Sinto meus braços do tamanho da minha disposição: pequenos. Falta-me ânimo para estender mãos. Faltam motivos para abraços.
Sinto minhas pernas de acordo com os laços que me unem a outros: bambas. Não consigo saber a intensidade certa de uma relação. Ou aperto muito e perco, ou afrouxo demais e perco da mesma forma. Minhas pernas não me sustentam.
Sinto meus ombros da mesma forma que sinto minha consciência: pesados. Manter uma postura ereta frente a tantas dores só desperta mais dor. E a razão lateja tanto que a cabeça enverga. Cabeça e ombros apontam ao chão.
Sinto em meus olhos a mesma sensação que bate em meu peito: ardência. Enquanto os olhos ardem por constantes tempestades, o coração arde por intenso fogo eterno. Queimaduras extensas em ambos. Cicatrizes e remendos.
Muitos sentires que não cabem mais guardados. Intensidades que andam juntas, em conjunto. Nada mais costuma bastar. Nem uma mesa no bar, nem cigarros entulhando no pulmão, nem o uísque que descia manso, nem o vinil do Chico, nem as fotos daquela caixa. Em tudo tem muito, mas em tudo sobrou nada. E no nada permaneço.
Leca Castro - 06/10/12
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