28/06/2012


Ando necessitada de outro mundo. Um mundo que reflita o que sou, o que sinto, o que penso. Esse mundo em que vivo, tão mesquinho, não serve para mim. Nesse mundo em que vivo as pessoas não vivem, elas apenas respiram. Elas correm sem nem saber para onde, apostam corridas consigo mesmas, querem chegar a um lugar que nem sequer existe. Desejam ardentemente algo que não possuem, qualquer coisa, não importa o que seja, basta que outros tenham. É um mundo de competição e o melhor ganha uma fama provisória, que pode durar dias ou até mesmo anos, mas será sempre provisória. Aqueles que conseguiram fama eterna não precisaram competir.

No mundo que desejo não haverá competição de nenhuma espécie, nem mesmo pelo amor de alguém. Cada um receberá de acordo com seu merecimento e sua capacidade. Nada de correria, sofreguidão, desassossego. Nada de apego. Basta saber viver e apreciar o que é belo e o que é bom. Basta desejar que a alegria sentida seja percebida e dividida por todos e com todos. No meu mundo, as pessoas se amam, independente do sexo, da cor, do tamanho do bolso ou da religião. Aliás, nesse meu mundo, o amor é algo normal, corriqueiro, e mesmo assim não consegue ser banalizado. As pessoas se aproximam, se conhecem, se permitem e se amam. O sexo com amor só é permitido aos casais apaixonados pela vida e entre si. Somente a eles. O sexo sem amor não existe. Aliás, ele nem nunca foi cogitado e também nunca foi necessário. Acontece tão naturalmente como o próprio amor, como a própria vida.

Nesse meu mundo os humanos são seres que vivem, que não precisam correr de ninguém, nem da própria imagem refletida no espelho. Desejam apenas que os outros humanos compartilhem entre si o objeto da suposta fama, sem receios de imitações ou cópias, pois cada um possui suas próprias criações. Assim, ninguém é mais famoso que outrem. Todos são famosos, todos se respeitam. E o amor será tangível a todos, será presente no ar que se respira, na natureza que sobrevive sem medo, nas crianças que não se preocupam com as 'coisas' de adultos, com os adolescentes que conquistam novas experiências, com adultos que socializam e descobrem a beleza de amar, e nos velhos que repassam sabedoria do que viveram até então.

Esse é meu mundo, onde convido pessoas a fazerem parte, mas que entram e percebem que estão em campo desconhecido. E tudo que é desconhecido provoca medo. A maioria foge, com tanto medo, que nem lembram de se despedir ou agradecer pela rápida estadia. Poucos são os que ficam e decidem encarar o medo para aventurar-se por um mundo ainda estranho. E desses poucos, raros são os que permanecem. E aos que permaneceram, a descoberta de uma vida diferente, onde o amor entre todos é possível e acessível, leva a um processo de transformação, de desejo. Após conhecer esse meu mundo, os que permanecem querem um mundo de amor também. E assim, os humanos vão espalhando esse novo mundo onde aprendem que SER humano é mais que respirar, mais que existir. É amar incondicionalmente o amor.

Leca Castro - 14/11/11


Sempre me surpreendo com minhas reações. Impressionante como nesses momentos tenho a sensação de não me conhecer tanto quanto eu gostaria e necessito. Sou fraca perante atitudes onde a maior demonstração é de força. Me encharco em lágrimas quando o que vejo é frieza e rigor. Viro bicho quando me apresentam injustiças e desrespeito. Me desesperanço no instante em que vejo a impotência me dominar.

São tantas reações diferentes que fico sem saber o que esperar de mim mesma às vezes. E isso me deixa louca, completamente fora de mim. São testes que estão além da minha capacidade de entendimento. Quero muito (e preciso) me conhecer melhor. Não dá mais pra passar os dias navegando em angústias ou afogando em mágoas. Não dá.

Reagir significa se opor, resistir, lutar. Re-agir significa agir novamente. Não quero mais lutar, nem resistir, muito menos me opor. Quero apenas ser eu mesma, me conhecer e saber se estou agindo certo, para só então pensar que de outra vez irei re-agir. Quero olhar para as 12 crianças que vi hoje cheirando cola às 10h30 da manhã e não sentir raiva do sistema, mas entender o que realmente é ter compaixão. Quero ser passageira de um taxi cujo motorista critica o mundo inteiro e não sentir cansaço em ouvir tais lamúrias, e sim envolvê-lo em energias positivas para que ele também possa sentir positividades na vida. Quero fazer um exame delicado e não me sentir insegura ou com medo, mas ficar tranquila e saber que na vida nada me acontece por acaso, tudo tem um propósito. Aprender a agir. Evitar reagir. Conseguir re-agir.

Leca Castro - 11/11/11



Qual foi o erro de Ícaro? Querer voar ou ter sido ingênuo achando que conseguiria? Nos últimos tempos ando rodeada de alusões a pássaros e vôos e isso tem me tornado bastante reflexiva acerca do assunto. Acho que todos gostariam de ter asas e sair de encontro ao vento. Antes eu tinha medo de fazer essas primeiras tentativas, que na verdade nada mais são que mergulhos no espaço que existe em mim. E aprendi a fazer uso das minhas asas (razão e sentimento) para ir de encontro ao que possuo de mais inatingível: meu verdadeiro eu, minha identidade, meu caráter e tudo que faz com que eu seja quem sou, mesmo que não aparente aos outros e também a mim mesma.

Claro que quero conseguir fazer isso sempre, mas tem dias que essas asas pesam muito ou ficam desequilibradas e então o vôo se torna perigoso. É como se caísse um temporal e as águas sobrecarregassem as penas de minhas asas que, de tão pesadas, não conseguiriam se mover na deliciosa dança no ar. Não quero cair, me machucar, correr o risco de quebrar uma dessas asas ou até mesmo ambas. Só me permito fazer essa viagem quando tenho segurança de não correr risco algum. Tolice! Voar já é um risco por si só... quem nesse mundo consegue equilibrar razão e sentimento? Seria muita arrogância minha, tal como Ícaro, achar que poderei voar livre e solta, com a maestria de um pássaro.

Mas já que ainda não consigo fazer essa viagem sem riscos, posso ao menos alar meus pensamentos e minhas emoções. Fecho meus olhos, respiro fundo, sinto o ar entrando em meus pulmões e me permito sonhar. E sonho com realizações, por mais contraditório que isso possa soar. Sonho com desejos ainda não realizados, com oportunidades que ainda não surgiram, com esperanças se concretizando, com crianças crescendo em um mundo menos egoísta e doente, com adultos repartindo sem se preocuparem com uma possível falta. Essa é a viagem que mais me apraz. E para essa viagem, não quero flutuar, quero voar...

Leca Castro - 09/11/11




Me vejo passeando em meio a mascarados. Cada um que passa por mim levanta um pedaço da sua máscara e me deixa ver um pouco de seu rosto. Geralmente o lado mais machucado, com cicatrizes. Mas a alguns passos encontra outro conhecido e levanta outro pedaço da máscara, mostrando um lado mais engraçado de sua face. E novamente, mais à frente, ainda encontra outro em que mostra mais um pedaço, o mais bonito, liso e atraente.

Isso incomoda tanto a observadores como eu, que tenho vontade de arrancar a máscara dos que conheço de vez, revelando a pessoa por inteiro. Mas não sei fazer isso. Queria saber, mas não sei. Prefiro caminhar sem máscaras, deixando que vejam minhas cicatrizes, meus machucados, minhas graças e minha beleza. Claro que nem todos vêm tantos detalhes. Outros ainda nem se dão conta das máscaras que existem por aí. Mas eu sigo assim... desmascarando a mim mesma. E torcendo para que os que passam por mim também possam, um dia, mostrar a cara.

Leca Castro - 07/11/11


Quando a madrugada chega fico fascinada. É a parte do dia que mais aprecio, mais me conforta. E é o único silêncio que minha alma tolera. E só tolera porque permite que eu me ouça. Na maior parte do tempo os gritos ficam tão abafados que viram sussurros dentro de mim. E não consigo me ouvir enquanto todos falam e se expressam ao mesmo tempo.

Mas meu coração não tolera o silêncio de outros corações, as falas guardadas e escondidas, os dizeres evitados, os gritos sufocados, e até mesmo os murmúrios agasalhados. Preciso ouvir, preciso olhar, preciso ler. A ânsia que invade e deseja desistir é tão gigante quanto a vontade de não mais existir. E há quem diga que respeitar o momento dos outros é fácil.

Preciso ouvir o que precisa ser dito.

Preciso aprender a falar... sem gritos... sem sussurros.

Leca Castro - 07/11/11


O grande Mário Quintana disse que a amizade é um amor que nunca morre...

Se eu discordar significa que já tive amigos que se foram da minha vida, que se perderam de mim, que preferiram seguir um caminho distante do meu. E principalmente, não nos amávamos.

Mas se eu concordar vou entender que pouco sei sobre amor. A quantidade de pessoas que já passaram por mim é impressionante, mas quem realmente ficou? E só porque alguém não ficou não foi amizade? Amar alguém significa estar sempre junto ou podemos amar alguém que está longe. E aqui falo sobre o amor-amigo. A melhor forma de saber se realmente somos amigos de alguém é refletir após a primeira desavença... o que restou? Há perdão suficiente em meu peito? Ou há orgulho demais para uma reconciliação? Ou o egoísmo tomou conta do ego e só enxerga seu próprio umbigo?

Morreu? Nunca foi amizade...

Leca Castro - 06/11/11


Qual o real sentido de se viver se não for para crescer? Quando nascemos esse é principal objetivo. Temos nosso cartão onde nosso crescimento é anotado a cada consulta. Tamanho da altura, circunferência do crânio e do abdomen, peso. São as medidas importantes logo ao nascimento. E depois? Aprendemos a dar os pirmeiros passos e a pronunciar as primeiras palavras. Descobrimos também que o choro é uma forma de dizer que estamos insatisfeitos com algo ou com alguma dor. E aprendemos a conviver socialmente.

Então pergunto... não é assim também quando crescemos? Somos avaliados constantemente pelo no peso, ou seja, se nosso físico é 'compatível' com o gosto popular. Aprendemos a caminhar sozinhos, nosso mundo exige além da convivência com nossa família, damos os primeiros passos sozinhos, a caminho da construção do nosso futuro. Na escola da vida entendemos que dizer algo vai além de pronunciar palavras, que podemos usá-las para ferir, mas também para acarinhar. E descobrimos o choro da nossa alma. Ah... como esse choro é sofrido.

E assim é viver socialmente. Interagimos e nos mostramos. E crescemos à medida que ajudamos o outro a crescer também. Quando conseguirmos nos libertar do que nos impede de sermos maiores, como o orgulho e o egoísmo, seremos do tamanho que quisermos e pudermos ser. E então a leveza nos dominará.

"Porque eu sou do tamanho do que vejo 
E não, do tamanho da minha altura... "
(Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema VII"  - Heterónimo de Fernando Pessoa)

Leca Castro - 05/11/11


Comemoração de aniversário de 01 ano do meu primeiro sobrinho hoje. Moramos em Estados diferentes, vemos um ao outro pela webcam, trocamos beijos e ele me mostra o que vem aprendendo, por exemplo, a mostrar o 'barrigão'. É uma criaturinha fantástica e inteligente, assim também como foi minha filha e ainda é até hoje.

Crianças são a alegria de uma família centrada, a esperança de que tudo possa ser melhor para ela, melhor do que foi para nós. Esperança de que o próprio mundo se torne um lugar mais prazeroso de se viver em 20 anos. Esperança de que a vida não seja tão exigente com elas. Esperança de que consiga uma infância saudável, uma adolescência sadia e uma vida adulta ativa e repleta de experiências positivas.

Equilíbrio... tudo que ele precisa agora é aprender a se equilibrar para manter-se em pé. Não é assim também com todos independente da idade? Não conseguimos ainda passar um único dia sem escorregar nas palavras, sem cair nos pensamentos errôneos sobre outro alguém, sem desequilibrar nossos sentimentos mais íntimos. Como ainda somos crianças para a vida...

Meu querido, que a vida traga-lhe oportunidades de engrandecimento, que possa ter uma infância feliz e uma adolescência marcante de experiências boas, e que, ao se tornar um adulto, possa ser uma homem digno de viver em sociedade, sabendo conviver com outras pessoas e usando o respeito como seu guia. Te amo desde sempre...

Leca Castro - 04/11/11


Sua carta chegou! 

Agora sei que posso voltar a relembrar nossos momentos, e posso sonhar com novos. Vamos nos encontrar em breve! E então volto a me permitir, abro os braços para a nostalgia e vou dormir imaginando nosso próximo abraço. Mas preciso muito te ver, olhar através dos seus olhos, saber o que eles me dizem sobre você. Somente isso já me bastaria, saber sobre você além das palavras, através do seu olhar. 

Sim... eu sei te ler e sei te enxergar também. Você me é tão transparente que quando me encontro aí dentro, me perco em você. Esqueço do resto, esqueço do mundo, nada mais importa, somente eu e você. E sei o que acontece depois que mergulho nesse olhar... vem o seu sorriso, lindo que até me dói só de lembrar, e você me toca no rosto com as costas de sua mão. E vai dizer que adora minha pele e como ela se parece com o roçar do pêssego. E então fecho meus olhos pra sentir esse pequeno toque, que me invade como uma fagulha elétrica e deixa todo meu corpo ardendo em quentura. Abro meus olhos e então nos beijamos... ah, que vontade desse beijo novamente, de seus lábios macios e suaves. Nos entregamos a esse deleite enquanto nos enlaçamos e sentimos nossos corpos serem invadidos por toda essa deliciosa sensação de não poder mais parar. E após esse longo beijo nos abraçamos demoradamente, sentindo nossos corações pulsarem e nossos corpor tremerem. Adoro quando trememos nesse momento, me sinto mais correspondida que nunca.

Já me perco, fico sem saber se estou apenas relembrando ou já projetando pro nosso próximo encontro, que será em breve. Sua carta reacendeu meu calor, tudo estava muito frio aqui dentro, sem gosto, sem vontade, sem reciprocidade. Ficar aquecida novamente é tudo que eu preciso. Posso voltar a sonhar, principalmente acordada. A certeza que tenho? Sua caligrafia doce, suave, e ao mesmo tempo segura. Aquela marca no canto da terceira folha que tenho certeza ser a marca de uma lágrima que caiu quando escrevia sobre a falta que te faço. Aquele traço incerto quando demonstrou fraqueza ao dizer que me imagina nos braços de outro... E há quem diga que uma carta manuscrita é bobagem...

Leca Castro - 02/11/11




Realidade é quando você acorda para a vida de fora, aquela onde você precisa se mostrar, se socializar, mesmo que não queira. Realidade é ver gente sendo feliz e gente sendo triste. Gente saudável e gente doente. Gente rica e gente pobre. Gente de todas cores. Gente que acha muita coisa e gente sem opinião formada. Gente que é encrenca e gente que é aconchego.

E não adianta fugir da realidade. Quanto mais você tenta se afastar mais cruel ela vai se tornando. Mas como você está se distanciando, não percebe o quanto ela vai se modificando. Então não se afaste tanto. Não há necessidade de viver todos os momentos nessa realidade, que apesar de coisas ruins também possui coisas boas. Em alguns instantes precisamos respirar fantasia. Precisamos de poesia. Precisamos de sonhos.

Viver a vida de dentro e ainda ser responsável na vida de fora é uma arte. Pratique... seja um artista de si mesmo e escreva sua história colorida, misturando as vidas que você vive como se fossem cores alegres que irão compor o quadro de suas realizações. Viva colorido...

Leca Castro - 01/11/11

25/06/2012


Gosto de me imaginar em um mundo melhor. Nao um mundo perfeito, apenas melhor. Onde os pássaros possam adentrar por  nossa janela e nos brindar com sua visita e seu canto, sem medo. Onde o brilho da lua seja real e reverenciado por todos, diretamente, sem reflexos. Onde a morte signifique realmente uma transição e não um fim. Onde ser irreverente seja apenas ser você mesmo, sem máscaras. Onde velejar seja uma aventura poderosa. Onde desejar seja tão natural quanto respirar. Onde escrever seja uma das formas mais sublimes de proclamar o amor.

Nesse meu mundo melhor e imaginário serei sempre minha melhor amiga e não me sentirei mais solitária. Saberei reconhecer os detalhes de cada criatura e louvarei o sol de cada manhã. Conseguirei usar a noite para repôr minhas energias e deixar as estrelas povoarem meus sonhos. Terei ao meu redor pessoas que me façam sorrir e que me mostrem a direção certa quando eu porventura errar o caminho.

Esse mundo imaginário pode existir, eu sei que pode. Preciso acreditar que estou novamente na estrada correta e que meus passos aguentarão meu peso, pois durante essa viagem irei me desfazer de bagagens desnecessárias. Quero ficar leve...

Leca Castro - 31/10/11


Hoje recomeço um caminho de volta a mim mesma. Me perdi, admito. Claro que tenho justificativas, mas por que elas teriam relevância neste momento? O que realmente importa é ter consciência dessa perda e retomar a busca. E não me perder novamente.

A única perdição que realmente vale a pena é quando nos entregamos à vida e às oportunidades que ela nos oferece. É quando perdemos nosso orgulho e admitimos o erro, onde ele aconteceu e como repará-lo. É me perder em mim, mas jamais de mim mesma.

Agora é voltar a encarar os problemas de frente, os que são reais e que fazem parte de mim, da minha história, da minha vida. Apenas fazendo isso terei condições de fazer por mais alguém. Realmente, só possuo duas mãos, e no momento preciso delas para me cuidarem, são as únicas que tenho.

Não importa se descobrir tudo isso me deixa triste ou feliz, pois são apenas estágios do meu íntimo. O que é necessário é trabalhar esse cuidado com amor de mim para comigo e descobrir que possuo motivos para ser feliz e ir atrás de mais experiências que me preencham da forma correta. E se a vida está me bloqueando para o mundo não vou sentar e lamentar, mas vou viver meu mundo da melhor forma possível. Sem me perder novamente.

Eu não sabia, mas senti saudades de mim...

Leca Castro - 31/10/11


Ontem um jovem de 13 anos me perguntou o que era mais difícil: você ser carinhoso ou aceitar carinho? Confesso que hesitei na resposta e em menos de um minuto pensei a respeito.

Dar carinho... não é algo fácil, você precisa abrir mão de você para se doar um pouco a outra pessoa. Precisa também saber como fazer isso. Mas um olhar, um sorriso, um aperto de mão olhando nos olhos também pode ser considerado um carinho. Um elogio, um reconhecimento, uma palavra, acarinham a alma. Então acho que não seja tão difícil assim...

Receber carinho... ah, é gostoso, aquece, faz sorrir, então é fácil. Mas espere... tenho tentado isso absurdamente e nem sempre sou bem-vinda. Mas por que será? Algumas pessoas parecem bichinhos, que ao receberem um toque se recolhem, se encolhem, se fecham. Qual o motivo de tanto medo? O que há de tão terrível que não permite a aceitação de um carinho? Pra que repulsar tanto? Ah... uma vez me deram essas respostas, acabo de me lembrar. Medo (das intenções), desconfiança, dor em feridas na alma, não saber como receber, não saber corresponder.

E, durante esses flashes em segundos, respondi, convicta: é muito mais difícil você aceitar carinho...

Leca Castro - 30/10/11


"O que a lagarta chama de fim do mundo, o Mestre chama de borboleta"
Richard Bach

Sempre passamos por metamorfoses na vida, algumas são mais críticas, outras são mais brandas. Mas no fundo todas exigem muito de nosso emocional e são desgastantes sim. Se alguém diz que passou tranquilo por um período de transição então essa transição nem foi tão marcante assim.

Metamorfosear-se é algo doloroso. No início você simplesmente fica adormecido, entorpecido, anestesiado para tudo que acontece ao seu redor. Você não se importa com nada nem mesmo com as pessoas e precisa fazer um esforço gigante se desejar que as pessoas mais próximas não se sintam excluídas da sua vida. É a fase da formação do casulo.

Após esse período de 'hibernação' para a vida, você começa a despertar e descobre que algo mudou. Se sente desconfortável e 'apertado'. Uma vontade louca de sair desse casulo e descobrir o que mudou, o que há de diferente em você. É a fase do esforço. A quebra desse casulo só pode depender de vocêmesmo. Se alguém interferir sua metamorfose não será completa. Suas asas só serão fortes o suficiente para voar se você se esforçar em sair do casulo. E é aí que a maioria das pessoas se perde. Acham que não conseguem, não entendem a metamorfose e suas fases, acham que estão vazias, não sabem como quebrar o casulo.

Paciência, muita paciência e força de vontade. É assim que a lagarta conseguirá quebrar o casulo. E terá as asas mais fortes que até então nunca teve. E alçará vôos grandiosos conseguindo ver o jardim, que antes se resumia em terra e folhas. Agora verá o mundo com os olhos de borboleta, verá o jardim de cima, um mundo mais colorido e bem mais amplo.

Uma dica: não achem estranho ou se desesperem se a inspiração para escrever simplesmente desaparecer. Espere para quebrar o casulo na hora certa e vai entender que nova fase está chegando e com uma visão muito maior.

Leca Castro - 26/10/11


A falta que sinto de algumas coisas ou pessoas não são exatamente 'vazios' em mim. Porque não saíram daqui de dentro, ainda estão aqui. Vazio é um espaço sem nada dentro e tenho alguns, claro, das pessoas que deixei de conquistar, das palavras que eu não disse, dos gestos que não fiz. Mas dizer que 'perdi' alguém e isso me deixou um vazio, não concordo. Me deixou em déficit, me deixou com 'faltas'.

Sinto tanta falta das suas mãos, seus dedos tão bem desenhados, perfeitos. E o seu sorriso? Nunca vi nenhum que provocasse em mim tantos arrepios e batimentos acelerados. Lembro de quando andávamos de mãos dadas e você apertava a minha mão e levava até seu peito, apenas para que eu sentisse seu coração batendo acelerado. Sinto falta dos seus beijos, os mais longos que já tive até hoje. Sinto falta do seu abraço, que me prendia por minutos intermináveis e me passava todo o seu calor. Sinto falta do seu olhar... ficávamos tanto tempo conversando através de nossos olhos, como se nos víssemos um no outro, como se nos enxergássemos lá dentro. E chorávamos juntos... era tão mágico e especial! Mas são as suas mãos que me fazem mais falta até hoje. Seus toques, suas carícias, seus afagos, seus desenhos, suas escritas. Lembro de cada detalhe delas, cada um... Sim, suas mãos me fazem falta, são perfeitas! Me escreveram cartas, desenharam quadros, rabiscaram bilhetes, como aquele de 1 mês de namoro, junto com uma rosa, símbolo do nosso início:

"Meu querido Amor,


os versos imortalizam o poeta, mas o sentimento que lhe rege os versos é a inspiração.
Suave e meiga como você, esta flor serve-me de maneira mais sublime para extravazar o sentimento mais puro do coração.
Te amo!"

Leca Castro - 25/10/11


Chove muito aqui... e ontem resolvi te escrever. Sim, quebrei minha promessa e escrevi. Mas não tive coragem de colocar no correio, não ainda. Decidi que agora vou esperar sua resposta da última carta enviada, pois nossas confusões acontecem por acúmulo de idéias, de sentimentos e quando você me recebe em sua casa seguidamente, sem que eu tenha te recebido antes de escrever, acabamos nos atropelando. E esse acidentes de percurso já estão nos deixando marcas de tantas fraturas expostas que vamos nos causando.

Vou fazendo dessa forma... escrevo e guardo, engaveto, encaixoto, lacro. Não deixarei mais nada referente a você me sufocar, nada. Vai direto para o papel. E nada de e-mails também pois preciso ver sua letra, em que momento ela treme, ou quando a caneta escorrega, ou ainda quando há borrões das lágrimas escorridas. Não há modernidade no mundo que substitua esse detalhes. Nada.

E se nunca mais eu receber uma carta sua, vou acumulando as que escrevo aqui comigo. Deixarei a data por fora de cada envelope para que te entreguem postumamente, pois tenho certeza que a minha partida será antes da sua. E sim, sei o que nos aguarda futuramente e é somente isso que me aquieta nos momentos de agonia e sofreguidão. Sempre me pergunto o que fizemos um ao outro de tão errado para passarmos por tamanha provação... sei que erramos muito, pois hoje sofremos, mas desejo muito que isso tudo acabe logo para que possamos viver plenamente o que nos aguarda. E vou agora novamente olhar se o carteiro já passou... apesar da chuva.

Leca Castro - 24/10/11


 o tempo vai se esgotando... se esvaindo como a água da chuva que procura pelo bueiro enlameado. Quando olho para trás vejo os tempos idos, as conquistas e derrotas, as mágoas e alegrias, as vivências e aspirações, e vejo que passou. Claro que muita coisa ficou, mas esse tempo continua e não me dá tréguas.

Quando olho para frente vejo pouco tempo. Escasso, minguado, com mais sofrimentos e angústias, mas com menos problemas novos. O tempo que resta ainda está por chover e assumo que tenho medo. Não sei o que esperar dessas águas que estão por vir, se serão garoas ou tempestades, se irão refrescar ou causar estragos.

E quando o tempo realmente acabar, por mim tudo bem, isso não me incomoda. Essa passagem das estações chega a ser um refrigério a esse corpo cansado e essa alma angustiada. Não... não venham me dizer que preciso parar de pensar no tempo que fará amanhã ou no tempo que fez ontem. É inevitável quando se chega nesse estágio, quando a primavera já se foi, o verão causticou e o outono já está consumado. As folhas estão no chão e não irei catá-las, prefiro que a chuva varra e leve com ela toda essa natureza morta. Preciso me preparar para o inverno... não quero acordar no frio como a cigarra...

Leca Castro - 23/10/11


Um sentimento estranho, difícil de definir e que muito me impressiona, pois já me conheço há muito tempo... um embrulho no estômago, mas não são borboletas. Essas eu domestico e estão dormindo. Um aperto no peito, mas não é saudade. Essa também está em repouso forçado, talvez um coma induzido. Uma inquietude sem tamanho, mas não é ansiedade. Essa está saciada e conformada.

Sim... hoje me perdi em meio a esse turbilhão de sensações. E detesto me perder, não posso me perder. Sei como é complicado voltar a mim mesma. Não aceito ajuda, não permito buscas, não quero ser novamente encontrada. Prefiro ficar aqui, perdida, junto a esse mar de angústia apressada, que não consegue nem dormir de tanta inquietude, do que defrontar-me com a calmaria que hoje sou (ou era), com a resignação que me afoga, com esse acatamento de não ter mais buscas.

Leca Castro - 22/10/11


Acabei de assistir a um vídeo com Elvis cantando 'My Way', uma música onde diz assim em uma determinada parte: "Se eu acertei ou se errei, fiz isso da minha maneira".

Ontem me disseram que esse espaço é meu e nele faço o que bem entender. Gosto desses textos que escrevo, de forma reflexiva, pois me ajudam a pensar com mais razão e menos emoção. Então, continuarei a postá-los. Mas fazer o que se quer tem suas consequências (ou não?).  O problema é você agir sem pensar e depois amargar o resto dos dias com arrependimentos por ter errado, ou pelo que poderia ter feito e não fez.

Já fiz muitas bobagens, já errei, mas já acertei bastante também. E quando olho para frente sei que ainda vou acertar e errar muito também. Não dá prá acertar sempre. Mas não vou gastar meu tempo nem a energia que me resta nessa tortura, que me é nociva e não me permite ver as belas coisas da vida, como os pássaros que aparecem em minha janela...

Não posso nem devo me torturar por ter feito algo que não deu certo. Posso ter feito escolhas erradas, casamento, empregos, brigas, não importa. O importante é que eu consiga perceber se é possível consertar a situação e fazer acontecer. Mas na época era o que eu achava melhor a ser feito.

O Roberto T. Shinyashiki reconta uma história em um texto seu que é encantadora: um pescador chegou à praia de madrugada para o trabalho e encontrou um saquinho cheio de pedras. Ainda no escuro começou a jogar as pedras no mar. Enquanto fazia isso, o dia foi clareando até que, ao se preparar para jogar a última pedra, percebeu que era preciosa! Ficou arrependido e comentou o incidente com um amigo que lhe disse: – Realmente, seria melhor se você prestasse mais atenção no que faz, mas ainda bem que sobrou a última pedra!

Ainda temos muitas pedras preciosas guardadas em nosso coração, momentos para viver e erros para cometer. E só quero isso... aproveitar as oportunidades que ainda me restam e viver a vida plenamente. Quero curtir meu novo pássaro, que foi um presente do Universo para mim. Quero ajudá-lo a voar e ser mais leve!

Leca Castro - 20/10/11


"Você precisa ser a mudança que você quer ver no mundo." 
Mohandas Karamchand Gandhi (1869-1948), mais conhecido popularmente por Mahatma Gandhi - "Mahatma", (o sânscrito "A Grande Alma")

Tenho guardado comigo essa frase de Gandhi há mais de 20 anos. Claro que quase nunca consigo colocar em prática seu conteúdo, mas gostaria. Como também gostaria de ter a convicção desse homem e persistir no que acho que seja correto e justo.

Sonho com um mundo melhor, e imagino os detalhes desse "mundo melhor". E são esses detalhes que procuro nas pessoas que passam por mim. É lógico que algumas pessoas passam e vão embora e nem deu tempo de conhecê-las direito. Outras passam e permanecem por um tempo, tempo esse suficiente para que eu deixe que partam. Sim, é necessário um certo tempo para entendermos que essas pessoas devem seguir sem nossa companhia. Motivos? Vários... decepção, oportunidade, falta de opção... O importante é saber se o tempo em que elas permaneceram foi o bastante para que nossas palavras e ações promovessem alguma mudança dentro delas.

Mas existem algumas poucas pessoinhas que chegam e permanecem... podem se distanciar quilômetros, atravessar o oceano, mas permanecem. E essas são especiais porque provocaram algum tipo de mudança em nós. E nos fizeram pensar e meditar sobre algum sentimento, um modo de ser ou até mesmo sobre nossa postura perante a vida. E isso nunca mais será esquecido.

Assim vivemos. Relacionamos com pessoas variadas, por motivos variados, e nem sempre conseguimos promover essa troca. Dizem que os defeitos que enxergamos nos outros são reflexos de defeitos que temos e não conseguimos visualizar. O que sei e aprendi é que não importa quantas imperfeições os outros tenham... o importante é eu ter a condição de fazê-la uma pessoa melhor. Mas só conseguirei isso quando eu também for uma pessoa melhor...

Leca Castro - 20/10/11



E então, consegui ver a beleza da chuva... e da noite escura e emudecida. Um silêncio que ensurdece o corpo e amplia a audição do meu coração. Um negrume que clareia minha mente e desvenda soluções intocáveis pelo que outrora demominei por medo. E o medo foi-se embora...

E minha mente conseguiu descortinar o que há por detrás de toda a escuridão da noite, que me aterrorizava até agora. Foram necessárias noites e noites insones até perceber que há vida em meio ao caos, esperança junto ao decesso. Sim, ela me ronda... e aprendi a conversar com a sua imponente figura e vi o quão agradável e sedutora ela é. Não, ela não estava me seduzindo para tirar proveito, nem veio me buscar ainda, apenas se mostrou sem capa, e me encantei pela sua beleza, que só quem tem coragem consegue desnudar.

Com certeza meus dias serão diferentes, terão forma e aroma diferentes. O tempo hoje, entendo como nunca... é atemporal dentro de mim. E as nuvens carregadas apenas choram pelos que se entristecem quando o sol resolve brincar de esconde-esconde com o mundo. E então, consegui ver a beleza da chuva...

Leca Castro - 19/10/11


O que mais me impressiona no mundo em que vivo, ou no meu mundo particular, melhor dizendo, é como não consigo passar um dia sem ter um desequilíbrio surpresa. É só aparecer algo de bom, que me levante o astral, que aqueça meu coração, que me faça sentir especial, que logo depois vem algo totalmente oposto, que me afunda para a lama, aquela bem suja, onde ficam sujos todos os sentimentos mais mesquinhos.

Céus... mas como é difícil sair dessa lama!... ela pesa em minha alma, me deixando caída, enojada, sem conseguir ao menos pensar direito. Não quero mais isso, não quero mais me afundar nesse peso, nessa imundície, nesse cheiro escroto. Minha alma chora... clama por ajuda, por alguém que me auxilie a sair e tomar um banho na chuva para purificar meus sentimentos novamente.

Minha alma cansa... é muito egoísmo, muito orgulho, muito sentimento pesado nos olhares, nas palavras ditas, e principalmente nas palavras não ditas. Cansa, cansa, cansa...

Quero o céu, a chuva, o vento. Quero uma purificação de toda impureza que já lançaram em mim, que já jogaram em mim sem que ao menos eu me preparasse ou soubesse a razão. Que jogaram e saíram, covardemente, deixando que eu me atolasse sozinha. Uma mão... é tudo que preciso por hoje...

Leca Castro - 18/10/11


A semana que passou me trouxe alguns ensinamentos. Finalmente entendi na prática o que significa deixar as pessoas partirem e voltarem, caso você realmente as tenha conquistado.

Sempre pensei (e disse) que não existe relação perfeita, no sentido de não haverem discordâncias. Se você acha que existe é porque é apenas uma relação superficial ou com pessoas que você encontra raramente, que nem dá tempo de pontos de vista virem à tona.

Claro que não há necessidade de brigas, mas creiam, as brigas existem não por haverem as discórdias, mas porque não há respeito pela opinião diferente do outro. Hoje sei que as brigas ocorrem por falarmos demasiadamente, coisas até desnecessárias, mas sei também que elas aparecem quando coisas de menos são faladas, ou seja, palavras não ditas, explicações não dadas, emoções não demonstradas.

Como conviver pacificamente? Aceitando resignadamente o outro, sem discordar de nada? Claro que não! A questão é: de que forma discordamos?

Falta amor nos relacionamentos... falta a demonstração do amor... mas falo do amor como aquele sentimento puro, em que desejamos sempre o melhor para o outro... o amor que devemos sentir por nós mesmos... o amor que nos orienta a calar no momento certo, a falar no instante propício, o amor que nos liberta do egoísmo e do orgulho.

Leca Castro - 17/10/11



Quero muito  que as pessoas aprendam que existem vários tipos de amor. Não que isso o banalize, pelo contrário, em todos os seus tipos ele continua sendo a máxima da conduta ética do ser humano.

Mas julgar sentimento dos outros é coisa muito séria, ninguém tem esse direito. É fato que hoje em dia, entre os casais, dizer 'eu te amo' se tornou algo muito banal, como 'tchau, se cuida!'. Mas quando se trata de amizade, basta descobrir afinidades, se respeitar e confiar, que amar é consequência. Amor de amigo é a coisa mais deliciosa que existe quando se pensa na vida a longo prazo.

Uma coisa que nunca funcionou comigo foi homem ou amigo achar que se  me ignorar que eu correria atrás. Odeio ser ignorada. Salvo casos em que tenha dado motivos concretos para isso. Me ignorar só faz com que minha decepção aumente e algo se quebre aqui dentro. Me afasto. Com dores horríveis de um coração se partindo, mas me afasto. Principalmente depois que a poeira abaixa.

Precisar de alguém, de amigos, mostra apenas que somos humanos e que não fomos feitos para viver isolados. Tem uma frase que gosto muito do cara foda chamado Paulo de Tarso, onde ele diz que "nenhum de nós vive para si". E isso não é exatamente o que os grandes filósofos e a ética dizem?

Leca Castro - 15/10/11


Os fatos apenas me apontam que, cada vez mais, vou afastando as pessoas de mim. Não pensem que é por gosto não, mas também não tentem imaginar o motivo, porque na maioria das vezes nem eu mesma sei.

Acredito que eu possa transmitir medo, pois sou autêntica demais. Ou então receio, já que sou muito intensa. Mas afasto também porque sou muito insistente, e isso realmente ainda não consegui dominar.

Poucos talvez entendam que minha autenticidade é ser sincera, direta, sem rodeios. Tento não dizer a verdade de forma cruel, porque nem sempre o outro está pronto para ouvi-la. Mas sei que às vezes meto os pés pelas mãos.

Já a minha intensidade, nem eu mesma dou conta, admito. Penso demais e sinto demais também. Sou tão intensa que chego a assustar as pessoas que não vivem dessa forma, que não entendem por que eu me exporia assim, ou simplesmente por que choro tão fácil. Umas acham que é fingimento de minha parte e outras não querem alguém assim por perto.

Chegando na parte em que realmente vejo como defeito em mim e não consigo ser bem sucedida, vem a minha insistência. Ainda não consegui perceber os limites de cada um. Tenho os meus, que são elásticos, mas sempre acabo ultrapassando os dos outros. Sem perceber tiro-lhes o livre-arbítrio, e quando caio em mim, já derrubei a farofa no ventilador. E isso me consome por dentro.

Leca Castro - 13/10/11



Novamente me pus a ouvir o poema "Metade", de Oswaldo Montenegro. Ele sempre me faz pensar muito. Quantos de nós se depara a todo momento com as metades de si mesmo?

Tem dias em que a única coisa que quero é colo... então chega alguém que demonstra precisar mais desse aconchego que eu mesma.

Tem momentos da minha vida que quero sair, curtir e não pensar no amanhã, até que minha filha adoece e meu lado mãe faz com que eu fique e reze por um amanhã melhor.

Tem instantes de angústia em que preciso chorar e gritar para que minh'alma se aquiete... nesse momento meu telefone toca e alguém chora em desespero, calando meu grito e motivando minha fala consciente.

E peço licença a esse gigante da poesia em ousar dizer que por vezes, somos tão divididos, que deixamos de ter metades e descobrimos que nos dividimos em terças e até quartas partes...

Lutarei para manter minhas metades íntegras e saudáveis.

Metades que convivem pacificamente dentro de mim.

Metades que se respeitam.

Metades que sabem agir e sabem esperar.

Metades que dependem apenas de mim para existirem e coexistirem em meu mundo.

Metades de mim mesma...

Leca Castro - 10/10/11


Se penso em você, pensar em nós dois é praticamente inevitável! Dói mais ainda, por sinal. E dói, porque 'nós dois' passa a ser cada dia algo mais distante, improvável. E depois de todo esse tempo, a idéia de ver-me só, sem correspondência, torna-se estranha, inquieta. É uma liberdade que não mais conheço e não mais aspiro ter. Não quero.

Fiquei tão condicionada a ver 'nós dois' sempre juntos que separados fico sem chão. E hoje, ao pensar em você, não mais sonhei acordada com nosso amanhecer juntos, nossas mãos se tocando, nossos olhares se fixando em momentos de eternidade, nossa vontade de 'nós dois' se concretizando em um ato de amor. Ainda estremeci quando sua imagem apareceu em minha mente, sua voz aconchegante, sua mão acariciando meu rosto.

Pergunto-me se vou conseguir sustentar minha decisão de pôr fim a 'nós dois'... é algo tão intrínseco em mim, tão real e tão perfeito, que não me vejo sendo assim com mais ninguém. Não conseguirei manter um olhar como o nosso com outro alguém, pois ele não se sustentará. Faltará amor. Faltará nós dois...

Leca Castro - 09/10/11

Muitas pessoas costumam dizer que não conseguem ver luz dentro delas, que se acham desprovidas de luminosidade, que são incapazes de fazer algo por alguém. Pra essas pessoas, vai um toque: quando você se encontra no escuro total, um breu onde seus olhos não conseguem enxergar nada, lembre-se que se você acender um palito de fósforo vai iluminar muita coisa ao seu redor, e o primeiro a ser iluminado será você mesmo...

Leca Castro - 08/10/11


No dia de ontem saí de casa para um encontro de negócios, que eu diria até ser rotineiro levando-se em conta minha pacata vida. Sinceramente, não achei que estava tão 'pacata' assim. Levei um choque de realidade como há muito não acontecia. É como se estivesse vivendo há tempos isolada de tudo que me fazia ser quem sou (ou era).

Senti como se estivesse sendo egoísta por todo esse tempo e só houvesse pensado em mim. Não que fazer isso seja errado, mas fazer APENAS isso é errado sim. Prova disso é que me senti uma pessoa egoísta e mesquinha. Tantos problemas acontecendo e eu aqui pensando na vida. Tanta gente com a melhoria de vida na dependência de atitudes minhas e eu aqui, usando a palavra da moda: procrastinação. Que sensação horrível!

Só digo uma coisa, hoje aquela frase clichê faz bastante sentido prá mim: 'não fazer o bem é um mal'. Não vou conseguir ficar quieta, preciso agir, sair dessa rotina maldita, dessa cama que me mutila, desse desânimo que me assola. E isso, somente eu mesma posso fazer por mim, ninguém mais. Preciso de estímulos, de palavras, de gestos, mas se for depender eternamente que pessoas façam isso para que eu possa ir adiante, fico com a impressão que então jamais irei. Vou sozinha mesmo...

Leca Castro - 06/10/11


Cansaço... de gente, de sentimentos, de palavras, de mágoas, de esperanças, de espinhos, de cuidar.

Cansaço... de falta de gente, de falta de sentimentos, de falta de palavras, de falta de alegrias, de desesperanças, de flores, de falta de cuidados.

Cansada de ambiguidades...

Leca Castro - 05/10/11


Estava outro dia conversando com um estudante de arquitetura sobre um modelo de janela que ele deveria escolher para ser colocada em um projeto, quando me veio a idéia de escrever. Não sobre janelas de aço ou madeira, de vidros canelados ou jateados, mas sobre as janelas que trazemos em nós.

E não, não estou fazendo alusão ao filme brasileiro com base em Saramago. Apenas resolvi filosofar um pouco em cima desse objeto, importante nas construções, afinal, não vivemos construindo compartimentos dentro de nós?

A função primordial da janela é fazer um intercâmbio entre o ambiente interno com o externo. Ela permite que vejamos o que ocorre do lado de fora e, quando permitimos, podemos abri-la para que entre ar. Sim, temos janelas dentro de nós. E essas não precisam ser bonitas, sofisticadas, mas precisam ser práticas. Se focamos em seu propósito percebemos que apenas aprecisamos de amplitude para que o ar externo possa entrar e circular.

Quantas vezes não ficamos fechados em nós mesmos, enclausurados um nosso quarto, e não damos brecha nem para que um raio de sol ou de luar possa penetrar? Precisamos de momentos a sós? Sim, precisamos. Mas não precisamos estar sozinhos para que isso ocorra, Como pensar e concluir qualquer coisa que estejamos sentindo, sem ar para respirar? Não todos os dias, mas venho aprendendo a abrir minhas janelas e a respirar ares novos, vindos pela vida, enchendo minha alma de renovação. E então deixo esse ar circular, percorrer todo meu ser, penetrar em cada canto, sem medo de qualquer estrago. Já aconteceu da janela emperrar, várias vezes. Em algumas ela abre mas o vento, ao invés de entrar e fazer morada, faz com que a janela se feche sozinha, infelizmente. Mas me sinto mais arejada ultimamente. Tenho conhecido ares amenos, que refrigeram e me dão novo ânimo e alguns furacões, que arrebatam, machucam, mas me colocam no chão novamente. E tem sido muito bom toda essa mexida aqui dentro.

Mas se a janela permite tudo isso, e a porta? Ah... essa exige um novo texto...

Leca Castro - 04/10/11


Ontem foi aniversário de meu amor. Não consegui escrever-lhe. Ultimamente essa tarefa tem se tornado difícil, apavorante a bem da verdade. Nossos 40 e poucos anos tem-se revelado assustadores, como se ainda estivéssemos vivendo na adolescência e descobrindo muito de nós mesmos. Mas o que está acontecendo realmente é que começamos a descobrir algumas faces de nós mesmos e da nossa relação apenas nesses últimos instantes.

Minha mudança foi radicalmente sentida por mim e por você também. Saí daquela indolência, daquele torpor em que minha alma e meu coração se encontravam. Pensei, por anos, que me manter inerte por dentro, em meu coração, conseguiria viver com menos dores, menos receios, menos decepções. Então descubro que não. Essa inércia apenas fez meus sentimentos por você pararem no tempo, nada mais que isso.

E agora, acordando depois de anos de sono hipnótico (sim, foi uma dormência sugestionada), tal qual uma quase bela adormecida, vejo o quanto nossa relação ficou também atrofiada, torporosa. E ao acordar sozinha, sem o beijo do príncipe encantado, mas através dos tapas da madrasta-vida, vejo sua pessoa de uma forma diferente, alterada. Analisando com o coração, percebo que meu amor por você continuou inalterado, arriscaria dizer inclusive que manteve-se inabalado durante esse sono profundo de anos. Mas meu despertamento te assustou. E você correu. Não por covardia ou medo, não. Correu por susto, por ter visto em meus olhos aquela labareda de 20 anos atrás, aquela Leca que tanto te amou e demonstrava isso em um simples sorriso e em simples palavras escritas.

Sim, meu caro... eu voltei. E percebo agora que você também adormeceu por todos esses anos. É como se esse sono houvesse nos anestesiado de nós mesmos. Continuamos a vida, nos envolvemos com outras pessoas, novos amigos, mas nosso amor adormeceu. E ao acordar, te chamei. Mas seu sono era pesado. Precisei te sacudir. E você acordou. Sei que ainda está se situando, entendendo onde o tempo parou e procurando entender como trazer aquele instantes em que adormecemos para os dias de hoje.

Mas ontem você completou mais um ano de existência. Quisera eu poder afirmar que foi mais um anos de vida, mas estávamos apenas existindo, por todo esse tempo. Espero, com o mais profundo dos meus sentimentos que apenas você conhece e mais ninguém, que a partir de agora seu despertamento seja tranquilo e que você possa ser agraciado com bastante saúde, física e mental, para viver mais um ano de realizações e definições. Que nosso amor possa manter-se completamente desperto para nos impulsionar a tomar decisões que a distância sempre nos impediu de refletir. Que sua vida seja proveitosa, cheia de experiências gratificantes. E que você possa ter muitos momentos felizes para recarregarem a bateria de sua alma.

Sê feliz...

Leca Castro - 03/10/11


Estava agora lendo o relato de um 'amigo' jornalista. Aliás, relato é bondade, foi um baita desabafo. Ele tem uma doença muito grave e crônica, só se salva se conseguir um transplante raro. E a única coisa que ele pede é mais respeito por parte dos médicos, pois não consegue explicações coerentes sobre seu processo de adoecimento.

Sabem o que eu penso? Que a elite da área da saúde se acha muito detentora de conhecimentos e, por isso, acima dos pacientes. Fica um alerta: se você ou alguém que você ama adoecer, procure saber tudo sobre a doença, mas tudo que você puder mesmo. E discuta, mostre que também detém uma parcela do conhecimento. É direito do paciente ou seus familiares saberem tudo sobre a terapêutica abordadano tratamento. Não se deixem levar pelo comodismo e cuidem da saúde, sem ela só vamos minando.

Sei que não é um post pra ser reblogado, não aqui no tumblr. Nem me incomodo que não seja porque hoje realmente usei para descarregar minha indignação. Mas não consigo me omitir diante de casos extremos assim. Saúde a todos!

Leca Castro - 30/09/11


A palavra de ordem do dia é angústia! Nos anos mais difíceis por mim já vividos, o sentimento mais difícil de ser controlado aqui dentro tem sido essa ansiedade absurda. Isso me inquieta, me oprime o peito, me deixa sem ar. E é exatamente por causa dessa inquietude emocional que adoecemos.

Nosso organismo se debilita, nosso sitema imunológico cai drasticamente, ficamos sucetíveis a qualquer vírus, fungos ou bactérias. Já a nossa alma fica completamente desarmada. Nela encontramos a indisposição, o desânimo que não permite que tenhamos desejo de fazer algo, o desalento quanto aos acontecimentos (ou falta deles) e, em alguns casos, todos esses sentimentos ainda ganham como companheira a inconformação.

Sabe qual o nosso problema em relação à inconformação? Não conseguimos distinguir conformismo pacífico com conformismo passivo. E quando devemos nos conformar em ambas as situações? Pacificamente, quando o que acontece não pode ser mudado. Passivamente, nunca. Seja dono da sua vida, das suas escolhas, e se mesmo assim você não consegue mudar o que queria, conforme-se enquanto toma fôlego. Respire. Quando tiver forças e sentir que está na hora, tente novamente.

Não se angustie com o que não pode ser mudado. Sentimentos de terceiros, doenças sem cura, situações inevitáveis. São diversas situações que inconformar-se só trará mais sofrimento. Aceite e faça o melhor que puder dentro da situação. Aquiete seu coração e usufrua do que ainda possui de bom na vida. E com certeza, absoluta, resta muita coisa boa ao redor. Abra os olhos!

Leca Castro - 29/09/11


E acordo... e meu primeiro pensamento é em nós dois. Abro os olhos na vã tentativa de lembrar o que estava vivendo em sonho pra ter acordado com essa vontade de você. E ali, de olhos arregalados, penso se me permito ficar naquele estado ou se volto à realidade.

Acabo voltando ao meu mundo, minha cama vazia (tão grande apenas para um de nós), meus afazeres. E sim, não me permiti, novamente. Resolvi que hoje não quero relembrar, nem as coisas boas nem as ruins, apenas não quero relembrar. Levanto e vou cuidar dos poucos afazeres que me aguardam.

O dia vai se arrastando lentamente e o tempo parece que anda em câmera lenta. As horas não passam e me pego novamente pensando em nós dois, juntos. Não quero pensar nessa situação, dói. Tenho medo que não aconteça novamente, que eu não te tenha comigo apenas mais uma vez. Essa idéia me apavora e...

Percebi que resolvi errado e volto para a cama...

Leca Castro - 28/09/11



Sempre, desde o início mesmo, tentei ser uma mãe-amiga. Quando ainda estava em meu ventre e conversávamos o dia todo, quando bebê em que trocava carícias e massagens antes do banho, na hora de amamentar em que nossos corpos se colavam e eu tentava passar todo meu calor pela pele, quando aprendeu a engatinhar e eu mal podia esperar que chegasse até meus braços, e nos primeiros passos em que cada queda eu corria para socorrer. Foi o primeiro ano de momentos intensos e marcantes.

Durante a infância foram tempos de aprendizado, para nós duas. Enquanto ela aprendia a falar, escrever, socializar, brincar, eu reaprendia, reafirmava e repassava os valores morais que escolhi seguir. E chegou a puberdade, as mudanças de fora acontecendo, enquanto as mudanças de dentro transbordavam nas atitudes e palavras. Que fase incrível...

Já a adolescência, essa chegou como um furacão. Arrebatou-nos como se fôssemos Doroty e Totó e transportava-nos para um mundo mágico, onde trilhávamos estradas amareladas e descobríamos, juntas, o valor de se ter coragem, inteligência e sentimentos. Cada desilusão com amigos era tão dolorosa quanto as futuras desilusões amorosas.

Éramos amigas? Sim, ainda somos. Brigávamos? Sim, ainda brigamos. Ficávamos 'de mau'? Sim, ainda ficamos. Mas se assim não fosse, não haveria crescimento. Seríamos máquinas vivendo os dias esperando o momento de dar defeito. Cada briga, cada discussão, serviu para lubrificar nossos corações e deixá-los preparados e fortalecidos para futuros embates.

Mas hoje, atingindo a fase adulta da vida, sinto o mesmo amor, o mesmo carinho, a mesma dor de sempre. Continuarei ficando feliz com as conquistas e continuarei a sofrer com as provas dolorosas que vierem para a minha eterna criança. Já disse que não sou perfeita, mas dentro do melhor que consigo ser penso que a gente consegue conviver muito bem. Amor de mãe e amor de filha se entrelaçam na hora da dor. Amor de mãe quer a dor da filha para si. Amor de mãe quer curar as feridas. Amor de mãe fica feliz nas alegrias. Amor de mãe também é amor de amiga.

Leca Castro - 27/09/11


Novamente me pego pensando em você. Acontece com menos frequência agora, mas não acho que o amor que sinto diminuiu por isso. Pelo contrário. Acho que somente agora entendi o nosso amor. Entendi a grandeza que emana dele.

Não importa a distância, quantas léguas, quantas milhas, quantos oceanos nos afastam, estaremos sempre conectados, sempre. Sinto isso. Não penso em você o tempo todo, mas penso em você sempre que o assunto é o amor. E tem forma mais linda de se amar alguém?

Não, não sei escrever poesias metrificadas ou sonoramente apaixonantes aos ouvidos e olhos sedentos. Deixo a você essa parte. Jamais poesias me tocaram tão fundo quanto as que você me escreveu, me recitou, me encantou. Jamais esquecerei a sua letra, seus traços, seus dedos, seus desenhos. Traços tão fortes como a sua personalidade. Sabe, jamais soube descrever o que me fez começar a amar você. Talvez seu sorriso lindo que ainda me provoca tremores até hoje, ou suas mãos, ou seu talento para o desenho, para  a música, para a escrita. Seus olhos... não, não sei dizer ao certo, talvez tudo junto, ao mesmo tempo.

Os anos podem passar, a idade pode aumentar, mas não consigo enxergar as rugas em seu rosto, a escassez de seus cabelos macios, as pintas em suas mãos. Continuo te vendo como sempre te vi: com meu coração.

Leca Castro - 26/09/11


A inconstância da juventude... ah como isso me faz falta! Às vezes me pego relembrando momentos de minha adolescência, período mais marcante da vida, mesmo que se morra aos 90 anos.

Lembro-me da transição sutil da puberdade, onde tudo me agoniava, onde as mudanças em mim beiravam o desespero de me sentir deformada. E então chega a adolescência... linda, perfumada, promissora. Mas também intensa, triste por amores perdidos, sofrida por tantas incompreensões.

Arrependo-me de algumas coisas sim e bobagem de quem diz que não devemos nos arrepender de nada... bobagem! Arrenpendo-me dos abraços que não dei, dos ciúmes que senti, dos momentos que me calei, dos choros que prendi. Arrependo-me também do egoísmo que tive, das palavras que calei, do tempo que deixei passar.

Nada disso vai voltar, nada. Nem lamentar resolverá. Mas também tive acertos que fizeram essa fase ser inesquecível. As conquistas, os flertes, os namoros, as festas, as músicas... saudades! Mas o que mais ficou marcado foram as amizades. Colegas? Tive vários. Amigos? Alguns, mas que tornaram essa etapa mais agradável e suportável.

Alguns detalhes permanecem, ainda sou inconstante, ainda me arrependo de muita coisa. Cara... não sou perfeita! Não quero confetes nem louros. Apenas consideração, apenas isso. E esse buraco tem se tornado constante...

Leca Castro - 24/09/11


No substantivo mundo que existe, as pessoas atrapalham... essa idéia me remete a pensar que não pensamos quando reclamamos do mundo, incluindo as outras pessoas que nele habitam. Apenas reclamamos!

Já as pessoas que fazem coisas boas para esse mundo, não reclamam... já observaram?

E ao tentar entender o motivo do poeta gostar do adjetivo, descubro que raramente o usamos como "adjetivo-bom". Nossos diálogos, nossos monólogos... todos com o substantivo bem crú, ou com "adjetivo-ruim"...

Você se lembra da última vez que disse ao seu amigo constante que ele é lindo aos seus olhos? A última vez que disse ao seu amigo-virtual que ele alegra o seu dia? Engraçado... as pessoas acham que verbalizar alguns adjetivos fará com que sejam mal-julgadas! E se forem?

Pois prefiro ser mal-julgada por fazer alguém feliz, do que bem-julgada por praticar um bem alardeante. Esses, geralmente são praticados com alguma intenção.

Jamais deixe de acarinhar alguém com suas palavras doces, palavras de bem-querer... E se a própria pessoa recebedora do adjetivo te julgar mal, paciência... Pelo menos aprenderá que existem os adjetivos-bons!

Que apreciar o Belo no mundo e do mundo seja uma constante, e que nunca seja demais!

Que transborde!

Que escorra!

Leca Castro - 24/09/11


Uma sensação de vazio, de impotência, de inutilidade. Acontece sempre quando não consigo ajudar, quando não me deixam ajudar. Qual o sentido de estar no mundo senão a convivência?  E se o objetivo é conviver, por que não conseguimos fazer isso de forma no mínimo aceitável?

Sério, não existe sensação pior no mundo. Se você escolhe as pessoas com as quais vai conviver, seja em que nível for, qual o limite do envolvimento? Quem determina esse limite? Você ou o outro? E quando um sai ferido, sangrando, de quem é a culpa? De quem se entregou ou de quem não soube aceitar a entrega?

Tantos questionamentos vão se acumulando com o passar da vida, alguns com respostas e outros com eternas dúvidas. Os seres ainda não conseguem se humanizar, não conseguem se entregar, fogem disso como se a vida dependesse de resguardar sentimentos.

E consigo uma resposta em cima de tantas interrogações: essa sensação vazia é por não existir uma pessoa disposta a partilhar da mesma forma. Conhecem a estória dos carinhos quentes? Vou publicá-la em seguida. Cansando de carinhos de plástico... preciso me esquentar!

Leca Castro - 23/09/11


Então... hoje resolvi te dizer que sinto que nossas missivas vão se escassear. Não era minha pretensão mas acho que estamos desgastados com essa experiência que perdura anos a fio. Não nos culpemos mais, não nos desculpemos mais. Chega. Chega de lamentar o que passou, os infortúnios da vida, as circustâncias que nos separaram. Chega.

Hoje, especialmente hoje, me sinto cansada. Não é um cansaço que beira o desânimo nem o desespero. É apenas cansaço. Cansei de esperar demais, de querer demais, de desejar demais, de sonhar demais. Talvez devesse esperar menos, querer menos, desejar menos, sonhar menos. Muita expectativa e pouco retorno.

Independente dessas minhas palavras, saiba que serei eternamente sua, de alma e de corpo, de sentimento e de razão. O que mudou foi a falta de um horizonte me apontando raios de um sol transbordante de felicidade ao seu lado. Agora, finalmente, coloco meus pés no chão e decido caminhar. Tenho metas, mas o caminho é incerto, desconhecido. Não tenho motivos para continuar presa ao nosso passado, que foi lindo, apaixonante, intenso e partilhado. Hoje são lembranças que passam pela minha mente e moram em meu coração.

Jamais, preste atenção, jamais deixarei de amar você. Os erros sempre vão existir, sempre vão marcar e sempre vão machucar. Não existe borracha para o que se viveu. Mas nossa história, escrita por tanto tempo, teve momentos redigidos com lápis de cor, com canetas tinteiro, com canetas esferográficas e com lápis. Mas nem mesmo o grafite conseguiremos apagar, pois escrevemos com força, com paixão, com aquele sentimento verdadeiro que deixa marcas profundas no papel de nossa história.

Meu coração está hoje cheio de cicatrizes, de remendos. Cada marca tem uma história para contar. E não pense que só porque estamos envelhecendo vamos ficando mais sábios. Balela... continuamos errando, nos apaixonamos e sentimos o mesmo que adolescentes inexperientes sentem, erramos na tentativa de acertar, nos empolgamos e deixamos de medir consequência de atos infelizes. Somos humanos! E como humanos precisamos nos permitir viver, mesmo que não possamos viver os mesmos momentos juntos.

Ainda vou te escrever mais vezes, apenas sinto que realmente vou deixar esse ato fluir mais naturalmente, sem pressa, sem arroubos, sem desgaste. Ainda te amo, com tudo que há em mim. E é certo prá mim que pra sempre vou te amar. Mas preciso respirar, preciso me sentir mais viva, retirar algumas teias de aranha de dentro de mim.

É isso... vou fazer uma limpeza... uma faxina! Guardar as coisas importantes no sótão e as de uso mais corriqueiro no porão. Deixarei a sala de estar limpa e organizada porque quero receber visitas. Exatamente... visitas! Acho que vou preparar um chá porque a campainha não demora a tocar...

Leca Castro - 22/09/11


Impressionante como é a vida... enquanto perdemos amigos, de alguma forma ela consegue nos presentear com outros.

Antoine Exupery diz muito sobre a amizade, mas em uma das fantásticas metáforas utilizadas ele compara um amigo a um poço em meio ao deserto. Todos temos sede de amizade, todos precisamos de refrigério para a alma. E se soubermos aproveitar da forma correta esse poço, a água pode ser boa para o coração.

Quando vivemos em um deserto não temos estabilidade emocional, precisamos de um ponto de equilíbrio, então procuramos por um oásis. E acredito que todos temos desertos na alma, independente se temos alguém que nos ame ao lado, ou se vivemos rodeados de pessoas. Corremos  desesperadamente atrás de um oásis, mas este, não passará de uma miragem.

É por isso que precisamos enxergar com os olhos do coração e não nos enganarmos com as pessoas, pois existem as pessoas-oásis e as pessoas-poço. O poço é concreto, não é fruto de uma miragem. E é nele que conseguimos realmente saciar a sede de afeto, de carinho, de amizade. E quando chegar bem perto do oásis e ele se for, acredite, é porque ainda aparecerá um poço em algum outro lugar do deserto.

Leca Castro - 20/09/11


E você me procurou...

Depois de longos e intermináveis dias de espera, você me procurou. Mas pela sua escrita vejo que minhas palavras foram entendidas de forma completamente errada e isso me assusta. Seus questionamentos quanto à minha postura... que dor!

Se quero te mandar meus manuscritos guardados é porque quero que você fique com eles, guarde-os. Se vai ler ou não, realmente não me importo. Mas, por Deus, é a primeira vez que recusa recebê-los! O que te assusta tanto, meu amor? Será que consegue adivinhar o conteúdo das missivas que escrevi nas madrugadas da vida? Ou será que consegue adivinhar o motivo para que eu as remeta todas assim, de uma vez só?

Você sabe, no fundo você sabe que o fim se aproxima. Mas quero muito que acredite que esse fim não é o 'nosso', apenas o meu fim. Nosso amor não morrerá jamais. Se atravessou toda a nossa vida e sobreviveu, nada mais conseguirá aniquilá-lo, nem mesmo o meu fim.

Apenas desejo que me guarde. E a melhor forma de você fazer isso é através da minha plavra escrita, nossa companheira durante todos esses anos. Apenas me guarde... é a única parte de mim que quero que sobreviva. E assim, vocè poderá sempre me procurar... nas minhas palavras escritas, manchadas por lágrimas escorridas em muitas madrugadas frias e solitárias.

Leca Castro - 19/09/11


Manhã gelada, onde o vento grita em meio ao silêncio de minh'alma.

Após uma breve análise, descubro-me fortalecida. Resumindo todas as pancadas dos últimos dias, topos os tapas e todos os desprezos, percebo que precisava acordar. Que o mundo não é um local belo, florido e cheio de graça. E comparando, dentro de mim não há tanta beleza, tanto perfume mas que ainda posso sorrir.

Vem em mim, primavera que se anuncia!

Desabroche o que há de melhor em mim!

Me indique o caminho com as cores vivas das pétalas!

Não suporto mais sentir frio...

Leca Castro - 17/09/11


Dia nublado. Estranhamente esse fato me anima. Não são nem 12h e já fiz todas as coisas acumuladas durante a semana toda. Quem pode entender o mecanismo da vontade?

Como diz o grande Menestrel, Oswaldo Montenegro, em uma de suas composições: "Meu amor, a vida passa num instante e um instante é muito pouco pra sonhar".

Então me vejo pensando nos instantes desperdiçados, que não foram evitados e que hoje fazem falta aqui dentro. Enquanto isso, o dia continua nublado...

Leca Castro - 16/09/11


E novamente recomeço meu ciclo... me perco, me acho... sempre assim. Mas estou tão cansada! Diria até dilacerada.

Apenas queria ter tempo de respirar, sentir que a vida me proporciona intervalos de trégua, onde eu não precise lutar e possa me refazer. Descansar um pouco é algo hoje urgente em mim, primordial. Mas como fazer a vida me dar esse tempo? Como pedir a ela que me poupe de tempos em tempos, a fim de que eu possa me recarregar?

Já não sou dona do meu destino, até isso me foi tirado por ela, a vida. Me colocou em uma posição tal que não consigo mais tomar decisões sobre meu futuro. Não posso mais fazer planos nem ser movida por desejos.

E vou andando com ela, a vida. Vivendo-a... um dia de cada vez...

Leca Castro - 15/09/11


Não tenho a pretensão de que esse texto seja reblogado porque sei que a maioria das pessoas que me seguem e que lêem textos grandes, esperam algo que falem de amor. Este fala, mas não de amor entre um casal.

Hoje, enquanto estava sozinha, precisando de ajuda emocional, percebi o quanto somos vazios de amigos. Estava no local mais frio que pode existir, mas o único que alivia a dor física. E comecei a pensar para quais amigos poderia ligar ou mandar uma mensagem, enquanto ficaria ali por umas 4/5 horas.

Pensei logo na minha melhor amiga atual (?), mas ela estava trabalhando nesse horário em um local onde não conseguiria conversar comigo. Pensei em outra amiga (?), mas fiquei na dúvida se ela entenderia o que eu estava passando naquele momento. E foi então que minha ficha caiu...

As únicas pessoas capazes de entender o que estava acontecendo sem que eu precisasse me desgastar explicando (sim, é emocionalmente desgastante explicar o que me acontece enquanto sinto dores) eram 4: minha 'anja', mas eu já estava ali esperando por ela e ela não teria condições de me ajudar emocionalmente por estar trabalhando; minha melhor amiga atual, mas como disse antes ela não estava disponível; minha filha, que não perdoaria se não a chamasse para ficar comigo; e um amigo recente que está começando a saber da minha história, mas que, ao mesmo tempo, sabe mais que qualquer outro não listado aqui. Só que naquele momento uma SMS seria inviável em função de um desentendimento estranho.

E fiquei a pensar nessa quarta pessoa, loucamente. E minha mente viajou. Por um lado isso foi bom, ajudou o tempo a passar. E apareceram várias questões... por que somos tão egoístas e nosso sentimento, seja bom ou ruim, tem que sobrepor a necessidade do outro? Por que sempre achamos que temos razão? E mesmo quando não achamos, por que então não mudamos de comportamento? Por que sempre precisamos mostrar que o que sentimos é mais importante do que o outro tem a nos dizer? Por que menosprezamos tanto o dizer e o sentir do outro? São muitos por quês e isso me deixou pior, muito pior. E penso se realmente vim ao mundo para ter amigos.

E amar dói... não importa o tipo de amor. Sinto dor quando minha filha sofre e sofro junto. Mas também dói quando a vejo fazendo algo que irá doer depois, mesmo sabendo que aquilo faz parte de seu aprendizado e crescimento. Sofro quando meus pais passam mal, ou quando não absorvem alguns problemas. Sofro quando vejo pessoas queridas sofrendo pelos outros ou por si mesmas. Sofro pelos meus amigos, por todos os motivos que existem e façam eles sofrerem. Podem sentir dor pelo motivo mais besta do mundo, mas sofro por eles e com eles mesmo assim. E choro, sempre. É a única forma que tenho de deixar a dor escapar, mesmo que ninguém presencie este ato.

Se estou melhor? Apenas das dores físicas... essas foram anestesiadas. Para as outras dores... como havia dito em um dos textos atrás, " jamais encontrei um remédio que se compre. Um remédio fora de mim, que dependa de alguém além de mim."

Escrito no PS esperando o soro acabar...

Leca - 13/09/11


Sabe aquele dia em que acontecem tantas coisas que te afetam, que você acorda no dia seguinte e precisa refazer passo a passo tudo que aconteceu? Meses passam por minha inóspita vida e acontece uma coisinha aqui, outra acolá. Com as pessoas que me rodeiam é diferente, todo dia é uma aventura, independente se as experiências foram boas ou não.

Mas fui me acostumando a essa vida, vida essa necessária por causa de uma doença. Uma doença que ainda não havia me permitido dividir com o restante do mundo. Uma doença que, durante anos, vem gerando em mim outras doenças. Felizmente, por causa dos meus valores e crenças, minha alma continua sã. Continua sã e em alerta, para que o corpo não padeça nada além que o necessário. Para que a mente não se desvie apenas para esse foco. Para que meu coração ainda encontre motivos para dar pulos de alegria e amar.

Sobre a doença? Ah, essa eu tiro de letra! Consigo dialogar e acalmá-la rapidamente. O que é tão difícil então? A dor... essa danada que consegue se entranhar no corpo e atravessa ele todo até chegar na alma. E a dor da alma é a mais forte, pois jamais encontrei um remédio que se compre. Um remédio fora de mim, que dependa de alguém além de mim.

Já me acostumei a essa dependência de mim mesma para ficar bem e sei que é a melhor opção. Depender de outras pessoas pode gerar mais dor e tudo fica extremamente insuportável. E então começo a ter questionamentos, já que minha mente vive a voar e refletir.

Questiono se um dia, caso a dor me deixe, conseguirei viver sem ela. Voltar a ter uma vida onde não haja mais a dor para impedir que eu tome minhas decisões e seguir por onde eu quiser. Nem sei se ainda saberei como fazer isso...

E, caso a dor não me deixe, conseguirei viver sem sofrimento? O que me restou além da dor? Ela já me tirou tudo: amigos, trabalho, profissão, diversão, saídas, carro, almoços e jantares, festas, confraternizações. Por dentro ainda resisto, mantenho a esperança e a alegria, mesmo que em alguns dias ela seja aparente. Não faz mal. Só não quero sofrer, mas sei que a vida não passa receitas.

Continuo a viver, dia após dia, caminhando a passos curtos mas certeiros. Quero continuar a viver. Quero ainda ver um mundo com pessoas crescendo e aprendendo a amar, aprendendo a sentir, a se permitirem sentir. Esse mundo que anda tão vazio de sentimentos. Sim, não quero apenas sobre-viver, quero viver!

Leca Castro - 08/09/11
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