25/06/2012


Chove muito aqui... e ontem resolvi te escrever. Sim, quebrei minha promessa e escrevi. Mas não tive coragem de colocar no correio, não ainda. Decidi que agora vou esperar sua resposta da última carta enviada, pois nossas confusões acontecem por acúmulo de idéias, de sentimentos e quando você me recebe em sua casa seguidamente, sem que eu tenha te recebido antes de escrever, acabamos nos atropelando. E esse acidentes de percurso já estão nos deixando marcas de tantas fraturas expostas que vamos nos causando.

Vou fazendo dessa forma... escrevo e guardo, engaveto, encaixoto, lacro. Não deixarei mais nada referente a você me sufocar, nada. Vai direto para o papel. E nada de e-mails também pois preciso ver sua letra, em que momento ela treme, ou quando a caneta escorrega, ou ainda quando há borrões das lágrimas escorridas. Não há modernidade no mundo que substitua esse detalhes. Nada.

E se nunca mais eu receber uma carta sua, vou acumulando as que escrevo aqui comigo. Deixarei a data por fora de cada envelope para que te entreguem postumamente, pois tenho certeza que a minha partida será antes da sua. E sim, sei o que nos aguarda futuramente e é somente isso que me aquieta nos momentos de agonia e sofreguidão. Sempre me pergunto o que fizemos um ao outro de tão errado para passarmos por tamanha provação... sei que erramos muito, pois hoje sofremos, mas desejo muito que isso tudo acabe logo para que possamos viver plenamente o que nos aguarda. E vou agora novamente olhar se o carteiro já passou... apesar da chuva.

Leca Castro - 24/10/11

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