08/09/2012

Os olhos pesam como se estivessem carregando a dor de um corpo inteiro. E doem como se absorvessem toda essa dor da forma mais intensa que se pode imaginar. A boca amarga parecendo que todo o fel brotou do estômago e procura uma saída cheio de ânsia e dissabor. O vômito permeia a garganta, mas não consegue sair. Os ombros envergam com vontade de irem ao chão, tamanha violência das mutilações que recebem dos chicotes alheios e da própria vida que possui mãos carrascas. As entranhas se contorcem entre si, no desejo insandecido de se libertarem desse mundo apertado de mesmices e rotinas cheias de apertos. As genitais não reclamam de nada, apenas se contraem quando lembram dos amores vividos e que se foram, as oportunidades que não voltam e as que jamais existirão, pelo calor que o frio apagou. Os pés protestam por serem tratados como inferiores e por outros não vislumbrarem seu poder de equilíbrio e tolerância. Quer se ver livre desse fardo, dessa máquina em forma de corpo que só faz trabalhar e leva-los ao desgaste. E basta um tropeço dolorido para que tudo se remexa e mude de rumo. É quando os olhos se esquecem do peso da dor deles e choram…

Leca Castro - 17/06/12


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