08/09/2012


Como falamos através da arte das palavras e dos traços, trago a tiracolo uma crônica que poderia facilmente ser desenhada pelas suas mãos talentosas para falar-lhe da lua. Ou continuar a viagem que inauguramos despretensiosamente ao despertar. E retomo a noite, mesmo com o astro solar a pino, e consigo chegar a esse lado lunar sombrio e oculto, que há muito evito mas sou perseguida pelo seu encantamento, pelo seu mistério e pelo medo. Sim, o medo gera repulsa mas atrai o interesse de quem realmente gosta de aventurar-se. E descobrir-se. Eu, assim como você, seguimos adiante pois trazemos junto ao peito um lampião cujo combustível, um óleo espesso e asqueroso, torna-se praticamente inesgotável. A cada mergulho nos abismos de nós mesmos voltamos encharcados desse líquido viscoso e às vezes fétido, quando afundamos em nossa área empodrecida e nem sempre esquecida. A luz então torna-se fácil, consequência até. Assim, não há o que temer nas andanças e o lado negro da lua torna-se prazeroso e estranhamente claro e descoberto para nós, carregadores de lampiões no peito.
Tome aqui esse presente, amigo andarilho… mastigue as palavras e transforme-as em traços lindos e também escurecidos do nosso viver. Aceite o convite e despoje das armaduras pesadas do dia. Arme-se para a busca do combustível. Seja minha companhia.
“There is no dark side of the moon really. Matter of fact it’s all dark.” (Pink Floyd)


Leca Castro - 05/07/12


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