07/09/2012


Olho praquela moça e vejo traços de solidão. Alguém que viveu toda uma vida sem ter com quem realmente se dividir. Pessoas que a rodeiam nem imaginam o quão solitária é sua existência, presa em uma redoma de medo, evitando que qualquer ser a perceba. Sente-se solitária porque acha que seus problemas não são compreendidos, mas sempre são julgados. Nem os mais novos, nem os mais velhos, nem os da sua idade, ninguém realmente sabe a dor de se ter uma dor e carregá-la pra cima e pra baixo, pra fora e pra dentro. Qual dor dói mais? 
Essa moça tem rugas ao redor dos olhos. Uma vez disseram que são as marcas por sorrir tanto. Sim, ela sorri muito. Mas não são seus sorrisos que marcaram seu rosto, foi o seu choro. Ela sempre sorriu bastante, mas seus choros foram intensos, foram chorados com força, sempre que se encontrava só. Queria realmente arrancar a dor de dentro e apertava os olhos na esperança de que assim conseguirira espremer cada gota que a encharcava. Hoje ela raramente sorri. Antes ela queria que todos fossem felizes e sorria para mostrar que isso era bom. Hoje ela cansou de fingir, cansou de mostrar o que nunca sentiu, cansou de chorar para dentro. E quando viram que seu riso se foi, as pessoas se afastaram. Aquele rosto sério não chamava atenção, muito menos contagiava. Hoje ela vive sozinha de todos e até de si mesma. Deita em sua cama, vê todos ao seu redor procurando sorrisos. Mas ela apenas conta as rugas e as rega todas as noites. 





Leca Castro - 06/06/12






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