Aqueles momentos em que os carinhos acontecem e os corpos se atraem cada vez mais, provocam arrepios e tornam-se inesquecíveis a qualquer um. Instantes esses que se embaraçam as vidas e, juntamente com as pernas, há um desenrolar de desejos enrustidos e tenebrosos. Mas hoje necessito de algo mais, ou algo além. Preciso do encantamento das palavras ditas e, por que não, das frases escritas com a alma… Possuo carências que se assemelham a buracos em mim que clamam por serem preenchidos: cada gesto que não recebi, cada anseio não saciado, e cada palavra que não ouvi. São as faltas. Por isso agora sou atraída por palavras que, mesmo sendo vãs, soam como verdadeiras no calor da verbalização. Meu fascínio aumenta por criaturas que bebem mel para pronunciar sentimentos, aquele mel que atrai abelhas e formigas, sem distinção. E não é por pouco que caio, me esborracho após uma queda grandiosa. Hoje só encontro mais buracos, mais falta de sinceridade pronunciada através de inverdades. E os prazeres momentâneas vão sendo insuficientes e a carência por palavras verdadeiras vão aumentando. Um ciclo onde a tendência é o aumento de ambos os júbilos, onde um não consegue mais saciar o outro. Uma sucessão sem fim.
Leca Castro - 14/07/12
Leca Castro - 14/07/12
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