25/06/2012


Ontem foi aniversário de meu amor. Não consegui escrever-lhe. Ultimamente essa tarefa tem se tornado difícil, apavorante a bem da verdade. Nossos 40 e poucos anos tem-se revelado assustadores, como se ainda estivéssemos vivendo na adolescência e descobrindo muito de nós mesmos. Mas o que está acontecendo realmente é que começamos a descobrir algumas faces de nós mesmos e da nossa relação apenas nesses últimos instantes.

Minha mudança foi radicalmente sentida por mim e por você também. Saí daquela indolência, daquele torpor em que minha alma e meu coração se encontravam. Pensei, por anos, que me manter inerte por dentro, em meu coração, conseguiria viver com menos dores, menos receios, menos decepções. Então descubro que não. Essa inércia apenas fez meus sentimentos por você pararem no tempo, nada mais que isso.

E agora, acordando depois de anos de sono hipnótico (sim, foi uma dormência sugestionada), tal qual uma quase bela adormecida, vejo o quanto nossa relação ficou também atrofiada, torporosa. E ao acordar sozinha, sem o beijo do príncipe encantado, mas através dos tapas da madrasta-vida, vejo sua pessoa de uma forma diferente, alterada. Analisando com o coração, percebo que meu amor por você continuou inalterado, arriscaria dizer inclusive que manteve-se inabalado durante esse sono profundo de anos. Mas meu despertamento te assustou. E você correu. Não por covardia ou medo, não. Correu por susto, por ter visto em meus olhos aquela labareda de 20 anos atrás, aquela Leca que tanto te amou e demonstrava isso em um simples sorriso e em simples palavras escritas.

Sim, meu caro... eu voltei. E percebo agora que você também adormeceu por todos esses anos. É como se esse sono houvesse nos anestesiado de nós mesmos. Continuamos a vida, nos envolvemos com outras pessoas, novos amigos, mas nosso amor adormeceu. E ao acordar, te chamei. Mas seu sono era pesado. Precisei te sacudir. E você acordou. Sei que ainda está se situando, entendendo onde o tempo parou e procurando entender como trazer aquele instantes em que adormecemos para os dias de hoje.

Mas ontem você completou mais um ano de existência. Quisera eu poder afirmar que foi mais um anos de vida, mas estávamos apenas existindo, por todo esse tempo. Espero, com o mais profundo dos meus sentimentos que apenas você conhece e mais ninguém, que a partir de agora seu despertamento seja tranquilo e que você possa ser agraciado com bastante saúde, física e mental, para viver mais um ano de realizações e definições. Que nosso amor possa manter-se completamente desperto para nos impulsionar a tomar decisões que a distância sempre nos impediu de refletir. Que sua vida seja proveitosa, cheia de experiências gratificantes. E que você possa ter muitos momentos felizes para recarregarem a bateria de sua alma.

Sê feliz...

Leca Castro - 03/10/11

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