07/09/2012

A gente luta com as armas que tem. Esse chavão, conhecido de todos, sempre me pareceu fraco, incompleto. Posso ter armas mas não significa que sei como lutar com elas. Já viram como é lindo um duelo de espadas? A agilidade, a percepção, a astúcia, a determinação, a concentração, o treino. De nada adianta ter a espada se não se sabe duelar. Só serviria para ficar embainhada. Então seria mais certo afirmar que a gente luta quando conhece as armas que tem, não? Pois eu conheço muito bem a adaga que trago comigo, que de branca só tem o nome. Ela é escura, assim como escuros foram os seus ataques a quem me representou perigo. Ela é afiada e posso garantir que já feriu e cortou corações desavisados e que se entregaram sem desconfiança. Ela é silenciosa e consegue apunhalar pelas costas muito antes do agredido se dar conta de que sua retaguardada foi burlada. Ela é agressiva a ponto de atacar e matar em um único golpe. Mortal. E a mão que a controla tem a índole má desde a época em que também foi agredida dessa forma. Primeiro, um golpe no abdomen. Como se fosse pouco, com a arma ainda no ventre, o agressor a fez girar um pouco, muito pouco, mas o bastante para romper veias e causar um estrago irreparável por dentro. E não satisfeito, apunhalou uma vez mais na altura do coração, e dessa fez foi fatal. O golpe foi tão certeiro que ainda sangra sempre que tocado por mãos desavisadas e inescrupulosas. As cicatrizes deixadas irão sempre trazer a história de um duelo de um só, de uma luta não combatida. De uma covardia que resultou em novo conflito com o passar do tempo. E em mais outro. E em vários outros após anos de dor não cicatrizada e que ainda sangra. Essa adaga eu carrego e encaro uma luta com ela se preciso for. Não sei mais baixar a guarda.

Leca Castro - 07/06/12


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