08/09/2012


Meus olhos sempre estarão voltados para o chão.
Quando converso com alguém que realmente me interessa, raramente desvio meu olhar dos olhos da pessoa. Não haveria necessidade do diálogo ser pessoalmente se assim não fosse. Observo os gestos, as manias, os desvios de olhares, o local para onde os pés apontam, as mãos inquietas, porque realmente o corpo fala.
Quando saio de casa e, por algum motivo, paro na calçada, olho para cima e examino o que vejo. Algumas vezes miro o alto de um edifício, ou o vôo de uma pomba, ou a forma como o céu se apresenta, ou copas de árvores bem altas. Às vezes fico tão concentrada que não vejo o sinal de pedestres abrir, ou não reparo nos inúmeros táxis vazios que se passaram.
Quando começo a ver um filme ou ler um livro que me transporta a experiências que (não) tive, meus olhos continuam se dirigindo à tela ou às páginas, mas minha alma já não se encontra ali. Vagueio pelo universo em que fui transportada e até começo a interagir nessa outra dimensão em minha mente. Meus olhos estão fixados mas o que enxergo, só a alma consegue ver.
Mas quando encontro-me só, sem um livro, uma tela ou um céu, meus olhos sempre estarão voltados para o chão. É o momento em que não quero que me descubram, que não saibam quando estou triste, que não quero ser vista. Abro um sorriso, aperto uma mão, afundo em um abraço, converso animadamente. Mas estarei olhando para o mesmo chão. Não adoto essa postura lúgubre nem a tenho como opção, mas nesse momento, apenas sou alguém triste que aceita a tristeza como companheira fiel e bem quista. Raro eu assumir isso mas o momento é-me propício. Estou triste e cabisbaixa. E meus olhos estão voltados para o chão…





Leca Castro - 15/07/12






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