03/07/2012


E há quem diga que a tristeza veio para ficar e eu, claro, vou discordar. Pois não existe no mundo alguém que viva apenas de tristezas e coisas negativas, não existe. Chega num ponto em que a pessoa precisa tomar uma atitude. Ou comete suicídio em vida, que ao contrário do que pensam não é um ato de coragem, mas de covardia, ou comete suicídio na alma. Esse último sim, um ato de extrema coragem. Morrer para reviver...

Onde se encontra a vontade de levantar, encarar o dia, fazer o que estava programado? Qual foi o sonho que aportou em seu sono desta noite que fez com que acordasse assim, tão sem vontade? Mas se permancesse na cama mais um dia iriam incomodar achando que estava doente ou algo do tipo e foi apegando-se a essa idéia que colocou os pés no chão.

Encaminhou-se para o banheiro e olhou-se no espelho. A alergia no rosto começou a dar sinais de regressão, após exatos oito dias de incômodo. Menos mal. E aquela sensação de estar com o rosto todo amassado e pesado de tantas rugas? Saiu então e foi até a copa onde seus pais estavam fazendo o desjejum daquela manhã de sábado. Sentou-se e agradeceu por sua mãe estar contando o sonho daquela noite. Quando ela começava, não parava mais. Isso iria poupar o trabalho de ter que falar sobre qualquer coisa. Tomou um café ralo, doce e quente. Serviu-se de duas torradas com requeijão. Pronto.

Voltou ao quarto e pensou em ver algum filme, tinha vários separados, mas não tinha ânimo de escolher. Foi para o computador e viu que não havia ninguém conectado para dividir aquela manhã sombria. Leu um texto triste, suicida. Por que algumas pessoas gostavam tanto de escrever sobre a morte, sobre os seus limites, sobre desespero, suicídio? Achava aquele talento tão lindo, tão peculiar, tão... motivador! Mas não... não teria coragem de chegar tão longe. Preferia apreciar o suicídio da alma, aquele que acontece quando se perde completamente as esperanças de viver algo bom e profundo. Aquele suicídio onde a alma renasce, mais tarde, depois de uma queda gigantesca. Aquele pulo no abismo onde a morte daquela experiência representa alívio. É isso. Precisava cometer suicídio de si mesmo. Precisava renascer em alma. Amanhã teria um novo alento, começaria uma nova história. Precisava de uma nova vida.


Leca Castro - 21/01/12

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