30/10/2012


Vou me descobrindo quando aparecem adversidades no caminho. Recebo a notícia que um amigo faleceu e imediatamente faço uma oração por ele. Só então deixo o coração pesar e doer um pouco. Sempre dói. Por mais que eu tenha lidado com a morte na minha profissão, por mais que eu tivesse consciência que seu desenlace estava bem próximo, dói. Mesmo sabendo que ele está bem.

Então por que dói? E é aí que me descubro. O motivo de ficar desse jeito é o egoísmo que carrego. Não querer que ele se vá é pensar em mim, na minha perda, na minha saudade. Enxerguei também traços em mim de inveja. Sim, inveja. Não que eu deseje morrer ou apressar minha morte. Não. Mas invejo sim quem já está indo por estar realmente na hora de ir. Quem passou por essa etapa e chegou na reta final, triunfante por ter ultrapassado as barreiras das dificuldades e das dores. Eu não peço para que minha morte se apresse, mas confesso que desejo que esse momento não demore muito. Não tenho mais vontade desse mundo nem de gente. Só vejo sofrimento, gente má, dores, incompreensão. Isso tira todo meu tesão pra continuar. Se não fosse minha crença, aí sim eu acho que estaria afundando em depressão e entregando os pontos. Sinto que não consigo me explicar e que estou me perdendo na lógica desse texto, mas não importa. Quem não entender desejo apenas que respeite.

Está aí a prova do meu egoísmo. Peguei a dor da perda do amigo e desfiei um rosário sobre mim. Sei que ele está bem e que será muito bem recebido. E que me espere. Junto com meu avô querido. Um dia vamos nos abraçar e respirar com alívio pelas expiações vividas. Essa é a minha crença. E é nela que me baseio. Fique bem, amigo.

Leca Castro - 30/10/12

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