seu. Todo seu.

Você é uma criatura linda que a vida me trouxe. Te sinto como um presente. Um presente que se ajustou às minhas necessidades, carências e desejos. Porque você é uma pessoa especial. Ímpar. E a sua especialidade é ser você mesma.

Você usa máscaras,  como todo mundo. Vejo você vestindo a máscara com um sorriso, quando esconde sua dor pra aliviar a dor do outro. A máscara da seriedade profissional quando tudo que quer é sorrir por estar fazendo o que gosta. A máscara sem rugas quando esconde a dor no estômago pra não preocupar sua mãe. Suas máscaras são verdadeiras.

E por falar em verdade, você é verdadeira. Transparente. Não se esconde e se expõe quando acha necessário,  sem medo das opiniões alheias. Você se entrega. Se atira. Não tem medo de abismos. E quando tem, se atira assim mesmo se achar que deve. Porque você é maior que seu medo. Você sabe que tentar e cair é mais importante que não tentar.

Você personifica o amor. Você ama. Ama tanto que se anula. Ama tanto que seus atos são amor. Suas palavras são amor. Você exala amor.

Esse não é um texto longo mas um texto carregado. Cada frase tem um peso pra mim. Cada palavra eu puxei cá do fundo. Cada entrelinha tem meu amor por você.

Parabéns por mais um ano. Obrigada por mais um ano.

Leca Castro - 16/06/13

12/06/2013

Querer nem sempre é o problema, mas o que queremos e a forma que queremos sim. O mais complicado sempre foi o "saber desejar". Somos voluptuosos, vorazes e ávidos quando se trata da nossa vontade. Atropelamos a vontade do outro e nos sentimos no direito de satisfazer a nossa, sempre. Se ao menos soubéssemos o poder que nossa vontade tem... É ela que comanda nossos passos e ações. E sem ela ficamos reduzidos ao nosso instinto. Animalesco. Burlesco. Por isso tenho vontade de mudar, tenho vontade de crescer. E também por isso falta vontade de tentar, porque nada disso é fácil. E nessa dicotomia vou dormindo e acordando, mais acordando que dormindo. Mais uma noite se vai, mais um dia chega e mais uma vida foi escrita. Saber o que querer vai além de desejos, mas tem relação profunda com a vontade. Eu desejo, eu quero, eu tenho vontade. Apenas por hoje.

Leca Castro - 12/06/13

09/05/2013

Tenho medo de desaprender a escrever. Tenho medo de perder esse interesse também. E aí, nada mais vai restar. Não faço mais nada que possa extravasar o que me consome por dentro. Não danço, não canto, não ouço mais meu violão, não exercito, não converso, não escrevo. O que ainda faço é manter o choro. Não que eu queira ou alimente esse ato, mas é a única coisa que sai de mim referente à minha dor que realmente não depende de mim. Não tenho controle sobre minhas emoções, nunca tive. Meu coração sempre cegou minha razão. Sou passional. A cabeça lateja de tanto doer, mas sei que são os pensamentos pedindo pra saírem, tomar um ar, se renovarem. E não consigo ordená-los, eles apenas vão se acumulando e procurando espaço. Pouca coisa cabe dentro de mim agora. Muito pouca coisa. E nessa dicotomia de caber pouco onde praticamente não há nada é que as madrugadas vão passando, insones. E tristes. Vazias. Como eu. Como minha escrita.

Leca Castro - 09/05/13

29/04/2013


Eu me perdi... Em algum momento que passou, eu me perdi. Não foi a primeira vez, mas essa vem sendo a mais difícil. Estou demorando demais pra me achar, me encontrar, me reencontrar. E admito que ando com medo do que vai acontecer e em que estado vou aparecer pra mim.

As coisas desandaram, eu perdi o controle, eu não me equilibro mais na corda bamba. Agir sem pesar consequências não é o que faz parte de mim, mas me vejo fazendo isso e vejo pessoas machucadas com isso. Não quero ser assim, não quero me desgostar, preciso ser melhor. Eu já fui.

Houve uma época em que pessoas gostavam da minha companhia, sentiam falta, se sentiam bem. Isso me mantinha aquecida. E hoje me sinto gelo, e seca. Gelo seco. Muita fumaça. Talvez por isso não me encontre...

Não consigo me encontrar, não consigo ordenar meus pensamentos, não consigo controlar os sentimentos. E não conseguir também não faz parte de mim. Então, cadê eu? Quem é essa? Quem sou eu?

Eu me perdi, em algum momento. Eu me afoguei. Eu sempre soube nadar, e quando precisei, também soube desafogar. Não sei mais. Preciso respirar de novo... preciso ser salva. Não sinto o ar. Não vejo a luz. E ninguém pra me salvar.

Leca Castro - 29/04/13

05/04/2013

Essa secura que a vida vai deixando em minha boca, faz com que eu seque mais ainda. Tudo parece mais amargo e sem sabor. E independente de acreditar ou não em destino, a vida sempre vai surpreender. A mim e a você. O que nos cabe é aproveitar as surpresas boas e não multiplicar as ruins. Porque tem dias que elas parecem muito maiores do que realmente são. Um cisco no olho pode virar uma pedra em minha visão ou pode me fazer fechar os olhos, ou pode ainda ir embora com uma lágrima. Mas ainda assim será um cisco. Da mesma forma que um sorriso pode virar um acolhimento, um colo ou um sarcasmo. Também ainda assim será apenas um sorriso. Tudo que aparece acaba sendo neutro e o que faz esse tudo mudar é o enfoque que damos. E é isso... preciso aprender a tratar um cisco como cisco e acatar um sorriso como um sorriso. Hora de entender que mais importante que a intenção de um gesto é a minha forma de receber o gesto. Hora de despir os escudos. Hora de desarmar... chega de desamor.

Leca Castro - 05/04/13

03/04/2013


A vida me cobra... como cobra de qualquer um. E eu gosto da teoria que diz que quanto mais a vida exige é porque mais tenho condição de enfrentar o que ela me traz. Aliás, é bem melhor essa teoria do que a de achar que sofro de acordo com o que já fiz sofrer. E não... não estou dizendo que concordo ou acho certo ou qualquer outra coisa. Apenas disse que é algo que agrada mais, sendo verdade ou não. Estou apenas conversando comigo mesma através do teclado.

O que eu faria hoje, agora, em relação às pedras que começam a despencar do nada? Ah... Faria coisas diferentes porque as pedras são diferentes. Umas eu consigo carregar, mas outras, não consigo nem afastar do caminho de tão pesadas que são. E acabam por atrapalhar o caminho de outras pessoas também que estão por vir. Essas são as pedras complicadas. Mas o pior mesmo são as pessoas que aparecem e se tornam pedras na nossa vida. Como se livrar de gente? Eu não sou boa pra isso, nunca fui. Nunca soube nem dizer "não" a diversas situações, quanto mais a afastar alguém.

O problema é que hoje olho minha estrada e vejo tanta pedra que não consegui transpor ou deixar, que às vezes me perco em meio a elas. Eu não sei o que fazer... Eu não sei como continuar com todo esse peso. Eu não sei me livrar do peso. Eu só sei que não quero mais, que não posso mais. Se eu não continuar a caminhar sinto que vou atrofiar. Nunca fiquei tanto tempo sem conseguir. E eu preciso seguir adiante...

Já caí várias vezes, mas já levantei tantas vezes também. E não estou no chão agora. Estou de pé. Só não consigo caminhar. A cada passo, aparece mais uma pedra que me faz recuar. Só vejo pedras ao meu redor e elas obscurecem minha visão, não enxergo a direção certa. Tenho medo. E então fico parada, quieta... E pela primeira vez na vida espero alguém que passe por mim, estenda a mão e me convide a caminhar junto. Não consigo mais correr riscos. E vou ficando à beira do caminho... à beira de mim mesma.

Leca Castro - 03/04/13

28/03/2013

E as pessoas não sabem direito da sua vida e logo concluem tudo que você diz da forma que melhor conseguem absorver. E raramente será real. E eu entendo isso, de verdade. Mas nem se eu tentar explicar vou conseguir realmente mostrar publicamente como me sinto. Talvez pra uma pessoa ou outra, mas nem sei se quero ser entendida a esse ponto. Ter que me explicar pressupõe que terei que me entender antes e isso é algo que me assusta. Sei o que penso e o que sinto, mas a forma como conduzo essa parceria ainda é precária e não tenho tido muito sucesso em manter um equilíbrio entre essas duas asas. E esse desgaste me come por dentro, me deixa sem forças, me arrasa. Sou eu mesma que me canso. Eu penso tanto e brigo tanto contra meu coração que preciso sair juntando pedaços que ficaram por onde passei. Sim, sou toda remendada. E alguns retalhos já estão velhos e pedindo refazimento, mas acho que preciso é de um coração novo, um transplante talvez. São tantas cicatrizes que não há mais espaço pra refazer costuras. Bem que cada pedaço podia representar uma pessoa que tenha passado por mim, mas não. São vários cacos da mesma pessoa e deve ser isso que me deixa assim, fraca... indisposta... desanimada... não quero mais remendos. Quero que minhas marcas se regenerem. Ou que ao menos deixem de doer. Preciso respirar sem que encher o pulmão me custe tanto. Preciso de mais vida em minha vida. Preciso viver...

Leca Castro - 28/03/13

27/03/2013

Nestes laços e espasmos
Contraem-se os pericárdios
Tão saudativos e apressados
Correm por medo infestados
E desmaiam-se de cansaços

Na lembrança dos tempos
Na saudade dos diálogos 
E dos amores contrários
Dialogam-se convidativos 
Pois, pela distância reprimidos

Exalam-se fortemente exaustos
Saciam-se com pães requentados
E são pelas palavras relembrados
E por elas também são esquecidos
Pois ficam somente os verdadeiros

Gabryel Cordeiro

24/03/2013


Por que justamente no momento em que tenho menos condição, menos força, é quando mais a vida exige de mim? Que propósito é esse de ser testada de forma tão intensa e sem trégua? Se fosse em determinados momentos, mas não... Tornou-se constante. A necessidade de fazer coisas que não são diretamente pra mim vem acontecendo todos os dias, várias vezes ao dia. Nunca me importei em me anular ou deixar meus problemas de lado pra resolver problemas fora de mim. Mas me sinto acumular. E não ando conseguindo me salvar de mim mesma. 

Seria uma forma de testar meus limites? Pois tem dias que sinto que eles foram ultrapassados. E se não faço tudo que venho fazendo? Fico péssima e acho pior que o esgotamento físico e emocional. Mas pela primeira vez em anos, e de forma clara e consciente, admito: estou perdida. Ando me perdendo. Passei a não fazer sentido. E não faço mais sentido por sentir demais...

Leca Castro - 24/03/13

20/03/2013


Venho me sentindo deslocada desse mundo, alheia a mim mesma até. Me sinto no limite das forças que ainda tenho ou então deixei esse limite pra trás enquanto caminhei até aqui. Sei que não sou fraca, mas é assim que estou. Cansei de fingir que estou bem, de digitar risos, de responder "tudo bem, e você?". Cansei. Esgotei. Não suporto mais ser julgada e analisada por pessoas que deposito confiança e que na hora que preciso, só demonstram que mal me conhecem. Sou muito mais que aparento, mais que palavras que digito, mais que sentimentos que demonstro. Porque o que sinto realmente, mal sei demonstrar. De tanto ser sincera e dizer o que brota fácil do coração, penso que passei a ser algo parecido com clichê. Tantas pessoas mentem com facilidade que vejo me colocarem no mesmo barco. Não sou clichê. Quando eu digo que amo, eu amo. E não me diga pra não amar, que não terei amor de volta porque se eu precisasse que fosse assim mesmo, não seria amor. Não quero amar pra ser amada. Quero amar porque isso me preenche. Não há esvaziamento no amor. A úncia coisa que preciso é de confiança, é de gente que se coloque no meu lugar por um momento, num instante de crise e saiba enxergar o que me acontece, o motivo de algumas palavras e atitudes. Querer que eu seja perfeita chega a ser irônico. Só quero gente que seja menos egoísta, que consiga ver a mim além de si mesmo. Gente que consegue engolir o orgulho por um instante e estender a mão. É o que tento fazer com quem deposita confiança em mim. E não digam que quero muito, porque não é muito. Ou melhor, é muito pouco. Demonstrações de carinho e afeto são coisas mínimas pra se conviver com quem amamos. E fazer isso num dia bom é fácil... mas na hora de enxugar uma lágrima, cadê? E assim, cada um vai pro seu canto, chora seu pranto, tem seus motivos, e todo o resto que se dane. Aparências vão prevalecendo, conclusões vão sendo feitas e enganos bestas destroem possibilidades lindas. E isso cansa. Erros iguais sempre, cansam. Preciso urgente de gente.

Leca Castro - 20/03/13

12/03/2013


Me sinto pouca... me sinto quase nada. O dia termina e fico com a sensação de que, mesmo tendo produzido por horas, mesmo sem ter tido tempo de gastar meia hora do almoço, mesmo com pouco tempo pra uso próprio, ando valendo muito pouco no mercado da vida. Não tenho sossego em achar que fiz tudo que podia. Sempre acho que rendi quase nada. Sempre me sinto em falta. Sempre me sinto vazia. Ou cheia de espaços. Mentira. Ultimamente não consigo mais me sentir. Não sobra tempo, não sobra espaço, não me sobra. Me sinto insuficiente. Me sinto em falta. Não me sinto. E ninguém mais me sente.

Me sinto pouca... me sinto tão pouco!

Leca Castro - 12/03/13

11/03/2013

Tem dias que tudo que mais quero é ficar quieta, bem quieta. É uma tempestade tão grande de emoções que não sei bem pra que lado ir, me sinto sem rumo. Sempre fui assim, dominada pelo que sinto. Fico cega, não enxergo o melhor caminho e, às vezes, não enxergo caminho algum. Por isso, nesses dias, tudo que mais quero é ficar quieta, pra ver se tudo se aquieta aqui dentro também.

Leca Castro - 11/03/13

04/03/2013


Não sou honesta. Faço uso de pequenas mentiras todos os dias. O dia todo. Uso a mentira como armadura, assim ninguém consegue me ferir. Crio um mundo imaginário onde acontecem coisas boas. Onde sou uma pessoa interessante. Onde o meu sorriso convence. Onde a mentira vira verdade. E onde ninguém acredita no que é real. Porque a realidade machuca, fere. A realidade é verdadeira.

Não sou honesta. Minto pra mim. Minto em mim. A única verdade que sai de mim escorre pelos olhos. E volto a sorrir.

Leca Castro - 04/03/13

24/02/2013


Algumas verdades da vida machucam, ferem, rasgam um pedaço da nossa alma. Uma delas é a certeza de que, mesmo acompanhados, estamos sempre sozinhos na hora da colheita.

Alguém pode até nos ajudar a tomar decisões, mas as consequências dessas escolhas serão sofridas apenas por nós mesmos. Individualmente. Boas ou más.

Alguém pode até nos dar a mão em um momento difícil, e bendito seja quem se dispõe a isso. Mas o caminhar é nosso. Cada passo precisa ser dado com nossos próprios pés.

Alguém pode até nos oferecer um ombro e um colo. Mas o gosto da lágrima derramada só será sentido pelo dono do choro.

A verdade sobre essas verdades é que cada um passa por diferentes momentos e de diferentes formas. Mas o que se sente não é passível de tradução em palavras. Mesmo com tentativas ninguém jamais conseguirá fidelidade ampla em expressar sentimentos. E é por isso que estamos sempre sozinhos nas nossas emoções. Mesmo ao lado de quem amamos.

Leca Castro - 24/02/13

23/02/2013

Hoje consigo entender o real sentido de se dizer que amar dói. Eu pensava que amor doía por falta de correspondência, mas não é isso. Mesmo a outra pessoa não te amando, você pode encontrar bálsamo no sentimento que nutre por ela. Porque quando amamos alguém queremos e ficamos felizes quando esse alguém está bem. E costuma doer quando temos a pessoa amada conosco, mas porque nosso amor ainda é egoísta. E também porque doamos muito de nós e vemos que não há reciprocidade no mesmo nível. Mas nunca haverá. Vive na ilusão quem pensa que existe hoje um amor equilibrado em dar e receber. Por isso amar é tão difícil, só queremos receber. Se damos amor a mais nos sentimos defasados. Esquecemos que amor não tem limites. Nós é que o limitamos.

Leca Castro - 23/02/13

18/02/2013

A vida vem com leis que são imutáveis. E uma delas é a da corda. Quando alguém quer te derrubar, deixe que tente. Dê a essa pessoa espaço para isso. Não conteste. A maledicência que lançar contra você, voltará pra ela. É da lei. Por isso dou corda a quem merece. Venho aprendendo que a melhor resposta à agressão é o silêncio: é a corda mais forte que existe. Basta devolver tal agressão com o silêncio. O agressor se encarrega do seu próprio enforcamento.

Leca Castro - 15/02/13

17/02/2013

Posso me sentir presa, mesmo voando para longe. Ou num voo de volta ao lar. Da mesma forma que posso me sentir livre, trancada sozinha em meu quarto. Porque não é o local que define como vou me sentir. Enquanto estiver atada a compromissos que não me aprazem, não sentirei o vento da liberdade no rosto. Por isso somos feitos de momentos. Ninguém faz apenas o que gosta. E o que mais quero é me prender ao direito de ser livre.

Leca Castro - 15/02/13

08/02/2013

A nossa vida é muito incerta. Nem mesmo o administrador mais exigente consegue fazer com que tudo saia conforme o planejado. Nem o profeta mais confiável pode garantir sua visão de futuro. Porque tudo que vai acontecer depende de nossas escolhas no presente. E se temos capacidade de decidir o caminho a tomar, temos igualmente condições de determinar rumos na vida. Claro que algumas coisas são inevitáveis mas a grosso modo sempre temos opção de escolha. Por isso não dou conta de quem reclama demais da vida e pouco faz para inverter a situação. E pra que eu possa manter respeito por pessoas assim, me afasto. Acredito com força que negativismo atrai mais coisas negativas. Acredito que o pensamento dá vida a acontecimentos. Acredito que plasmamos o que pensamos. E creio que ganho mais vivendo dessa forma do que ficar chorando sobre as intempéries que me acontecem e não consigo mudar. Reclamações demais geram revolta. E revolta gera insatisfação. Quero ser grata pelo que tenho e desejar menos o que não consegui ter. Viver o momento atual com as conquistas que amealhei e reunir forças para conquistar coisas novas. Porque aprendi que não basta existir. Como também não é suficiente viver. Eu preciso viver bem.

Leca Castro - 08/02/13

06/02/2013


Da janela de minha alma posso ver o que acontece ao meu redor, mas essa visão é muito minha, muito particular. Consigo enxergar apenas de acordo com meu entendimento. Posso ver a mesma coisa que outras pessoas, mas vou captar de forma diferente. Porque não é apenas uma visão pelos olhos. É o que meu coração enxerga. E claro que vou ver cenas que se descortinam à minha frente de maneira peculiar. As ações serão digeridas por mim de acordo com meu conhecimento, minha capacidade de raciocinar em cima disso e meu sentimento. Por isso os mesmos fatos afetam de forma diferente, diferentes pessoas. E por isso também precisa haver respeito no entendimento do outro. Ninguém detém a verdade absoluta. Ela é relativa a cada olhar. A cada alma. Isso nos torna únicos. Nossos olhares são individuais. Respeito sempre.

Leca Castro - 06/02/13




05/02/2013

Algumas coisas sugam minha energia de forma tal que fico me sentindo um trapo, um ser vazio, oco. São acontecimentos que me perturbam, me tiram o chão ou simplesmente me comovem de alguma maneira. Mas existem pessoas que conseguem fazer o mesmo. E aí vem aquele discurso de que ninguém deveria me afetar, que não posso deixar nada nem ninguém me derrubar e etcéteras mil. Mas isso ainda não é uma verdade prática pra mim. Sou influenciável, me deixo abater, me desmonto. Passei dias sem escrever, ou melhor, sem nem tentar escrever. Até a vontade me foi sugada. Sei que dirão que devo ser uma atriz e tanto pois estava normal todos esses dias, mas não sou assim. Apenas disfarço. Se me cutucasse um pouco saberia que com um sopro eu ia abaixo. Se me abrisse os braços me veria entre eles em questão de segundos. Se me estendesse a mão eu a pegaria forte, como uma salvação. Porque tem dias que não me basto e preciso de alguém. Tem dias que tudo que espero é um cutucão. Ou braços. Ou apenas uma mão.

Leca Castro - 05/02/13

29/01/2013

Quando se está triste, não adianta alguém chegar e dizer que se deve ficar alegre. A gente já sabe disso. A tristeza, assim como a alegria, são estados em que colocamos nosso coração pra pulsar. E sair do ritmo triste pode até acontecer em função de algo ou alguém, mas a mente consegue muita coisa também. E desconhecemos esse mecanismo. Da mesma forma que algumas pessoas possuem o poder de ficar sempre tristes, mesmo com coisas boas acontecendo. Por isso não adianta querer que o outro fique alegre apenas porque é "melhor ser alegre que ser triste". Tem uma mola propulsora que se chama "vontade" e apenas ela pode fazer com que o coração pulse na mesma vibração que o pensamento. Posso estar triste, não quer dizer que eu seja triste.

Leca Castro - 29/01/13

26/01/2013

Quando uma pessoa engana outra ela não percebe que está apenas enganando a si mesma. Atitudes sem verdades não são validadas pela consciência. Atitudes que valem à pena precisam ser verdadeiras, honestas, transparentes. Sei que não é fácil se expor (e como sei...) pois faz com que fiquemos frágeis perante os outros que viram nossa exposição. Mas ainda assim é a melhor opção. Poderão tentar me derrubar pelas minhas fraquezas mas a cada tentativa ficarei mais forte. E essa fortaleza erguida pelo mau caráter alheio será translúcida para que eu nunca me perca de vista.

Leca Castro - 26/01/13

24/01/2013

Acho que uma coisa em mim que não vai mudar até o fim dos meus dias é achar que o desrespeito é a pior coisa a se fazer a alguém. E digo isso, mas em todos os níveis de quaisquer relações. Há que se respeitar o outro em atitudes e em palavras. Isso deveria ser lei. Invadir os limites de quem quer que seja só deve acontecer com permissão. E ainda assim, nem seria invasão. Quem tenta aparecer através da queda de alguém precisa entender que cair faz parte e ficar por muito tempo de pé, cansa. Uma hora cai do salto. E que atirar pedras em quem está quieto, assusta. Às vezes acerta. Mas em ambos os casos é covardia. Um ataque pelas costas. Passarinho só cai quando não sabe que precisa voar. Mas uma coisa é certa e quem me contou isso foi a vida que vivi até agora: essa mesma vida devolve. Cada pedra lançada, cada invasão não permitida, cada palavra mal dita e maldita... a vida manda de volta. Nem sempre é imediata, mas com certeza é na hora certa. Respeito é algo que faz falta nos dias hoje. É bom. E eu gosto.

Leca Castro - 24/01/13

22/01/2013

O amor, quando verdadeiro, aumenta com o passar do tempo. Não que existam amores mentirosos, mas a gente confunde os sentimentos facilmente. Paixão não é apenas fogo. É uma espécie de amor que arrebata, que acontece, que é repentino. Mas não é amor. Acaba. Mas só sabemos que não é amor quando deixa de ser. Eu amei pessoas no passado e hoje sei que realmente é amor, porque ainda sinto. Com menos intensidade, é verdade, mas por não ser cultivado há um tempo, não ser alimentado. Mas a forma como penso na pessoa e a sinto em mim, não mudou. Mesmo se passando 10, 20 anos. O que aprendi com tudo isso é que em algum momento a maioria das pessoas que amamos vão partir. Não importa pra onde nem como, mas partirão. Só algumas poucas permanecem e continuam fazendo parte da nossa vida. Porque faz parte os caminhos se desencontrarem num ponto. Cada um escolhe formas diferentes de viver. Mas isso não significa que deixamos de nos amar. E se acontecer, não era amor. Foi algo bom que nos manteve aquecidos durante um tempo e nos fez crescer juntos. Talvez até com um pouco de dor. O que importa realmente não é saber se é ou deixa de ser amor. O que importa é como expressamos o que sentimos. De nada adianta amar e esse sentimento ficar guardado e não servir pra nada, pra engrandecimento de ninguém. Ele precisa ser vivido. Eu ainda não sei distinguir no início, com precisão, se o que sinto por alguém em especial é amor de verdade ou algo que me remete a ele, mas o que me importa é manifestar isso em palavras e também em atitudes. Porque sentimento bom precisa ser dinâmico, precisa ser chama, precisa ser vivido. É o que alimenta a alma e aquece o coração. Tenho pena de pessoas que só acreditam no amor a dois. Amor de casal. Eu acredito no amor entre almas. E me desafio, todos os dias, a aprender a amar.

Leca Castro - 22/01/13

21/01/2013

As tradicionais fórmulas costumam falhar sempre quando se precisa delas. Hoje busquei lembrar tudo que sabia sobre tensão. Acordei estranha, angustiada, tensa... E mesmo fazendo tudo que se sabe certo fazer nessas horas, ainda estava fora de prumo. A tensão era tanta que passei o dia inteiro apertando uma arcada dentária contra a outra. Sem perceber, claro. O resultado é dor na região da mandíbula. E obviamente isso não ajudou em nada pois continuo angustiada. E o estranho é que dessa vez não sei explicar o que sinto, nem o motivo de estar assim. Só... estou. E esse é um daqueles dias que a gente reza, mas reza pra que acabe logo e que amanhã tudo acorde diferente e melhor. Inclusive eu.

Leca Castro - 21/01/13

20/01/2013



Sua vinda sempre foi desejada. Sempre. E sua chegada foi o divisor de águas de minha vida. E sinto vontade de te dizer isso porque exatamente esse ano terei o dobro de vida que você. E a minha primeira metade foi vivida com aprendizados externos, de família e escola. Vivi uma época onde eu era criança se transformando em adolescente que se transformava em adulta. Vi essas mudanças de perto e me vi grávida, tornando-me finalmente mulher completa. Já a minha segunda metade foi também de aprendizados, mas aprendi muito mais internamente, comigo mesma. Fui errando e aprendendo. Fui tentando acertar e aprendendo. Aprendi com você que ser mulher, na vida de uma mulher, não é tudo. É necessário também ser uma mulher que vai gerar, que se reproduz. Até hoje aprendo a ser mãe. E acho que vou aprender até o dia que nos separarmos fisicamente. E então vou descobrir que ainda continuarei a aprender. Já tínhamos um laço e agora reforçamos esse elo nessa convivência de quase 23 anos físicos. Porque comecei a te amar assim que soube que você estava em mim. Assim que soube que era seu abrigo. E assim queria ser infinitamente. Sei e quero que se lembre que somos seres complexos. E pessoas assim agem de forma que não entendemos sempre. E não conseguem se explicar também. São sentimentos e impulsos, ainda passíveis de erros. Muitos. Não sou um exemplo de mãe, sei disso. Sei dos meus limites. Sei das minhas dificuldades. Mas mesmo assim você consegue ser uma boa filha. E por boa filha quero dizer que você me dá o mínimo de preocupações. Que você cresce na medida certa. Que você consegue ultrapassar a barreira mãe/filha e me ensina muito com suas atitudes. Por boa filha eu quero dizer que você é mais do que eu um dia imaginei merecer. E te digo isso de coração. Que seus próximos 22 anos também sejam de crescimento, e que depois disso, venham mais 44 se assim for necessário. Você irá tirar de letra. Esse laço ficou mais forte, com certeza. Estarei sempre com você. Da mesma forma que você sempre foi desejada, quero muito que você permaneça na minha história. E ao invés de te dizer sobre o amor que te sinto, queria dizer que o amor que você me dedica é o amor mais puro e incondicional que já senti nessa vida. Então aproveito pra te agradecer por isso. Por me fazer querer ser sempre melhor. Por me mostrar que eu posso ser melhor. Por me amar. Eu te amo.

Leca Castro - 20/01/13

17/01/2013



Eu sei da minha crença e o que ela me mostra. Mas sei também que algumas coisas que acontecem são comuns a todos nós, independente da fé e até da falta dela. Fato é que temos afinidades com algumas pessoas, mas com umas essa afinidade é mais forte. Tão forte que ultrapassa o entendimento humano. Pessoas que pouco sabemos, pouco conhecemos. Simplesmente... Sentimos. E sentimos de uma forma absurda que só se assemelha ao que sentimos por pais e filhos. Nem sempre é recíproco. Nem sempre há o que oferecer como retorno. Mas isso não importa. Só queremos a pessoa bem. Só queremos vê-la alegre, satisfeita e realizada. E se isso nos custar algo, ainda assim é pouco. Quando esse alguém se dói, dói na gente. E dói fundo, com direito a choro. Com direito a insônia. Com direito a sentir a mesma dor. Isso não é ruim no contexto dos acontecimentos. Chega a dar um gosto bom em sentir junto, como se aliviasse a dor do outro. Como se deixasse o fardo mais leve. Como se ser solidário nessa dor fizesse doer menos. E quando esse mesmo alguém fica feliz com alguma conquista, ficamos radiantes junto. Parece que nossa vida ganha cor, ganha vida, ganha satisfação na felicidade da pessoa amada. Se isso não é amor, não sei o que pode ser. Mas enquanto não me definirem melhor, será amor pra mim. De mim. E eu digo: sim, eu amo.

Leca Castro - 17/01/13

15/01/2013

Tem dias em que tudo dói, mas a dor que dói menos é no corpo. Um palavra dita em um tom diferente, uma frase escrita na hora errada, um silêncio no momento do diálogo, a omissão após a deixa que dou. Tudo isso dói. Por isso conviver é difícil. Por isso vou cada vez mais me isolando. Melhor que deixar essa dor virar uma bola de neve descontrolada. Sim, porque ao acumular desagrados, chega um instante em que tudo isso vai sair de uma forma tranquila ou não. E geralmente sai do segundo jeito. E aí é quando descarregamos, mesmo sem querer, em quem está ao nosso redor. E na maioria das vezes, quem está perto é quem nos ama. É quem sai ferido. E não há nada pior que ser magoado por quem amamos e por motivos que não provocamos. É assim que vamos nos distanciando e distanciando as pessoas de nós. Diálogos vão sendo suprimidos e cada vez as conversas são mais superficiais. Até chegar o dia em que nem a conversa existe mais. Silêncio. Mudez. Carência. Dor. E recomeça o ciclo.

Leca Castro - 15/01/13

14/01/2013


Quando vejo a vida de outras pessoas consigo perceber o quanto vivo uma fase egoísta demais. Quando vivo junto da vida de outras pessoas consigo entender que ninguém foi feito pra se isolar do mundo. Quando convivo de perto com outras pessoas consigo saborear a maravilha que é a complexidade da vida. Nossas diferenças, na verdade, não nos subtraem das pessoas. Se soubermos usar isso a nosso favor, passaremos a ser soma. Pois é através do jeito diferente de pensar e viver a vida é que vamos aprendendo a respeitar, a entender propósitos, a reavaliar conceitos e condições.

Eu gosto de ser só. Talvez até tenha sido uma opção defensiva, mas eu gosto de ficar sozinha. Mas quanto a sentir solidão, essa eu já sentia mesmo quando era rodeada de gente. E a solidão é que vai matando. Vai minando. É uma sensação pior que a certeza de ter sido esquecida. É quando palavras de outros não te convencem. É quando o amor do outro não te preenche. É quando o vazio se enche de mais vazio.

Por isso ter olhos para ver os problemas alheios passa a ser uma salvação paradoxal. Não diminui meus problemas, mas não me sinto uma única pessoa com problemas. Ver de perto o problema do outro é diferente de saber dele que tem problemas. E assim meu vazio vai esvaziando e ficar só volta a ser prazeroso. Porque posso ser só, mas ainda não me permito ter apenas vazios pra oferecer. Sou solitária, mas não sou feita apenas de solidão.

Leca Castro - 14/01/13

10/01/2013

Nos dias de hoje pouca coisa tem feito meu coração palpitar. Algumas palavras ainda me arrebatam, mas as atitudes voltadas a mim são mínimas. Chega uma hora na vida em que as palavras se tornam insuficientes, inclusive as minhas próprias. Tenho vontade de passar da palavra ao grito, do grito à ação. Sinto que só assim conseguirei extravasar o que tem aqui e só assim também darei forma ao que digo. Se não acreditam no que falo, a culpa só é minha quando, na prática, contradigo tudo. Eu e minhas imperfeições. Eu e meus medos. Eu e minhas inseguranças. Mas eu amo. E como nunca, hoje sei o quanto dói amar sozinha. O quanto custa abrir mão de também saber que sou amada. Mas a reciprocidade não é condição do amor. É um risco. Não será um desamor que irá anular os amores que conquistei e trago comigo. Realmente não tenho muito a oferecer e sei bem disso, mas o pouco que tenho, tento entregar da forma mais redonda que consigo. E quando não consigo, tento arredondar os cantos do quadrado que ofertei. Chega a coçar a alma a vontade de dar vida aos amores que carrego. Chega a angustiar não ver vida em palavras que me dedicam. Mas nesses fadados dias de hoje pouco posso fazer a respeito. É a fase do respiro, da reavaliação de tudo e de todos. A fase da certeza da própria sobrevivência. A fase de dar vida a todos os choros recolhidos e reprimidos. A fase de deixar a fragilidade vir à tona. A fase de não se importar com a opinião alheia. A fase de redescoberta. A fase de reencontros com meus pedaços. E quem sabe, me reencaixar e voltar menos despedaçada e mais inteira. Os dias de amanhã me terão. E espero ter quem amo comigo. E espero amar mais do que consigo hoje. E me amar mais também.

Leca Castro - 10/01/13


Eu continuo com a mesma vontade de quando te conheci: te colocar no colo. E te dizer pouco, muito pouco mesmo. Apenas o suficiente. Porque sei que o que vai te preencher não entrará pelos ouvidos. Eu também sei que seu passado faz com que seu presente se anule em muita coisa e que seus medos, todos eles, fazem o mais completo sentido. Que as boas intenções de quem te amou deixou sequelas que ainda podem vir a ser boas e talvez um dia eu te explique isso melhor. Que por detrás do meu Charlie brincalhão tem um rapaz que se enfrenta diariamente. E que esse enfrentamento significa a morte de vários leões (ou baleias). Que tem dias que você se arrasta. Em outros apenas sobrevive. Que suas cores estão, todas elas, embutidas no branco, que se mistura no negror do seu céu noturno. Então você tem seu cinza e nele você tem todas essas cores, só que camufladas. E que seu choro não é solitário. Há meu coração que, mesmo de longe, te acompanha. Não pra secar lágrimas. Não. Elas são necessárias. Elas te regam. Mas é meu coração que te coloca no colo e que te afaga. Mas ao mesmo tempo diz que os ventos estão mudando. Que a maturidade vem chegando e, com ela, novos momentos. Novas decisões. Novos choros. E meu colo, sempre.

Leca Castro - 10/01/13

07/01/2013


Amor não é um sentimento banal que você chega, conhece alguém e pronto. Está amando. Amor é conquista. É de pouco a pouco. É quando vai te enchendo o peito e quando você acha que vai transbordar, basta praticá-lo um pouco e logo há mais espaço pra se encher de mais amor. Mas ninguém consegue amar sozinho por muito tempo. Ele é inesgotável, mas nós ainda somos imperfeitos e precisamos saber que enchemos outros corações também.

Quem diz fácil que ama deve estar confundindo amor com desejo, com satisfação, com alegria, com carência. E isso logo é revelado. Com o tempo, tudo isso, que ainda não é amor mas manifestações tímidas do que poderia ser amor, tudo isso vai se esgotando, vai minando, vai diminuindo. Amor é bem mais forte. Amor enfrenta dificuldades. Amor pensa no outro primeiro. Amor se anula. Amor não julga.

Por isso amor sozinho é roubada. Quando é recíproco, as dificuldades são enfrentadas mais facilmente, há alguém que deixa de lado a própria dor pra vir cuidar da sua, ou que abre mão de seu cansaço pra te dar um colo, e faz tudo isso apenas por amor. Sem questionar. Sem querer saber antes se você está certo ou errado. Isso fica pra depois, não é o importante no momento. Porque errar faz parte. Porque errar nos torna mais gente. Porque errar nos torna mais aptos a amar. Porque errar ensina a errar cada vez menos.

Não há como definir amor. Mas há como descrever as formas de amar. E se há egoísmo no meio, com certeza não é amor. Um é o oposto do outro. Olhar o próprio umbigo, a própria dor, o próprio problema sempre, e sempre em primeiro lugar, já era. Hoje analiso minhas falhas com quem eu amo. Sei exatamente onde errei e continuo errando. Isso é importante. Mas mais importante que isso é que se tenha a correspondência desse amor. Que o outro lado faça o mesmo e que se dispa da capa do orgulho. Que ambos os lados saibam o que significa ser altruísta na prática. Se o amor for grande e valer a pena, não há barreira nesse mundo que impeça o amor de acontecer.

Leca Castro - 07/01/13

06/01/2013


Tento me convencer de que sou uma pessoa melhor, simplesmente por enxergar com mais clareza meus erros. Entender toda a complexidade dos outros, fora de mim e da minha caverna. E respeitar isso.

Meus medos só se tornam mais fortes porque acredito neles. Eles fazem com que eu acredite que não tenho mais pra onde correr, apesar de sempre ter pra onde fugir.

Descobri que consigo afastar meus temores inventando mentiras. E elas se tornam meu álibis. Eu minto a minha dor.

Minha alienação de tudo e de todos toma conta e me faz voltar pra concha, levando comigo meus segredos e meus medos mais intrínsecos.

E ouço falar tanto em ser guerreira, em dar conta de tudo e de todos, em ser heroína, que cada uma dessas palavras me doem. Eu realmente tenho a vontade de carregar a dor de muitos, mas às vezes até os guerreiros precisam ser salvos. Preciso  acreditar que não são esses momentos ruins que definirão minha vida nem a felicidade que almejo. Preciso acreditar que acreditar ainda é o único caminho pra conviver. Pra amar. Sem medos. Sem mentiras. Sem dores.

Leca Castro - 06/01/13


04/01/2013


De fato, nada de valor vem muito fácil na vida. Principalmente quando se depende muito de outras pessoas para se realizar em determinadas situações específicas. O ideal é o famoso equilíbrio em relações, haja visto que não dá realmente pra crescer sem se relacionar. Não fomos feitos para sermos sós durante o caminhar. Mesmo que às vezes façamos essa opção, porém é de cada um bancar as consequências.

Mas na hora de tomar decisões, mesmo que outros nos ajudem a ver o que não conseguimos, cabe somente a nós a palavra final. E arcar com essa responsabilidade não é algo fácil pra quem tem valores morais já arraigados em si. E pra essas pessoas, a auto-cobrança é forte. Não aceitam o erro. Não sabem se perdoar. E recomeçar ou refazer um trajeto se torna mais doloroso do que se faz necessário. E essa vem sendo a grande dificuldade nossa: depender de si mesmo pra determinar rumos da própria vida. Pior... Uma decisão a nosso favor pode prejudicar outros. Nesse momento sim, o caminho é solitário. A decisão é só nossa.

E sabe o que fazemos com frequência? Nos enganamos. Empurramos  o quanto podemos esse momento. Protelamos. A gente se sabota o tempo todo. Não vemos que a vida só avança com os passos que damos e não com a idade que vai aumentando. E por isso não é fácil. Assim, cada conquista que temos é bem mais valorizada. Porque é real. Porque veio de dentro. Porque veio por merecimento.

E eu continuo escrevendo como se falasse de alguém ou pra alguém...

Leca Castro - 04/01/13

03/01/2013

Eu preciso de muito pouco pra mudar meu estado íntimo. Se alguém me estimula a rir e consegue me arrancar um sorriso, pronto. Naquele momento estou feliz. Se alguém tenta me derrubar, só pela tentativa já conseguiu. A decepção me derrubou. Se alguém que gosto está mal, não fico bem enquanto a pessoa também não ficar. Não me julguem por isso. Nunca soube controlar emoções, sempre perdi meus argumentos em uma briga, jamais vou querer ser diferente. Demorei muito tempo até me aceitar assim, desse jeito. Não que isso seja a melhor forma de viver e conviver, mas eu preciso me aceitar antes de querer promover mudanças. Ainda tento trabalhar minha razão, exercitá-la de várias formas, mas sei que é um trabalho que requer paciência e tempo. E pra você que diz que não me vê assim, que pareço ser assim ou assado, é que domino a arte das aparências. Ninguém precisa saber de mim ou me decifrar. Apenas tento ser para os outros aquela porção melhor que há dentro de mim. E essa porção não é falsa, ela existe. Só não sou assim por inteira. Sou porções de um todo. Sou pedaços de experiências. Sou feita de peças com e sem encaixes. Sou feita de cacos.

Leca Castro - 03/01/13

01/01/2013

A navalha da vida não é empunhada por uma pessoa. Os cortes que sofremos vem da gente mesmo, da nossa consciência. Quantas vezes levamos um tempo enorme até decidirmos por algo e no fim essa decisão não foi a melhor? Então temos duas alternativas: admitir o erro e tentar novamente ou deixar o orgulho sobrepor a tudo e continuar no erro. O complicado de tudo é que o caminho certo é o mais difícil na maioria das vezes. E o mais demorado. E solitário. Isso também pesa na hora da decisão. Não fomos treinados para enxergar o que acontece lá na frente. Não conseguimos ter fé. Acreditar que dias melhores chegarão. Somos imediatistas e queremos nos dar bem agora. Sentimos fome de felicidade, de alegria, de carinho, de atenção, de prazer, de resultados. Queremos tudo pra agora. Ou melhor, pra ontem, se assim fosse possível. E assim abraçamos prazeres efêmeros e resultados frágeis. Não construímos relações com bases fortes porque não damos tempo pra que se solidifiquem. E vamos vivendo em corda bamba, sem confiar, sem relaxar, sem acreditar. Somos seres tensos, arredios e predadores. Só não percebemos que a navalha que seguramos e assusta a todos que se aproximam, só fere a nós mesmos. Sem perceber, sangramos.

Leca Castro - 01/01/13

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