07/09/2012

Descobri que antes eu tinha uma dor pequena e reclamava bastante dela. Pensava que só os atos feriam de forma arrasadora. Mal sabia que outras coisas também machucam e de maneira tão contundente. A palavra, por exemplo, é neutra, o que fere é a forma como é empregada, qual a emoção que ela carrega e qual ela desperta. E fere fundo em alguns momentos, tão fundo que sangra através de lágrimas que jorram com facilidade, avermelhando a dor que vem do coração. E continuamos a falar, falar, falar, e dizer muito pouco. Por outro lado, bem oposto, tem o silêncio. Em algumas vezes realmente vale ouro, mas em outras provoca uma dor que dilacera por dentro, deixando que a dúvida arrase e saia carregando toda a calma e serenidade que existiam. E ficamos aflitos e ansiosos e não deciframos o código da mudez. E após sentir dores tão grandes e deixar que passem por mim, alma já desgastada e sem brilho, olho pro espelho das minhas experiências e vejo alguém remendada, costurada, com cicatrizes rasas e estufadas. Mas não me evito, nem me acho feia ou disforme, apenas alguém com história pra contar em cada traço que for visível a quem souber enxergar.

Leca Castro - 25/05/12


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